segunda-feira, 31 de outubro de 2011

SOBRE A VINGANÇA E O TAL PRATO QUE SE COME FRIO.

             Médico de Lula diz que agressividade do tumor 'é média' (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

        Não é por que me ferem que devo ferir, porque me magoam que devo magoar, porque me prejudicam que devo prejudicar, ou sequer regozijar com o mal alheio que jamais gostaria para mim próprio.
        Políticos são sempre prejuízos que escolhemos e consentimos e tornam-se públicos instrumentos de ódios e revoltas.  Na sanha de seus mandatos fazem (ou deixam a revelia) mal a muitos, prejudicam a muitos na babel de seus certos e errados e assim tem sido ao longo do tempo desde que alguém assumiu o poder ou ficou com poderes para decidir a sorte do mundo ou país em que vive. Mas eles nunca deixam de ser seres humanos, iguais a todos e como todos, possível de errar ou acertar.
        Não faz muito tempo e Dilma, tornando-se amada e odiada por uma gama de brasileiros diagnosticou em si um câncer, doença maldita que surge ao que parece de nossa própria criação interior, ou seja suicídio celular sem remédio ou com poucas chances de modificar quando a orgânica vontade de morrer, não é tão decidida ou forte. Doença que não dá em poste e ataca qualquer um vivente sem avisar ou escolher vítima. E logo explodiram regozijos dos que a odeiam e penas dos que a estimam. Ela parece que escapou e continua aí, prejudicando e ajudando, vá se saber. Agora é a vez do Lula, atacado por um câncer na glote, e já se vê em todo lugar o regozijo dos inimigos e as penas (políticas, falsas ou verdadeiras) dos simpatizantes.
        Comparar quem pode e tem, quem ganhou direitos por que nós mesmos ajudamos a ganhar na esperança de sermos ajudados, é lógico que não enfrentará jamais as dificuldades dos oprimidos e deixados para trás, portanto, fica sendo tola e banal a comparação. Sentir no peito o calor da recompensa dessa forma de vingança é baixo e fora dos princípios, mesmo que alguém nos pareça merecer. Não somos Deus e não devemos ao diabo nos igualar. O mais que devemos é pedir ao nosso Criador pelos que sofrem, sejam eles anjos ou demônios porque se cremos no filho de Deus, foi isso a que veio a esse mundo sujo e mal, para nos ensinar. Que a cada um de nós caiba a sorte ou o azar, a ventura ou a desgraça, a felicidade ou a tristeza independente de nossa vontade porque não somos perfeitos e nem sabemos se trocados de posição, o que seríamos. Vingança é apenas a confirmação da igualdade de sentimento com quem nos fere, nada mais. Não é preciso dar a outra face, mas apenas  esquecer o mal que nos fazem e viver da felicidade de ser diferente, bom, honesto com o próximo e nós mesmos.
        Que me desculpem os rancorosos, sofredores sem saber porque isso merecem sem saber ou consentir principalmente quando se igualam ao mundo cruel que se lhes apresenta os ambiciosos, fracos e volúveis que medem a felicidade pelo dinheiro que possue, possuiu, ou perdeu. Que me perdoem aqueles que enquanto puderam talvez jamais olharam para trás e apenas lamentou em frias e incertas palavras a sorte menor alheia, que só se deu conta da dor e do sofrimento, quando sofreu.
        Lula foi (entre outros que também são, foram e serão ou seriam se em seu lugar), um homem que me prejudicou, tanto  e igual a todos os 14.000 que trabalharam na Varig, não gosto do homem chamado Ignácio Lula da Silva, como  não gosto de uma senhora chamada Dilma nossa presidenta, mas não chego a desejar para eles o mal do corpo, da família ou da dor física, apenas deixo valer que sofra sua consciência porque é ali que sua maldade se esconde.  E não é com meus brados de vingança que o atingirei porque aquele é terreno que somente o dono pisa e conhece.
        Decididamente não gosto desse prato que se come frio chamado vingança, não o comeria nem que fosse morno ou quente, porque em meu coração o rancor, o ódio e a vingança, são venenos mortais e do homem, cabe apenas a Deus julgar o destino e sorte.

        Por Jorge Curvello

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SONHOS QUE O AÉRUS E A UNIÃO FEDERAL BRASILEIRA ME TIRARAM.


