sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Valley Of The Dolls KLAXXON

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Flashdance1983DVDrip VG

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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

QUANDO FICAMOS VELHOS.

 
Há, criado pela sociedade dos homens a separação pela idade em que vivemos, assim sendo, bebê, criança, adolescente, adulto.  E quando nos tornamos adultos seguimos para, maduros, idade do lobo (as) e inexoravelmente, a terceira idade que quer dizer em tradução da gentil frase, velho. E então começa o drama do ser humano, velho, onde tudo começa a terminar, lembranças começam a se apagar, atos começam a deteriorar, mudar, transformar, capacidades começam a diminuir, falhar, e então somente quem está lá, dependendo de como o cérebro está, poderá avaliar o que vale, valeu ou valerá esta triste existência humana de tão poucos anos se considerado pelo infinito.  É onde se começa a pensar e é necessário julgar para poder continuar, velho,  mas sendo feliz.
Quando velhos se com cabeça boa, começamos a achar a vida uma porcaria, algo que está sem data para terminar e sempre sentindo que pode ser agora, daqui a pouco, amanhã, no mês que vem, ou ano, e sabe-se lá quando vai terminar. E então, se com cabeça boa, acho chegada à hora de nos libertarmos dos grilhões impostos ao longo de toda a existência, o tal do pode e não pode, é bonito ou feio, digno ou indigno, certo ou errado.  Dali pra frente valerá o que acharmos ser o certo porque atrás de nós sempre prevalecerão as condenações.
 Há os velhos que reclamam da vida, das pessoas, dos parentes, amigos, netos, filhos, todos que nos abandonam, esquecem, ou evitam, há os que não se conformam e isso é ruim. Mas se ele parar para pensar que quando novo foi igual isso suaviza. Mas também há os que aceitam em uma boa, conseguem sobrepujar essa agonia e continuar seguindo, deixando de lado julgamentos e críticas, aturando desentendimentos e incompreensões, mas esses felizes velhos vivos são muito pouco.
 A verdade é que coisa velha, sempre ao longo da nossa vida sempre as jogamos fora, guardamos ao desuso, seguramos como lembrança apenas do que foi e não é mais. Foram roupas, calçados, objetos vários, foram amigos, parentes, vizinhos e correlativos, todos deixados para trás ao bel prazer de nossa concepção do válido para continuar. E isso foi por toda a vida.
Quando novos, achávamos o velho uma coisa sem valor, fora da importância, descartável, mas agora enquanto velhos ou mais envelhecendo a cada segundo, minuto, hora, dia, mês e anos, começamos achar que somos desprezados, abandonados, deixados para depois, esquecidos de que isso fizemos com tudo e com todos ao longo da mesma vida que os novos hoje vivem para envelhecer depois.
 A velhice é triste, é fato, mas é seguimento da vida e então que seja lúcida, devendo ser improvisada sem queixas, com abnegação, suporte e aceitação para melhor ser vivida e aproveitada. Que os novos fiquem lá com seus valores, que nós os velhos fiquemos cá com nossas lembranças, nostalgias, saudades, vida limitada, bronquites, tosse, peidos, catarros, cheiros, mas a nossa vida, vida real, ainda pungente mesmo se amarelada, capaz de ainda nos dar prazer se nos sentirmos jovens. Vida capaz ainda de nos deixar ver e entender que somos aquilo que não prestava mais e jogamos fora no passado, aquilo que não interessa mais a outros, mas muito a nós mesmos, ao que somos pelo que fomos, ao que seremos pela alegria de continuar vivendo mesmo assim.  Lá se foram os anéis, mas ficaram os dedos, se foram os que amamos, mas ficou esse amor, se foi o sonho, mas ficou a realização de muitos, mesmo que hoje com mais nada.  Lá se vão os anos, mas continuamos sendo nós aqui e agora, velhos sim, mas inteligentes para assim ser e ainda poder ensinar. 
Nada de cantar “Tristeza, não tem fim”, mas sim mostrar aos velhos de amanhã o exemplo do que é saber viver, envelhecer e ser um velho, e este sou eu, que fui novo, que sou velho agora e que enquanto vivo espero ser até morrer.

 Por Curvello




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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

FIOFÓ DO CALIXTO



                            

Alguém de vocês já foi convidado pra comer um “Fiofó do Calixto?”  Não?  Pois então, se for um dia, não recusa que é pra lá de bom. O nome é estranho, feio, produz certo asco, mas quando for provar, vai lamber beiços e dedos.

Eu estava em casa sem programa de domingo quando o telefone tocou e uma voz amiga me disse.

--- Topas comer hoje um “Fiofó do Calixto?”.

Pensei logo em sacanagem, não sou chegado a nenhum fiofó e comecei a rir, mas aí a voz insistiu.

--- Então cara... Vai aceitar ou não comer o “Fiofó do Calixto?”.

 Eu não tinha programa e nem estava querendo comer fiofó algum, mas, curioso, topei.

Bem... Chegamos na casa do “Fiofó”, mesas arrumadas, sós pratos, talheres flores e guardanapos, nada de “fiofó” a vista a não ser os dos convidados ali presente e saibam que tinha de todo tamanho: Grande, caído, magrinho, seco, arrebitado e murcho, coisa do tipo com e sem gordura.  Comecei a rir para mim mesmo. Mas e o tal Calixto a ser sacrificado, onde estava, quem seria?

“Vai ficar ruim”, eu pensei, mas não vou comer fiofó algum nesta casa”.

Então chegou a hora da comilança e vi todo mundo, animado, lambendo beiço antes do tal fiofó ser posto na mesa para onde fomos todos convidados. Já prevendo uma baita sacanagem imaginei penalizado.

--- Será que vão comer o fiofó do Calixto aí em cima?

 E o tal fiofó entrou, lindo, magistral, cheirando como ninguém. E vinha dividido em tamanho e cor, cheiro e... Acompanhamentos.  Gente! Eu juro que nunca vi um “fiofó” tão bonito, nunca vi tanto camarão junto e tão bem tratado num fogão.
Tinha camarão com casca gigante, frito no alho,  médio descascado ensopado com quiabo, com chuchu, com macarrão fidelinho, tinha do tipo à baiana, tipo bobó, tinha camarão lixo frito na manteiga, camarão em empada, camarão em coquetel, enfim camarão de todas as formas e eram tantos que nem o arroz branco vimos chegar, todos de olho no Fiofó do Calixto.
 Queridos, confesso que comi o fiofó do Calixto com o maior prazer do mundo, comi até fartar, estourei a boca do balão, me entupi de comer e lambi beiços e dedos como todo mundo ali, me amaldiçoando por ser tão discriminativo antes de saber que a camarãozada a que foi dada desse nome, pertencia a nosso retardado anfitrião, o  Calixto.



