Não é por que me ferem que devo ferir, porque me magoam que devo magoar, porque me prejudicam que devo prejudicar, ou sequer regozijar com o mal alheio que jamais gostaria para mim próprio.
Políticos são sempre prejuízos que escolhemos e consentimos e tornam-se públicos instrumentos de ódios e revoltas. Na sanha de seus mandatos fazem (ou deixam a revelia) mal a muitos, prejudicam a muitos na babel de seus certos e errados e assim tem sido ao longo do tempo desde que alguém assumiu o poder ou ficou com poderes para decidir a sorte do mundo ou país em que vive. Mas eles nunca deixam de ser seres humanos, iguais a todos e como todos, possível de errar ou acertar.
Não faz muito tempo e Dilma, tornando-se amada e odiada por uma gama de brasileiros diagnosticou em si um câncer, doença maldita que surge ao que parece de nossa própria criação interior, ou seja suicídio celular sem remédio ou com poucas chances de modificar quando a orgânica vontade de morrer, não é tão decidida ou forte. Doença que não dá em poste e ataca qualquer um vivente sem avisar ou escolher vítima. E logo explodiram regozijos dos que a odeiam e penas dos que a estimam. Ela parece que escapou e continua aí, prejudicando e ajudando, vá se saber. Agora é a vez do Lula, atacado por um câncer na glote, e já se vê em todo lugar o regozijo dos inimigos e as penas (políticas, falsas ou verdadeiras) dos simpatizantes.
Comparar quem pode e tem, quem ganhou direitos por que nós mesmos ajudamos a ganhar na esperança de sermos ajudados, é lógico que não enfrentará jamais as dificuldades dos oprimidos e deixados para trás, portanto, fica sendo tola e banal a comparação. Sentir no peito o calor da recompensa dessa forma de vingança é baixo e fora dos princípios, mesmo que alguém nos pareça merecer. Não somos Deus e não devemos ao diabo nos igualar. O mais que devemos é pedir ao nosso Criador pelos que sofrem, sejam eles anjos ou demônios porque se cremos no filho de Deus, foi isso a que veio a esse mundo sujo e mal, para nos ensinar. Que a cada um de nós caiba a sorte ou o azar, a ventura ou a desgraça, a felicidade ou a tristeza independente de nossa vontade porque não somos perfeitos e nem sabemos se trocados de posição, o que seríamos. Vingança é apenas a confirmação da igualdade de sentimento com quem nos fere, nada mais. Não é preciso dar a outra face, mas apenas esquecer o mal que nos fazem e viver da felicidade de ser diferente, bom, honesto com o próximo e nós mesmos.
Que me desculpem os rancorosos, sofredores sem saber porque isso merecem sem saber ou consentir principalmente quando se igualam ao mundo cruel que se lhes apresenta os ambiciosos, fracos e volúveis que medem a felicidade pelo dinheiro que possue, possuiu, ou perdeu. Que me perdoem aqueles que enquanto puderam talvez jamais olharam para trás e apenas lamentou em frias e incertas palavras a sorte menor alheia, que só se deu conta da dor e do sofrimento, quando sofreu.
Lula foi (entre outros que também são, foram e serão ou seriam se em seu lugar), um homem que me prejudicou, tanto e igual a todos os 14.000 que trabalharam na Varig, não gosto do homem chamado Ignácio Lula da Silva, como não gosto de uma senhora chamada Dilma nossa presidenta, mas não chego a desejar para eles o mal do corpo, da família ou da dor física, apenas deixo valer que sofra sua consciência porque é ali que sua maldade se esconde. E não é com meus brados de vingança que o atingirei porque aquele é terreno que somente o dono pisa e conhece.
Decididamente não gosto desse prato que se come frio chamado vingança, não o comeria nem que fosse morno ou quente, porque em meu coração o rancor, o ódio e a vingança, são venenos mortais e do homem, cabe apenas a Deus julgar o destino e sorte.
Por Jorge Curvello