        Confesso que enquanto adolescente nunca pensei no futuro, vivi o presente intensamente com tudo que ele me dava, alegria de dançar, comer o que gostava, conversar, fazer novas amizades, sair para farras noturnas, namorar, transar e muito, trabalhar apenas para o sustento e gozar da vida livre sem lenço e sem documento. Não vivia preso a grandes ambições, não me imaginava no amanhã sendo prejudicado, massacrado por crises, pressionado por leis ou impossibilitado por ações de terceiros, involuntárias a minha permissão. Fui jovem como todo jovem, cabeça de vento, solto na vida e muito, mas muito feliz.
        Mas o tempo correu e a maturidade começando me apontou e eu, se vivo ainda, precisava garantir no futuro pelo menos o que gostava de ter, fazer e viver e então, ao me profissionalizar e conseguir e realização, comecei a cuidar desse amanhã. Foram longos anos de poupanças, cuidados, guardas, aprendizado do melhor, atenção a conselhos de mais velhos, enfim dando para receber e esse dando significava desconto de meu salário, polpudo na época que garantiria a meu ver uma aposentadoria satisfatória e digna de eu continuar sendo quem era. E para isso eu precisava de uma aposentadoria complementar visto que a do Governo seria, como tinha provas vivas, pequena demais.
        Assinei uma folha e vi de ali para diante meu salário reduzido por vezes quase à metade, enfiando dinheiro em cofre alheio confiante de um dia ele retornar redobrado, mas não foi isso que aconteceu. Vivendo em um país de ladrões disfarçados  e salvaguardados por lei, ao me aposentar, ficar velho e incapaz de retornar a luta, necessitado até por justiça e mérito de obter o que pretendi,  ao deixar de trabalhar me vi de uma hora para outra retornado ao meu começo, ou pior porque agora a vida já não era a de antes quando mesmo se pobre, podiamos ser alguém ou ter o básico.
        E lá se foram por água abaixo o que sonhei para esse futuro, uma vida tranqüila, uma vida saudável, viagens de repouso, aquisição de supérfluos para meu conforto, dinheiro no bolso para poder pagar, ajudar, comprar e comer do bom e do melhor, isso entre outros pequenos desejos surgidos com a terceira idade. Dos sonhos ficaram apenas a recordação que maltrata, que faz sofrer a cada acordar, sentir na pele o impossível e não ter mais tempo para começar de novo. Da realidade dos sonhos restou uma casa hipotecada em regime de justiça que se estende sem final e talvez por escritura jamais venha a ser minha enquanto vivo, ficou a possibilidade de cuidar da saúde sem plano, freqüentando morosos consultórios gratuitos do mesmo Governo que antes me prometeu felicidade, vendo escoar dia a dia minha vida e minha sorte, não tendo por algumas vezes e muitas, dinheiro dentro de uma carteira que cola suas partes por não ter nada dentro, ficou a vergonha do pedir emprestado lutando para pagar, a vergonha de comprar fiado lutando para não ser roubado e poder cumprir data combinada de pagamento, a saudade do tempo em que fui feliz, a revolta por haver desperdiçado melhores anos em troca da poupança do futuro que me roubaram, não me restou dos sonhos nada além da cruel lembrança que castiga porque acusa de eu ter sido otário, um credor do impossível quando somos governados por carrascos ladrões.
        O Aérus, o órgão de previdência complementar que confiei se disse lesado e parou de nos pagar, a Varig a empresa para a qual trabalhei e me meteu nessa enrascada foi sufocada pelo Governo e por seus diretores, apagou, morreu, deixou de valer a palavra com o Aérus e esse se vingou justo em nós, seus fundadores. E a União federal dita fiscal e obrigatória desse tipo de aposentadoria, se diz inocente e impossibilitada de nos assumir, de me assumir, de me trazer de volta os sonhos que morrem antes de mim me maltratando por irrealizações. Um triângulo do demônio armado, um triângulo de infelicidade existida, um triângulo de maldade planejado, Aérus, Varig, Governo, símbolos  de antes orgulho do meu país.
        Para não sucumbir no desespero  como tantos que até já se foram por desgosto ou vergonha, luto e me faço de forte, tento esquecer no pouco que tenho fazendo ser muito, tento ignorar a vida dos realizados e justiçados aceitando esta, a de apenas estar vivo e respirando, com boca ainda para sorrir. E como eu caminham milhões de brasileiros, e como eu caminham todos os que trabalhamos para a Varig porque mesmo os que ainda podem continuar, já não têm mais a confiança de sonhar. E me maldigo pelo dia em que acreditei que guardando teria futuro melhor porque talvez usando o que tinha,  hoje estaria cansado e satisfeito por ter feito tudo sem me podar, não teria a magoa de ver sonhos irrealizados porque estes que hoje choro nunca haveriam de ser sonhados.  A tristeza de uma terceira idade não está bem onde não se pode mais gozar, mas sim no que se acreditou sem poder, não por culpa pessoal, se realizar.  Não tenho mais orgulho de nada, nem de ser ou ter sido quem fui ou pela vida afora, um brasileiro.