 Texto por Curvello

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A MULHER E O HOMEM

                               

        Muita mulher pensa que para atrair um homem basta seu corpo, seus encantos e seu olhar. Mas como homem posso dizer, não é somente isso. Uma mulher precisa primeiramente ser limpa, asseada e cheirosa, ou vai decepcionar na companhia e na cama. Precisa ser inteligente, mulher burra cansa e envergonha. Precisa saber conquistar o macho não somente com a fenda, os seios, as mãos, a boca ou outros artifícios muito usados por prostitutas, isso vai lhe diminuir perante o homem e ao seu tesão porque homem algum com uma prostituta é mais que máquina trabalhando. A mulher fêmea de verdade deve estar pronta a todo tipo de surpresa, da mais libidinosa, a mais pudica, e reagir de acordo com seu parceiro para incentivá-lo. Mulher alguma jamais vai saber o que é ser homem porque é mulher, o outra metade esperando para formar um todo.
        A mulher solteira tem direito a ser todo tipo de mulher, usar sua fantasia em busca do prazer carnal, mas a casada deve saber que antes de mulher na cama, é a companheira, a metade escolhida, a que cuida e que se preocupa, que acarinha e faz sentir orgulho, não sustento apenas. Na cama ela deve agir como fêmea, subjugada a direção do parceiro e não o dirigir, como muitas gostam e alguns homens consentem.  Nem todo homem gosta de mulher avançada nesta hora. Mulher alguma se quer ser aquela mulher, deve deixar marido ir pra cozinha, lavar, passar, ir as compras, isso estraga casamento.
        O sexo de um casal de amantes deve ser gostoso, leve, vazio de preocupações a não ser dar carinho e gozar, mas nunca solicitado, exigido, ou vira obrigação e homem algum se sente bem sendo subjugado, só tarados.
         Por causa de não saber a diferença entre elas, muitas estragam o casamento e culpam o homem, isso porque ele esfria com ela sem ela entender o porque da frieza. De fato ser mulher companheira, morando debaixo do mesmo teto é ser aquela que cuida do lar, do marido, de tudo que ele paga para ambos terem, da companhia que ele lhe dá esperando o mesmo dela e não uma obrigação com quem se juntou ou casou.
         Agora o mais importante: Uma vez aceitado o homem, seja ele mais ou menos esse homem que ela quis, caberá a ela fazer dele o homem que ela quer, procurando entender esse homem nos mínimos detalhes e nunca lhe exigir que se molde aos dela porque nada vai conseguir a não ser se enganar. Essa é a mulher que todo homem espera ter e poucos conseguem e são felizes. A maioria é aquilo que se vê, se escuta e se depara, queixa de todo lado, separação, esfriamento, infidelidade, tudo que não vingou porque ela não soube ser mulher.
        Quanto a ter um homem de fato e inteiro, homem piroca corpo e membro, homem com H grande, junto com ela, vai depender da opção sexual dele e dela (o hoje conhecido e muito escondido, bissexualismo), se houver esta situação, então ela que não espere ter o homem que sonhou porque nem ele nem ela vão corresponder em tudo na relação e algo principal vai faltar, o desejo que faz do homem o macho e da mulher a fêmea e somente o resto existirá.  Cabe a ela saber escolher. Eu conheço muitos casais que são assim e parecem ser felizes (mas serão mesmo?), outros tentam e enganam nessa felicidade e outros ainda, vivem desesperados pelo erro que cometem.

Nota: Sendo homem e não sendo mulher, posso apenas citar que homem de verdade é aquele que entende uma mulher, lhe cuida e provém do que precisa, faz suas vontades, sabe entender seus momentos de TPM, regras, enfim é o responsável pelo lar, mas não por cuidar dele jamais. Sendo homem nada posso dizer do que consideram ser homem elas que escrevam, vai ser bom comparar.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

TEREZA DOS BOTEQUINS:


 

Ela se chama Tereza, mas não a da praia como a do conhecida melodia romântica, mas simplesmente Tereza, a que freqüenta os botecos desse bairro do nada chamado Várzea das Moças, distrito de São Gonçalo, RJ.

Tereza foi casada 23 anos com um homem pobre, que vivia de biscate e nada lhe deu a mais do que obrigação de cozinhar, lavar, passar, abrir as pernas para ele sempre fedendo a cachaça, e como ela conta, muita porrada.  Mas ela lhe deu três filhos homens, três rapazes que nada prestam como se esperava de um pai que gostava de caçar na mata próxima e acabou morrendo ali sozinho no meio do mato após matar um gambá. O que se esperar daqueles com uma mãe tão permissiva?

Um dos rapazes briga até se pisarem na sombra dele e vive dando entrada em pronto socorros, o outro e bebe até cair, se deixa abusar quando desmaiado de bêbado, pintarem sua cara com batom, e até já puseram sobe ela um formigueiro de formigas lava pés, aquelas danadinhas carnívoras de jardim. O terceiro e do meio adora umas cafungadas nos banheiros dos botecos e vive cercado de traficantes.

Tereza mora longe do centro do bairro do nada, mas que tem comércio, mas ela  tem que caminhar a pé mais de quarenta minutos para ir e voltar da e casa porque lá não passa além de água quando chove na rua de terra batida.  Sua casa é pobre, a que o marido deixou sem ela saber se é dela porque é de posse e sem papeis, mas Tereza vive lá, se entoca por lá toda a semana de segunda a sexta quando à noite vem pro centro e se perde em botequins tomando cerveja de carona, que ela mesmo serve da garrafa alheia sem pedir  ao dono e só aparece em casa na segunda outra vez. Na farra dos botecos ela aceita mãos no rabo, nas coxas, apertos e amassos, e diz que só por amizade porque transar só quando em vez e com alguém escolhido, o que se duvida que consiga sendo quem é e como é, uma mulher de 1.59 de altura, branca, cara mais velha do que os 53 anos que tem, cabelos maltratados, veste-se como pode em sua pobreza, e que nem sabe botar uma maquiagem quando se atreve, parecendo mais um mata borrão. Tereza que não é a da praia, mas é a dos botequins.

Mas quem quer Tereza?

Tereza não pode trabalhar, o cigarro e a cerveja enfraqueceram seu coração e adeus ao ser faxineira. Hoje cata latas vazias para vender, comprar comida e sonhar em um dia sobrar pra comprar um celular, uma sofredora que sofre rindo, se queixa, mas ri de sua própria sorte.

 Outro dia no bar assisti uma cena tragicômica envolvendo Tereza. Um dos filhos, o mais velho, o que bebe de cair, estava lá vendo as sua mãe na diversão no meio de peões bêbados e abusados, que tristeza de se ver.  Logo e como não podia deixar de acontecer, o filho provocou briga, levou porrada na cara, caiu no chão, foi chutado sem piedade, e ela, só olhou, pediu ao agressor pra parar. E depois o botou pra casa, mas ficou. Tereza, para quem um copo de cerveja vale mais que a aflição de mãe, carinho, defesa da cria, Tereza dos botequins.

Este é um drama verdadeiro da periferia, de Niterói e daqui onde vivo, que acontece e me deixa pensar porque depois de ter tido tanto sucesso na vida Deus me fez vir parar, aqui e ver tanta tristeza.

 

Por Jorge Curvello

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

DEUS... QUEM É VOCÊ?