 Por Jorge Curvello

E COMO VAMOS, NA CIDADE E NO MUNDO

                 


                                  Último reduto do ex- ditador é dominado (Reuters)


        Chega uma hora em que nossos olhos cansam de olhar para as notícias e nossa mente cansa de tentar entender o mecanismo da vida humana, do mundo e de tudo que o homem faz. No Brasil conturbado eternamente por miséria e fome disfarçado de remediado, a dita cidade maravilhosa do Rio de Janeiro de outrora virou palco de assaltos, roubos, profanação e violência, os estados abandonados por seus governadores sofrem com falta de reparos, cuidados, socorro e saneamentos, o Brasil inteiro ainda continua tendo povo miserável vivendo a mingua de favores, pedidos, fome, seca, inundações, e total abandono por quem se propôs em mentiras a cuidar dele, e de nós. Recentemente no Rio de Janeiro, ou melhor em Niterói, cidade do estado, uma simples propaganda anunciando preços baixos em um supermercado provocou uma avalanche de pessoas que tumultuou o trânsito local exigindo represálias do governo e fechamento das portas do supermercado, o que causou  indignação em uma turba de necessitados que mal pensou ver solucionado, e diga-se apenas por dias ou meses, o problema da fome  e ou da limpeza do lar, se via tolhido de conseguir justo por quem isso devia sempre prevenir. E porque isso aconteceu, a invasão de mãos pedindo atenção, gritos pedindo vaga, correria e pressa de encurtar no bolso já vazio o dinheiro que nunca dá para as necessidades básicas? Miséria, falta de poder aquisitivo que mal sente o cheiro de uma melhora ocorre com risco da própria saúde ou mesmo da vida. E não seria assim se fôssemos todos menos necessitados, dignos de receber um salário capaz de pelo menos, como outrora, nos deixar comer em paz.

        Se abrirmos um jornal o que vemos estampado em manchetes não são as nossas necessidades e sim as do alheio, as notícias péssimas se sucedem a cada dia mais mostrando que nem só os homens estão revoltados com esse nosso mundo, mas ele mesmo, também está contra si mesmo.

Kadhafi foi preso e está ferido, dizem chefes militares do novo governo líbio

Cinzas de vulcão chileno causam transtornos no sul do Brasil

Greve afeta principal terminal de cargas do país, diz sindicato

        E todos os dias isso nos é mostrado pela imprensa havida de vender notícias sem se importar em defender as causas, para  ela sendo melhor que aconteça porque senão não terá o que vender. Mas as verdadeiras notícias e correções que a imprensa deveria buscar seria a cobrança ao respeito ao ser humano, ao povo, as coisas do mundo estragadas e a falta de previdência contra inevitáveis catástrofes. Mas isso imprensa nenhuma faz (de verdade)ou jamais fará.

        Eu confesso-me cansado de ler, de ver, de escutar sobre o que vai pela minha cidade, o meu país e pelo mundo todo, sábio que estou pelo peso da idade de que tudo isso jamais teve, têm ou terá remédio, faz parte da agonia que temos que viver por pertencer ao mundo racional. E maldade ou desinteresse é tanto que até os velhos filmes, novelas ou séries, entretenimentos que antes eram fantasiosos no romance, na aventura e na comédia, hoje se transformaram em violentos suspenses sangrentos, batalhas de efeitos especiais explosivos, o burlesco tentando fazer rir com cenas de brutalidade ou idiotices vis. Até isso mudou, até o sonho agora tem que ser de sangue e agonia.  As melodias antes tão bem feitas e tocadas, hoje é barulho, gritos, palavras obscenas ou sem sentindo, valendo apenas o desejo de mostrar uma arte que longe do barroco é castigo aos ouvidos. Não há mais mãos dadas, mas sim corpos se  enlaçando, não há mais beijos de carinho, mas sim línguas se enroscando, não há mais juras de amor e no lugar delas surgiu à necessidade de mentir para conquistar.