E ele era ateu, não acreditava em um criador da natureza, dos homens e de todas as coisas do mundo em que ele vivia, sempre resistindo a ensinamentos ou renegando a fé que a dizia sentir só para consigo mesmo. Consta em um ensinamento secreto perdido entre as raças que ele vivia, mesmo descrente, mas desconfiado, querendo saber quem era esse deus que todos adoravam e ele não, que todos acreditavam, mas ele não, que diziam ser o pai de tudo e de todas as coisas, mas que o dele não porque o dele ele conheceu e se chamava José. E assim sentindo ele perguntava:

---- Deus... Quem é você que todos temem, respeitam, idolatram e ensinam da existência? Quem é você e onde existe ou se esconde que ninguém, a que eu saiba, jamais viu a face?

E tanto ele perguntava que um dia, algo como seu próprio pensamento pareceu lhe responder, usava a sua voz, o mesmo jeito de falar, era criado em sua mente como se uma resposta que ele jamais se daria, mas estava ali dizendo.

--- Eu sou a borboleta que voa e vem pousar em teu ombro. Nunca tiveste uma? Eu sou a água que bebes e te alimenta, o pão que comes, o vinho que gostas, o sol que te ilumina, a chuva que te molha, o frio que te incomoda. Eu sou o ar que respiras e sem ele não vives, e sou as plantas que te dão esse ar, os animais que te rodeiam, os pássaros que para ti cantam, as cores que enfeitam teus jardins, as flores, a luz que te ilumina os caminhos. Sou também tudo o que o homem cria, inventa, trabalha, destrói e constrói.  Eu sou tudo isso e sou mais ainda. Eu sou você porque somente existo em você, se você me crê.

E então ele parou e ficou olhando tudo ao redor, depois olhou para si mesmo, por fora onde à pele cobria sua imagem, depois procurar olhar para dentro procurando ver o seu coração e ele estava vazio. Então ele sentiu falta de alguma coisa, algo que lhe desse uma razão para a vida, a existência, o acreditar, e olhando para um espelho, ele viu nele, refletido,Deus.

 


Por Jorge Curvello

sábado, 17 de agosto de 2013

HOJE É DIA DE ROCK. (The beguining)



 
Anos sessenta, os anos da rebelião dos jovens no Brasil. Anos de rebeldia, revolta, audácia e desprendimento das regras da família em nome de regras própria e definitivas que iniciaram uma época sem fim, “Se você está contente com o establishing (estabelecimento), então viva nele que eu estou de malas prontas”, essa era a regra, essa era a lei para deixar um e entrar em outro mundo, outra era. E a partir do grito de guerra na voz de cantores de protesto como Bill Harley, Elvis Presley, Brenda Lee, Little Richard e tantos outros, milhares de jovens saíram às ruas para protestar sua liberdade contida, amarrada a regras envelhecidas que não cabiam mais no mundo novo que surgia, o mundo da liberdade total, da conquista do espaço, da expulsão de velhos e rançosos costumes.

Em fogueiras de ações foram queimadas frases arcaicas como: Homem não usa cabelo comprido, não veste roupa colorida, não usa sapato de lona, não abusa da namorada, não trepa antes de casar, só com puta, não canta, não chora, não rebola, e outras proibições idiotas tiradas não se sabe de que cabeça maluca.

E para elas: Sua virgindade é seu passaporte para o casamento, moça não usa saia curta, não fuma, não bebe em público, não ri alto, não namora mais que um ao mesmo tempo, não trepa antes de casar, não volta tarde para casa, não sai sozinha, tem que guardar a virgindade, não fala palavrão, não isso, não aquilo, e não, e... Nãaaoooooo enche porra!

E o grito de guerra estava dado, solto, repetido na boca dos lúdicos, dos que jogavam com a sorte para vencer, E venceram, derrubaram conceitos, moral, regras, se firmaram independentes mesmo sofrendo eternas represálias e discriminações. Hoje é dia de Rock.

Lúdico como os demais eu me descobri, primeiro ouvindo aquele programa de todas as noites dirigido por Jair de Talmaturgo e sob locução de Izaack Zaltman na extinta rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro. Uma hora de rock´n roll seguido, novidade, embalo para ouvidos e corpo que dançava sem se mover ainda parado pela vergonha, mas depois embalado na coragem indo assistir nos sábados quando então era aberto a uma gama de jovens inscritos, selecionados pela inscrição e nome, se apresentando no palco como artistas natos, dublando vozes que na eram suas, coreografando ao bel prazer de sua mente fértil as canções do reboliço. Ah as inesquecíveis tardes de duas horas que começavam bem antes, ainda ao meio dia do lado de fora da rádio trocando idéias e audácias.

Iniciante comprei minha jaqueta na loja mais cara do bairro, azul brilhante com punhos e cinta sanfonada, vesti sobre a camisa de listras azuis sobre fundo branco, para dentro da calça de jeans surrado, de marca, desgastado nas pernas com água sanitária para parecer mais velho ainda, calcei os proibidos sapatos de lona com cordéis, um cinto largo com fivela de metal polido segurando, os cabelos deixados à vontade, despenteados, na boca uma goma de mascar e no bolso um maço de cigarros sem filtro, moda da época.

E lá fui eu, lá estava eu todos os sábados, o lúdico se transformando no jogo da vida, o jogo do amanhã que nem o governo pode segurar. E no meio de moças que não era mais virgem, de rapazes que não eram mais pudicos, gente nova, gente viva, gente alegre, arruaceira e desafiadora, brigona e de língua solta e livre, eu me formei em novo, em um rebelde sem causa onde a causa era ser apenas, rebelde, mais um símbolo de um Brasil que deixou na sua juventude de ser escravo dos padrões. Hoje é dia de Rock, e a vida continua.

Por Jorge Curvello

 

(Continua na próxima semana)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

FELIZ SONHO IRREALIZADO


 

 

Por toda uma vida tentando eu agora me sentia realizado, ovacionado por grandes astros e estrelas do mundo artístico, gente que sempre invejei poder alcançar o mesmo patamar da fama. E ali estavam todos, escondidos em coxias me observando, Fernanda Montenegro, Natalia Timber, Irene Ravache, e muitos outros, todos reis do estrelato contratados para trabalhar naquela nova versão de uma peça famosa, e com eles, eu.

Por toda uma vida sonhei ser ator, ser famoso, ter o nome reconhecido em grandes letras em um cartaz, fosse do teatro, do cinema ou da televisão. Por toda uma vida esperei em vão esse dia chegar, atuando onde me davam pequeninas chances que me prometiam ser maior depois, mas que continuavam sempre, sendo pequeninas. Mas sem desanimar eu prosseguia.

Ali vestido com aquela humilde roupa não distante de quem comigo faria uma cena em dois, eu ansiava enquanto temia o grande momento de entrar em cena, me posicionar no palco seguindo as marcas, temendo esquecer minhas falas ou engasgar as dizendo, inseguro dentro da insegurança de tantas vezes, fracassado. Mas ali estava eu, sendo parte de um elenco grandioso tendo meu nome  no cartaz adiante do deles escrito com letras sumidas, talvez único na história do teatro em uma reprise com inclusões do diretor, e uma delas, era o meu papel.

Mas é claro que eu merecia estar ali, passei nos testes, fiz tudo como eles queriam, e agora iría, pela primeira vez em anos, atuar junto a um dos maiores ícones do teatro brasileiro, o grande Paulo Autran.