        Nas religiões o antes sentido e tomado respeito ou temeridade virou necessidade de persuasão, o considerado pecado deixou de existir em nome do pagar para ver, não há mais padres, pastores ou pais de santo, e o que se vê são soldados a serviço da ganância do ganhar dinheiro ou impetrar opiniões.  O mundo hoje gira em torno de sexo, maldade, terror e mentiras, deixou de ser mundo para ser prisão. O homem hoje vive através do que pode conseguir para destruir e não mais para gozar a maravilha de Deus lhe deu, e toma de medo, angustia, sofrimento e desilusão.

        Se o Filho de Deus um dia nasceu na Terra para ensinar ao homem o ser homem e filho de Seu Pai, parece que não conseguiu esse propósito mesmo com tantos milênios de luta querendo nos fazer acreditar, Ele nasceu justo em lugar onde desde que se conhece existir os primeiros passos do homem foi de guerra, sangue e infâmias, as terras do Oriente Médio e sua mensagem espalhada pelo mundo alcança hoje em dia bem poucos corações e os poucos que alcança ainda duvidam porque tantas atrocidades fazem enfraquecer a fé do homem na bondade quando a maldade impera. Assim é como anda nossa cidade, nosso país, nosso mundo.

 

                       Khadafi é morto em ataque à terra natal, afirma novo governo (Philippe Desmazes/AFP/Getty Images)

Por Jorge Curvello

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

CINE IRIS RJ, DA GLÓRIA A LAMA.

                                    







        Nos anos cinquenta o cinema Íris situado na Rua da Carioca era uma novidade e centro de bons filmes e séries de matinée. Servidores freqüentavam matando o tempo entre um compromisso e outro e madames se emocionavam até às lágrimas com filmes românticos e heróis sedutores, sendo que se fizesse muito calor ele abria todo o teto durante à tarde para refrescar e durante noites estreladas, era comum abrir para fazer mais encantador e romântico o cinema. Nas matinées de quinta a domingo Flash Gordon, Jim das selvas e outros seriados encantavam o público e o fazia retornar na próxima semana enquanto à noite, lacrimogêneos, faroestes e dramas pesados faziam a platéia fungar ou suspirar de emoção. Essa era a frequência daqueles anos. O cinema tinha uma portaria bonita, lanterninhas, gerente, bombonier e ingresso barato, porém a fina flor da sociedade carioca e do subúrbio ali se divertia tanto no salão maior como nos mezaninos laterais que eram considerados camarotes.
        Nos anos sessenta a coisa mudava para o descalábrio da entrada de filmes espaguete italiano, filme classe B, já não passava mais minisséries, sendo que a frequência era mista de homens e mulheres querendo de verdade ver um filme, ou apenas homens solitários pagando ingresso para apalpar genitálias ou ser apalpado, sem falar que no banheiro masculino a coisa fervia dentro dos reservados ou mesmo fora deles a vista de todos. As damas já não freqüentavam mais o cinema e as quase damas, ou iam acompanhadas ou então eram vítimas de confusões com mulher da vida.
        Nos anos setenta a orgia imperava, a preços módicos e sem qualquer fiscalização, os filmes rodavam apenas para encobrir o desejo masculino homossexual, michês e bichas se misturando a homens que quebram o galho com homem por não ter dinheiro para pagar mulher, esses, pobres peões, gente que transava em pleno salão ou no que outrora foi o luxo, o mezanino transformado em escuras masmorras de Sodoma. A Aids ainda não havia aparecido, as gonorréias, cancros e sífilis tinham cura por antibiótico e a camisinha nunca era incluída na relação que se realizava com parceiros de pé, um engatado no outro no meio de uma multidão de assistentes excitados se masturbando. Era de se ter pena de quem fizesse depois a limpeza do cinema, chão manchado de esperma e lixo de papeis sujos por toda parte. Os banheiros eram sem distinção de F ou M os pontos preferidos dos travestis começando a desabrochar na Terra Brasílis. Não havia polícia honesta, mas sim alguns achacadores quando em vez que frequentava ali, não havia mais lanterna e isqueiro era o que iluminava lugar vazio ou cena erótica. E assim os anos foram correndo até que descambou de vez aquela glória de cinema para apenas palco de shows de streap tease masculino e transexual, sexo explícito, filmes de baixa categoria gay, hetero, para alegria da fila do gargarejo porque os mezaninos passaram a ser lacrados. E assim continua aquele maravilhoso cinema que deteriorou como deteriorou todo o Rio de Janeiro em sua antes maravilhas, hoje cravejadas de lixo, poluição, pornografia e falta de moral, sobrando apenas alguns lugares públicos onde a decência ainda não acabou, o  que também ninguém pode afirmar porque em ambiente fechado banheiros não contam história e se ao ar livre, grades limitam a frequência e nada é mais tão seguro.
        O cinema Íris, como o Cine Marrocos e o São José eram tão chiques como o Odeon na Cinelândia, o Metro Passeio e o Cine Palácio ao lado e como eles também foram feitos para o lazer do povo, mas a cruel abertura trouxe a pornografia e a liberdade somadas ao desleixo e abandono dos proprietários ou locadores e os poucos cinemas existentes no centro do Rio de Janeiro hoje são casas de prostituição.