 E lá estava ele engalanado em seu manto de rei, com aquela coroa brilhando na cabeça e aquela fisionomia tranqüila dos que sabem que vai agradar, levantar hurras e aplausos, bravos e outros elogios dirigidos aos que merecem e agradam a massa.  E fora da visão da platéia silenciosa estava eu, em meu modesto traje de serviçal, esperando a hora de minha entrada em cena.

 As minhas costas rostos conhecidos e famosos me olhavam intrigados, não me conheciam mesmo eu já estando várias vezes perto deles ou junto com eles em outras produções, então um simples ator medíocre em um papel mais ainda. E no palco Paulo dá a deixa e eu entro, com pouco a falar e muita convicção, mas pouca certeza, com muito a esperar e pouco anseio, um perfeito incógnita de mim mesmo.

 Parado no centro do palco o Paulo aguarda, me vê e sua fisionomia atuando é uma enquanto os olhos esperam tudo de mim porque sempre foi um professor. Eu entro e me posiciono, e como nunca em toda a minha vida, falo:

 

--- Meu senhor, eu trago o seu destino em minhas mãos.

 

 E entrego a ele um papiro enrolado que ele não lê, olha apenas para mim e seus olhos agora, o do homem, parecem me sorrir, depois me dá as costa e me deixa ali, plantado com meio braço ainda estendido como se segurasse o papiro, ainda.

 E então os aplausos estouram, na platéia e nos bastidores, aplausos que duram além dos minutos esperados e concedidos para não atrasar o espetáculo.  E então eu saio, refugio-me no escuro da coxia com olhos umedecidos, recebendo condecorações de todo a lado por falar tão pouco, mas interpretar como nunca, com toda a minha alma aquele tão diminuto papel.

Alguém eu acho que Fernanda, sussurra bem junto a meu ouvido.

--- “Bravos rapaz” Nunca vi tanto sentimento em um ator.

 

E então eu acordo ainda ouvindo os aplausos, os hurras, os bravos, mil vozes em coro, vozes que aos poucos se apagam desaparecendo de meus ouvidos... Ou da minha mente?

E então me levanto sabendo que foi apenas um sonho, sonho que nunca realizei em quarenta anos de tentativas, quarenta anos tentando algo que já não quero mais, que perdeu a graça, à vaidade da fama, o sentimento de estar em um baluarte, diante de câmeras ou cenários, sentimento que a idade avançada me levou.

 E eu abro a janela e vejo o sol, pombas rolas namorando em uma árvore, vejo nuvens correndo no céu como corri atrás do que nunca consegui, o sucesso,  sinto o perfume das flores no ar, e olho para mim sem a roupa da peça, sem mais o texto, sem mais nada que me leve a sonhar outra vez. E então vejo que assim mesmo fui e serei um ator, porque se no palco não brilhei jamais, aqui no palco da vida fui e continuo sendo um ator, bom para alguns, mau para outros, interpretando diversos papeis nunca repetidos, sem direito a aplausos, mas o meu próprio manto de rei, o Rei Lear que em sonho me levou ao estrelato mesmo sem eu merecer.
 
 
Dispensa assinatura.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

VOVÓ BINDA

 
 

Ninguém sabia ao certo a idade dela, mas devia estar beirando o centenário. Binda era um nome que todos  conheciam em Igaci, pequena cidade a cerca de 15 Kms de Palmeira dos Índios, agreste de Alagoas. Alguns diziam que ela havia sido mulher da vida, quenga de prostíbulo, mas ninguém sabia ao certo. Porém o certo era como Binda era querida, por todos da cidade ou arredores que a conheciam ou não,  e principalmente, extraordinariamente, também pelos animais.

Ela vivia em uma tapera sem conforto ou segurança, no serrado brabo, sua água vinha de um rio onde gente e bichos se banhavam, sua comida, ninguém sabia o que era, mas sentiam um cheiro bom a cada vez que a fumaça subia da cabana saindo pelo teto de sapê.  Binda gostava de tomar banho nua no rio bem cedo pela manhã, quando ainda todos dormiam e o sol começava a despontar, fizesse frio ou calor, e alguns moleques que acordavam cedo escondidos dos pais para espiar, diziam que ela cantava enquanto brincava com a água e seus amiguinhos, peixes e animais aquáticos do rio.

Havia quem contava que não raro espiando de longe  via Binda rodeada de micos, pássaros, macacos e borboletas, sentada no terreiro em uma cadeira de balanço, os micos e macacos lhe catando piolho nos cabelos brancos presos para trás, mas que ninguém se aproximasse dela porque o bichos fugiam. Outros mais atrevidos, contavam que ao espiar nas frestas do casebre em noites quentes, a via sentada na cama conversando com sapos, aranhas peludas e cobras, todos animais predadores um do outro sem ali se fazerem mal, nem para ela, nem entre si.

Binda tinha um montepio deixado por um filho que ninguém conheceu e com ele era que comprava a comida pra viver, mas não amiúde, gastando pouco consigo para mandar o resto para alguém mais precisado, qualquer um.  Um coração de ouro o de Binda.

Mas um dia Binda não foi ao rio, não fez fumaça na casa e o barulho de todos os cachorros da cidade foi infernal. Foi então que alguém gritou. --- A Binda morreu!

 

 E no enterro de Binda, não faltou gente de todo lado, vindo de carro ou até lombo de burro, e até o prefeito mandou buscar o corpo para o cemitério em carro de bombeiro.

Junto à sepultura cavada no chão os fieis admiradores de Binda choravam, lamentavam, todos querendo dar o ultimo adeus e não eram somente eles porque nas árvores a volta coalhada de passarinhos, macacos e micos havia outra algazarra na hora de baixar o corpo à sepultura. Os únicos bichos ali em silêncio eram as mil borboletas de todos os tamanhos e cores, volteando sobre o caixão.

E assim se foi para sempre Binda, a do coração de ouro, amiga dos homens e dos bichos, e cinco anos depois quando foram desenterrar seus ossos para queimar, não encontraram nada dentro do caixão fechado a cadeado.

 Alguns dizem que Binda evaporou, seguiu no ar como a essência da bondade dos homens perdida que os bichos levaram pra nunca mais encarnar.

 

De Jorge Curvello

Coisas do sertão

 

domingo, 9 de junho de 2013

HOMEM... DESGRAÇA DA NATUREZA


Porque os animais podem agüentar fome, do e sofrimento sem se queixar e homens não? Porque na natureza pródiga, o homem é o único que não vê, ou se vê, acha pouco? Porque de todos os seres vivos sobre o planeta o homem é o único que o destrói? E porque foi dado a ele, somente a ele o poder de raciocinar e então decidir o que é certo ou errado bom ou mal, a revelia mesmo quando se junta para votações? Porque o homem existe e tem que existir na natureza? São perguntas sem respostas certas porque quem o criou nunca lhe vai dizer.
Mas está provado que o homem veio para destruir enquanto pensa construir, que o homem veio para errar enquanto pensa acertar, que o homem veio para matar enquanto prega a vida, se apoderar do q     eu é de todos e não somente dele, decidir a sorte dos inferiores quando a dele desconhece, julgar-se soberano onde não alcança o poder total ou jamais alcançará, enfim, veio para errar ao contraio dos bichos que errando sempre acertam.
Se todos os seres do mundo menos ele pode seguir uma regra, um destino imutável de geração para geração, porque o homem isso não aceita e modifica a cada ciclo? Não fosse ele e o mundo ainda seria virgem, ainda seria belo, ainda seria completamente saudável e mais bonito, não fosse o homem à desgraça jamais imperaria, o ódio não existiria, o amor seria verdadeiro, a dor suportável e entendida, o a seria mais puro, assim como a água, o verde seria mais constante e até as nuvens no céu seriam menos cinzentas.
E h o homem diz para o homem que ele é a imagem do criador, que é seu protegido, que é sua obra, e se acreditando nele perguntamos então dos tantos porquês que sua existência cria enquanto à dos demais seres viventes da terra somente acontecem sem criar porquês sem explicações.
Um vegetal germina, cresce, floresce e morre seja o ciclo completado em dias, meses, anos ou séculos, um animal nasce, cresce e enquanto vive repete sempre mesmos costumes, já o homem seguindo tudo isso assim que cresce se transforma e espanta a inocência, desapega do medo, do amor verdadeiro e puro, avança no desafio, sonha com um futuro que se progressivo e melhor o será somente para ele e enquanto existir porque seu legado logo será mutável de acordo com novas gerações.  O homem separa, o homem exclui, o homem domina, enfim o homem só pode ser a desgraça da natureza.

Por Jorge Curvello

A RELIGIÃO E O HOMEM




A RELIGIÃO E O HOMEM

Religião é preciso, é uma forma de se obter a conquista, o bem estar, o realizável, a cura e tantos outros sentimentos, tudo através de uma coisa chamada fé.  Ao longo da existência humana ela já significou suplício, tortura, sacrifício, imposição e benevolências, de livre arbítrio ou não, a julgar pela mente humana.
 Alguns como eu aprenderam ao longo da vida a ver a religião como um bem necessário que depois de feita a escolha deve ser cultuado e respeitado, mas jamais fanatizado. Outros se entregam de corpo e alma, obedecem a pregadores, temem o que não é para ser temido, mas antes respeitado, com alguns chegando às raias da loucura através do fanatismo enquanto outros se sentindo na dedicação devida tentam a outros catequizar, chegando até a ponto da discriminação e desconsideração. Vejamos exemplos:
No catolicismo, a palavra do sacerdote pode virar lei se acreditada como emissário divino, e então o homem irá seguir conforme manda uma cartilha que aprendeu como sendo seu direcional, a bíblia sagrada. Porém existe ali também a palavra do homem antes que a do Cristo mesmo assim tentando se traduzir, o homem pecador por natureza, incapaz de pureza absoluta porque pensa e decide, a favor ou contra, daquilo que se lhe mostram. E muitos se perdem em carolas, se acham protegidos pelo Deus que acreditam porque seguiram a risca o que o homem falou, mas fracassam na fé absoluta quando não completamente atendidos e então se revoltam. E no catolicismo, a título de ajuda à igreja existe o óbulo, aquele dinheirinho caçado em sacolinhas a cada missa.
No Evangelismo é a vez de um pastor ensinar a sua ovelha o que Cristo deseja que ele seja, faça, ou pense, bem semelhante ao catolicismo e um tanto o quanto mais exigente porque o perdão tão apregoado para seus semelhantes, parece existir figurativo. Para a maioria dos evangélicos quem não segue a cartilha é pecador, é diferente, merece ser discriminado e evitado, antes do que ajudado, nunca dado ao direito do livre arbítrio de escolher como quer ser mesmo se evangélico se sinta, nunca aceito para ser ajudado se nega a obedecer à palavra do homem, o pastor.
No espiritismo ocorre em semelhança ao evangelismo, somente com a diferença de que ali muito do considerado pecado no evangelho, é perdoado e o que vai mandar é a submissão, o medo do ser punido, o medo da ira de quem justo está ali para proteger, ou assim é apregoado. Ali a dádiva obrigatória por algumas vezes sai bem mais cara porque, uma vez ingressado logo é-se catequizado para obrigações com santos e exus que pesam no bolso.
E ainda existem outras mais, religiões diferentes, todas se dizendo levando a um só Criador, seja com diferentes nomes, mas todas elas submetendo o praticante a um catecismo que pode até chegar a ser uma lavagem cerebral. E em cada uma delas o grande culpado disso tudo é quem crê e não quem apregoa.
Eu nasci no catolicismo por parte de minha família, fiz tudo o que a igreja pedia para ter esse direito de assim ser, mas com o avançar dos anos e diversos questionamentos, acabei onde estou hoje, um católico que fez de um oratório particular a sua igreja, que somente vai a uma igreja quando lhe apetece, que não admite a missa com o sermão, que não credita na palavra do homem intercedendo para a do meu Deus, que é o dele e se fala para ele pode falar direto para mim tmaabém se assim eu acredito, que não me obriga a nada e me deixa escolher, sabendo, pois aceitar meus castigos que eu a mim mesmo imponho por desobedecer às leis divinas. Rezo, acredito, temo, respeito, como todos os mortais, porém sem neura ou submissão total.
A religião pode mudar as pessoas para melhor, ou pior também, e isso vai depender da pessoa e nunca do Deus que ela crê, jamais virá por seguir ou não Seus desígnios, mas sim pela vaidade do ser em se acreditar único, merecedor e dono da verdade. Tem católico que rejeita outros religiosos por eles não pertencerem a sua falange, tem evangélico que rejeita até pai, mãe e irmão se ele foge ao que manda a sua Bíblia, tem espírita que desdenha dos que como ele não se dobram aos medos e respeitos e com ele antipatiza, e sabe-se se lá nas demais o que pensam ou julgam seus adeptos, o que me leva a pensar que a religião a mais do que enobrece, estraga o homem.
Porém como diz a filosofia, religião, não se discute.

J. M Curvello

segunda-feira, 22 de abril de 2013

PAUL DE RATO


.Não é o que se pensa ao se ouvir o nome, mas sim nome regional dado a bebidas misturadas, qualquer uma, que ele, a figura especial desse meu bairro do nada, adotou para si e para todos porque de seu nome esquece assim como não guarda o de ninguém e para ele, e ele mesmo, todos são pau de rato.
Ele é uma figura incrível, um cérebro na empresa onde trabalhava e continua anos a fio mesmo sem ir trabalhar, nunca aposentado, nunca encostado no INSS, mas conservado de molho em casa porque é cérebro, tem cérebro e graças ao cérebro dele o dono partiu de duas carroças de burro, para uma frota de caminhões de carga operando com base pelo Brasil afora.
Casado com uma mulher, não transa mais com ela nem ninguém masturba-se, como diz, e vivem entre tapas e beijos, mas sem largarem-se. Adora um pau de rato, paga para si e para todos, estoura dinheiro sem pensar porque como diz, para ele o bem estar do alheio o conforta. 
Pau de rato é bonito, mas não se cuida, anda de qualquer jeito e é desnudo de toda a vaidade pessoal. Pau de rato é conhecido por muitos, aqui, fora daqui, sabe-se lá até onde, com poucos sabendo seu nome de batismo, Rodolfo, tem cultura que nunca usa, despreza para ser igual à maioria onde vive.
Vive perambulando todos os dias na rua, bebe o que quer desde que seja pau de rato, por vezes isso é o seu café da manhã, almoço, janta e ceia.
Aos vinte e três anos de idade teve um câncer iniciado em um dos escrotos que amputou, depois um pedaço do intestino grosso, depois um pedaço do pulmão, e jurado pela medicina de poucos dias de vida hoje, meio inteiro e aos cinqüenta e três anos de desafio, perambula sorrindo e vivendo, descrente de muita coisa, mas nunca do bom coração. Famoso Pau de rato.
Gosta de dormir a hora que quer, se de dia ou de noite, não importa, como quando quer e nunca como deve, não gosta de trair a mulher e sexo para ele, como diz, só com muita emoção, nunca fácil e animalesco. Enfim, driblou a morte até hoje e nunca se importa com ela, ou no dia que finalmente virá. Este é o Pau de Rato.

Seu lema:
              “Sou qual barco à vela, vou com o vento e machuca-me ruídos de motores, não tenho rédeas" porque não sou cavalo nem burro e grilhões para mim, só os que minha natureza dita ““.

Por Jorge Curvello, para um verdadeiro amigo.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Hoje dia 12 de abril do ano 2013 e eu completo setenta e dois anos de vida, vida que eu vivi igual à de todos ou diferente se a julgar por minha pessoa, irreverente, desafiadora, prepotente, incrédula em maus agouros, superstições tolas, malefícios, achando tudo parte da existência porque se pelo que passei, passo ou passarei já estava escrito e o negócio é jogo de cintura.
São setenta e dois anos bem vividos, desde minha infância livre e de pé no chão, provando terra, ar e água sem medo porque tudo tinha que ser desafiado e experimentado. São setenta e dois anos onde, ao longo desse tempo, fui amigo, inimigo, debochado, sóbrio, iludido e iludindo, escutando mentiras e mentindo, batendo e apanhando, anos onde passei por poucas e boas sorrindo ou chorando, onde conquistei e fui conquistado, onde sofrimento e dor tinham sabor de vitória pelo mal e bem vencidos, onde tudo e todos foram somente parte dessa vida louca que nos ensina a assim ser em suas diversas nuances, falsidade e verdade, sabores e venenos, vida, somente vida e nada mais.
Andei trilhando caminhos que me diziam sem voltas, mas fui e voltei para provar que nada os demais sabiam da vida além do que eu sei, fui tachado disso e daquilo e caguei e andei para as opiniões inválidas diante de uma vida que Deus me deu para ser somente minha. Conquistei corações e dei o meu a conquistas, fui sádico, masoquista, mentiroso, verdadeiro, belo sendo sem modéstia e feio sem me importar, viril e brochado, diferente quando igual, fui, sou e continuo sendo e serei gente enquanto vivo estiver porque, na ciranda da vida, somos todos feitos de carne, osso, sangue, defeitos e virtudes.
Fiz amigos, perdi amigos e amizades, guardei alguns e outros só fingiram assim ser e se foram, sou pobre por fora e rico por dentro, tenho tudo sem nada ter, existo.
Em anos de fúria passei incólume nas recessões e revoltas populares, nunca envolvido porque era dos que gostam de pegar sobras, vi gente nascer, morrer, invalidar, mas nunca me senti ameaçado por mal algum porque todos os que vieram e virão, fazem parte do meu destino e disso eu já sei.
Hoje eu amargo muitas dificuldades das quais sorrio aqui no meu pedaço e as quais eu somo somente experiência e orgulho de saber enfrentar e contornar, porque sou dos que acredita em anéis se indo, mas dedos ficando. Dos velhos tempos de trabalho guardo a lembrança do que valeu, no bom e no mal, guardo no coração amizades sinceras que fiz e me retribuem, lembranças dos que já se foram, mas assim o foram para mim enquanto neste plano e acho na minha vã ignorância do certo ou errado que sempre fui, sou e serei, que  e serei sempre feliz enquanto viver.
Não posso fazer festa além de me sentir por dentro em festa, não posso receber com bolos e bebidas, mas valem os votos que recebo por telefone ou no Facebook e este é meu maior presente, minha grande festa.
Que me perdoem pelo que fui e sou meus inimigos, e que me amem pelo que fui, sou e serei, meus amigos. E que todos, dos dois lados, me queiram sem inveja porque não sou mais do que uma cópias de todos, e que sou feliz
Hoje aos setenta e dois anos de idade bem vividas, tenho uma companheira, tenho meus bichos e todos os que existem no mundo, meus filhos, meus netos e parentes, tenho o verde dos vegetais com quem converso, tenho meu pedaço de terra mesmo que no lar envelhecido, tenho Deus no coração, e tenho meu tesouro vivo, que são TODOS VOCES.

Jorge Machado Curvello.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS DO DINHEIRO NA VIDA HUMANA


Diz o ditado que dinheiro não traz a felicidade, mas ajuda a comprar e esta é a parte mais verdadeira. Com ele sempre temos amigos à nossa volta, crédito para tudo (até oferecido ou mesmo impingido), possuímos o que desejamos em bem material, compramos status e reconhecimento para tudo. Porém mal se perde o poder aquisitivo e tudo se esfuma como por mágica, restando-nos apenas a desilusão de termos sido enganados.
Ele não tinha nada, cresceu sem nada ter, mas venceu e conseguiu mudar de lado, passando do precisado para o bem sucedido, morando então no andar superior, o dos bem favorecidos. Conseguiu um emprego que mesmo sem ser rico no banco gozou dos privilégios de milionários ou se diria até melhor do que eles porque podia ter tudo e de qualquer lugar do mundo, bastava querer. E foi então que sentiu o benefício que trás a vil moeda, sentiu se achegarem os amigos, fez novas amizades e de uma hora para outra, deixou de ser esquecido, para ser procurado.
 Sua carteira nunca se fechou para pagar contas suas e dos que o rodeavam, sua caneta trabalhou em talões de cheque em empréstimos e outras serventias ao necessitado e seu cartão de crédito de bom limite, nunca ficava guardado após uma rodada em mesa de bar, boate ou restaurante. Não era o rei, mas assim era respeitado.
Portas se abriam à sua passagem, gente se vergava em gentilezas mentirosas somente por lhe saber capaz de pagar, comprar ou ajudar enquanto outras sorriam para lhe mostrar falsas amizades.  Mas o mundo roda e a roda viva levou sua fortuna, seu status, seus créditos e com isso todos os amigos e parentes e ele hoje mendiga favores sem encontrar quem lhe confie créditos mesmo que os possa honrar e assim mesmo se consegue alguém vem acompanhado de cobranças e fiscalizações que tolhem a liberdade e avança na privacidade porque quem empresta, não doa e teme não ter de volta.  Amigos com o esses são raras exceções, mas existem.

Dinheiro não compra a felicidade, mas pode comprar, o que não se pode ou se pensa em ter e viver sem ele em um mundo onde ele se tornou primordial se tornou impossível desde os tempos da velha Bíblia Sagrada.. O mundo mede você pelo que você tem, mas não pelo que você vale.
 Poucos são os anéis que ficaram nos dedos murchos da mão chamada amizade em quem vida afora sempre pensou e se condoeu dos demais mesmo sem se deixar explorar e hoje ele, envelhecido e se sentindo sozinho com seus problemas, tenta aprender a dura lição que a vida ensina, sem revoltas ou temores, mas entendendo outro verdadeiro ditado que diz:: Quem dá o que tem, a pedir vem.

Por Jorge Curvello, uma dessas vítimas.

domingo, 7 de abril de 2013

MARIA DAS MERCÊS

 

O nome por si só dizia, aquela que vivia para ajudar, fazer benefícios, nem que isso viesse a lhe prejudicar. O nome de fato era Maria das dores, outro prejuízo para quem espera não sofrer vida afora, mas até então Maria era feliz.
Ela vivia em um apartamento confortável mesmo não sendo grande, em prédio de dois por andar no Andaraí. Era aquele apartamento dos sonhos, aquele que se luta para conseguir e se consegue, aquele que traz a paz e a felicidade por dentro e por fora e Maria era feliz, casada há dez anos com Jair, um homem trabalhador, desses que somente vive da casa para o trabalho e do trabalho para casa, não gostava de beber mais do que social, fumava pouco e sempre separado, um tipo de macho sarado, de boa altura e cabelos aloirados fugindo ao ruivo, pele clara em tipo de mulato misturado que disfarçava o sangue negro e quente correndo nas veias. E Jair tinha um amuleto de estimação, uma medalhinha sem cópias cunhada pelo pai e dada a ele para proteção, virilidade perene, e sorte com as mulheres. E Maria não tinha do que se queixar da atuação na cama, sempre viril, pronto a qualquer hora, com a coisa boa que entrava sem machucar porque como ela classificava, parecia borracha dura, mas maleavel. Enfim Maria estava com tudo e nunca prosa, simples, arrumando os cabelos quando tinha que sair, botando leve batom, um pouquinho de rouge perfumado (coisa antiquada), usando sempre vestidos de tecido leve, mas sem ser colado ao corpo, enfim uma mulher comum, ou quase.
Sua vidinha era acordar, passar o café para seu homem, verificar se a roupa dele de trabalho estava limpa e bem passada, dar beijinho à saída da porta na despedida diária e depois, barba, cabelo e bigode nas tarefas do lar. Pela tardinha meio exausta se sentava para ver o vale à pena ver de novo da plim plim , arranjar o jantar e tomar aquele banho para quando seu homem chegasse estar perfumada e limpa, uma esposa cuidadosa. Ah, e como Maria era feliz.
Um dia, no supermercado cruzou com Creuza, morena fogosa, de ancas balançantes e seios ajustados, anéis espalhados nos dedos com unhas feitas e pintadas de vermelho, brincos em argola sob mechas de cabelos tratados e negros, pulseiras nos pulsos, enfim uma morena do tipo cigana Esmeralda do filme Corcunda de Notre Dame, e para as invejosas, uma árvore de natal fora de estação.  Deu-se então aquele olhar, aquele sorriso rápido, aquele cumprimento educado e polido e ambas foram às compras, saindo quase juntas em dois caixas vizinhos para na rua que era a mesma do apartamento de Maria se dar então a descoberta que Creuza era a vizinha do lado, a única do pequeno corredor que desembocava no elevador do prédio de seis andares.  Nascia ali a amizade de porta colada.
Em um final de sábado monótono de subúrbio junto com Jair terminando de ver o Zorra Total, Maria falou despreocupada.

--- Amor... Amanhã teremos uma visita para almoçar. Convidei a nossa vizinha aí da porta ao lado, mulher direita, sossegada, caseira e que mora sozinha junto com um gato, pelo que ela me falou.

Jair fez que sim com a cabeça e continuou rindo do quadro alegre do programa, somente parando de rir quando o programa acabou, foram os dois para a cama e ele a cobriu com tudo, até seu peso, antes de pegar no sono sem roncar, um privilégio a mais do macho de Maria.

No dia seguinte, domingo de sol, por volta das onze horas da manhã a campainha da porta tocou e Jair, de pijama listrado sem nada por baixo, deixando ver o volume do cacho balançante, cabelos desarrumados como era de hábito, largou o jornal no sofá e se arrastou para abrir a porta, dando de cara com Creuza, a morena tipo Esmeralda do filme clássico, parando ali de boca aberta.  Encantados seus olhos não sabia se paravam nela em cabeça tronco e membros, com demora nas ancas e nos seios, ou se por praxe dizia “bom dia”, como vai, entra por favor.  Dos fundos da cozinha veio Maria das Mercês enxugando a mão com um pano de prato limpo, sorriso no rosto alegre e muita boa vontade para esbanjar.

--- Oiiii,..  Entra Creuza, mas não repara a bagunça.

Creuza entrou sorridente, olhou e procurou a bagunça na casa arrumada, menos pelo jornal de Jair solto desfolhado sobre um sofá, deu um passo à frente, cruzou beijinhos na face com Maria e depois, somente depois, estendeu a mão para Jair no singelo e devido “muito prazer”.

O almoço foi super divertido, galinha ao molho pardo, arroz, salada verde, vinho do bom e a cerveja de Jair que ilustrou a sala com o brilho dos dentes alvos em mais de mil sorrisos e afabilidades, um gentlemam divertido e servil que ajudava Maria nos serve serve e assuntos de mesa.  E depois foi aquela tarde maravilhosa.

Seis meses se passaram e daquele almoço para frente Creuza foi só, bom dia, boa tarde ou boa noite, dependia da hora em que Maria ou Jair cruzava com ela no prédio ou na rua, vizinhos que se respeitavam e nada mais.  Porém Jair já não era mais o mesmo para Maria, vivia se ausentando muito de casa, inventando mil desculpas nos atrasos para o jantar ou sempre mostrando vontade de nos finais de semana ficar em casa quando ela ia a missa ou ladainha da igreja, embora na cama, comparecesse sem máculas. Mas lhe faltava agora algo sempre presente em seu pescoço, à medalhinha cunhada dada pelo pai falecido que Jair disse que perdeu.
As diferenças do marido eram tantas que um dia Maria suspeitou, teve um sonho chato onde Jair lhe enganava, mentia e fazia sofrer, e a partir daí começou a cobrar mais do marido que sempre saia pela tangente deixando Maria com remorsos, lhe dizendo que era injusta com ele que sempre foi para ela como o Salve Jorge da novela das nove, justo o Tell sempre enrolado com mulheres, nunca herói, mas molenga e sempre levando as sobras.   Ele tanto fez que Maria acabou indo se confessar, comungar e de hóstia ainda colada ao céu da boca rezar pra santa de fé e prometer que jamais voltaria a desconfiar de Jair.
No prédio, Creuza continuava a mesma, pouco aparecendo no corredor, ou na porta do seu ap, pouco sendo vista no mercado, ou se quer no bairro, uma mulher a prova de todo respeito e pudica e foi para ela que Maria, ainda dentro de suas desconfianças traindo sua jura foi se queixar, escolhendo uma tarde sem sol durante um cafezinho sentada no macio e fofo sofá da sala da amiga para abrir seu coração de mágoas, até quando o café acabou no bule e Creuza se levantou para ir buscar mais na cozinha, deixando Maria procurando seu lencinho de seda porque seus olhos ardiam de lágrimas. Foi aí que ao procurar o lenço no sofá seus dedos tocaram algo frio, pequeno, de metal e ao puxar da dobra a coisa, deu com a medalhinha cunhada de Jair.
O choro secou nos olhos, o soluço empacou na garganta, à vontade de tomar café desapareceu e quando Creuza voltou trazendo o bule Maria já não estava ali, estava em casa caída em sua cama desfeita chorando um rio de angústia.
Quando Jair chegou, ela, de mansinho o recebeu, deixando ele a beijar na testa como sempre fazia, ir tomar seu banho cantarolando a velha canção de sempre, sair se enxugando respingando o chão encerado da sala e ir a procura do pijama no quarto, a peça estendida arrumada sobre a cama. E lá estava sobre ela a medalhinha cunhada limpa e reluzente do brilho dado por Maria, um recado que somente burro não entenderia e Jair pareceu o animal de quatro patas voltando com a medalha na mão para a sala, já vestido no tradicional pijama listrado, sorridente a exibindo.

.--- Você a encontrou querida? Onde é que estava?

Quanto cinismo, ela pensou. Então Maria mentiu, disse que achou no quarto embaixo da cama, levantou-se e foi servir o jantar. Mas no dia seguinte, uma terça feira, quando Jair telefonou dizendo que deveria chegar mais tarde para jantar ela não reclamou, mentiu que iría ver a mãe em Caxias e que ele tomase o tempo que precisasse fora, fez duas malas e as deixou escondidas na casa do zelador do prédio sob favor, indo depois ficar na tocaia longe dos olhos do marido.
Passava das vinte e duas horas quando Creuza de camisola vindo atender a campainha de sua porta não entendeu vendo uma mala deixada ali com um bilhete grudado que dizia.

--- Comeu da carne querida, agora roa o osso.

Ainda menos ao botar para dentro  a mala, abrir e ver ali toda a roupa de Jair que ainda nu deitado em sua cama a esperava para completar o sarau.

Mais tarde Jair ao entrar em sua casa também não entendeu a bagunça, a falta de tudo na cozinha, no banheiro,  no quarto, os móveis danificados, e surpreso com Maria ausente  abriu o bilhete preso na porta da geladeira vazia.

-- Fui amor, fica feliz com a sua medalhinha. Ela pelo menos você ainda tem.

No Andaraí ninguém mais soube do paradeiro de Maria das Mercês, mas há quem diga que em Caxias uma mulher viva bem com a mãe, estudou depois de velha e se formou, entrou para um partido político e foi eleita vereadora, passando a ganhar os tubos e ter quantos homens queria, todos sem medalinhas cunhadas. E que essa mulher se chamava Maria das Mercês.

Por Jorge Curvello

sábado, 23 de março de 2013

ACONTECEU NO RIO DE JANEIRO



João e Maria se conheceram em um forró, em meio a uma baderna de gente querendo aventuras e nada mais. Era mês quente, o céu estava estrelado... Mas quem olhava?  Ali o negócio era paquera, transa entre os carros estacionados ao redor, dança, rala coxa, enfim, diversão de quem adora o ritmo e a aglomeração.
Logo no primeiro dia não deu certo, ela parecia doida e ele não estava a fim de pequeninas, de grandes, de gordas ou magras, estava ali somente para acontecer e usar uma cenoura que metia entre as pernas protegida em vitafilme para deixar a mulherada louca no par de danças.  Mas o destino... Ah esse filho da puta.
João e Maria voltaram a se encontrar, aceitaram condições, passaram a saírem juntos e era assim que acontecia. Saiam de casa sorrindo, voltavam entre tapas e beijos, mas a cama, ah a cama, ou melhor, um colchão de campanha estendido em uma sala porque o quarto de dormir ainda era sagrado na lembrança da mulher de João falecida foi por algum tempo palco de luxúria, libidinagem, sacanagem e muito tesão e gozo.  Mas será que era um pelo outro ou apenas físicas e vazias reações?

Mas a vida continuou e eles ficaram, primeiro ficaram, depois se amasiaram, ela veio morar na casa dele e ele deixou quando o melhor seria ela ter a casa dela e ele a dele, e continuarem no furdúncio.  Em tempos atuais está mais do que provado que amantes ou casais até casados se dão melhor se cada um tem seu canto, mas...
E João e Maria estão juntos a mais de anos, até casaram com festa e tudo, mas... Formam mesmo um casal?  Sei não.
Ele é quase vinte anos mais velho do que ela está naquele estado do vai não vai e de próstata teimosa, ela é cheia de queixas de doenças, mas se faz exames, não mostra nada... Psicossomática?  Ele engordou um pouquinho, ela secou quase toda, é poço de nervos, mau humor, bipolaridade, enfim a coitada sofre com João e ele sofre com Maria.  Mas não se largam.
João não é homem mau, é responsável cumpre como pode na merda em que ficou, com todas as suas obrigações, mas é casmurro, brigão e não aceita violência sem revidar a altura. Mas não é capaz de bater em mulher nem com flores. Mas e aí, coitada da Maria.
Maria é do tipo que sofreu e se vinga, guarda rancores, não sabe perdoar quando pensa que faz isso, antes de João levou uma vida de merda, levou muita porrada de um companheiro, criou sozinha duas filhas que hoje nem dão bola pra ela.  Será a doença de Maria uma realidade, ou é a vida que leva que a faz doente?
Hoje os dois vivem mais ou menos assim. Ela dorme até a hora que quer, arruma a casa somente quando quer, não cuida do João coitado que tem que se virar como doméstica ou sucumbe esperando o que vai chegar tarde.  Ela ama bens materiais e  não bastasse isso ainda enfiou o coitado em espaço limitado, faz separações de bens móveis dentro de casa, exige isso e aquilo, persegue, vive inventando algo pra discutir, é desinteressada de bom viver e somente em uma coisa é super... Fidelidade, incapaz de trair.
 Ele vive fazendo o que gosta e o que quer, mesmo se não sai de casa e detesta alguém lha dando ordens ou se metendo na sua vida, e se aceita a Maria é porque pensa que para ele a vida hoje já não é mais como antes e coisas materiais já não importam tanto, enquanto para ela, que pouco teve... Mas se ela extrapola ou ele pensa que ela faz isso, o sangue ferve e ela se dá mal. Mas João se também é fiel, deve ser pelo dobrar do cabo da boa esperança que lhe assusta desde que ficou velho.
Enfim, João e Maria jamais se entendem, se entenderam um dia, ou irão se entender... Mas não desgrudam um do outro.

E com quem está a razão nesta vida louca, com ele, ou com ela?

Vá se meter quem não é chamado.