Por Jorge Curvello

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A VERGONHA ALHEIA


Neste dia 12 de outubro atingimos a incrível, inaceitável e injustificável marca de 5 anos e meio de um covarde e arbitrário calote em nossa aposentadoria. Mas, falar em perda de poupança e pensão é muito pouco, pois esses termos, por mais que se esforcem, não podem definir o que é passar a vida trabalhando, atento ao passar dos anos, poupando para um futuro um pouco menos incerto e descobri-lo comprometido pela irresponsabilidade de terceiros.
Aposentar-se de um emprego de muitos anos não significa retirar-se da vida. Ao contrário, poderiam ser os melhores da vida de um trabalhador se o trato fosse feito com gente séria. Contudo, da maneira como são tratados os aposentados nesse país, parece ser o sonho dourado de todos os governantes brasileiros, senão mesmo uma política de estado, ver o trabalhador ser extinto junto com seu emprego.
Não é incomum uma pessoa em situação como a nossa, remexer o passado e se perguntar com algum embaraço, se fez algo de errado. Com vergonha até, perguntar-se, se contribuiu para o seu sofrimento e o dos familiares. Mas não é preciso ir muito longe para descobrir que se há uma vergonha aí, ela não lhe pertence. É uma vergonha alheia, criada por mentes que não abrigam esse sentimento.
Desde o começo – antes e depois do fim da Varig – os fatos que contam são:
1) Um fundo de pensão privado foi criado para complementar as aposentadorias dos trabalhadores na aviação.
2) A estrutura jurídica do Aerus foi baseada em leis vigentes no país – e não comprada em uma banca de camelô.
3) Os funcionários das empresas pagaram religiosamente a sua parte no contrato.
Nada disto foi defendido, fiscalizado ou protegido pelo Estado como era sua obrigação. Daí, a trágica situação em que se encontram os aposentados do Aerus até este mês de outubro de 2011. Sem esquecer os demitidos e os familiares dos mais de 580 que faleceram se ver solução alguma.

Lotogipo de protesto dos funcionários aposentados pelo Aerus
Quando reclamamos nossa aposentadoria de volta, não damos a ninguém o direito de duvidar que seja legítima. Nós realmente pagamos parte de nossos salários segundo um modelo instituído dentro de perfeitos marcos legais.
Assim como uma mentira não vira verdade só por ser muito repetida, uma verdade não vira um delírio só porque sua repetição incomoda.
Eu também concordo com o ministro do STF quando ele fala de uma emenda que pode tornar a justiça não apenas mais ágil, mas… muito mais ágil. Concordar é uma coisa. Acreditar porém, é bem outra. Em que mundo vive essa gente que sempre, ao ser questionada, declara-se comprometida com os mais profundos interesses sociais, mas não consegue ou não se esforça para ir do discurso à prática?
Das autoridades aceitaria com prazer se, ao declararem suas boas intenções, estivessem sinceramente compreendendo que nós, ao falarmos do calote em nossa aposentadoria, estamos falando em termos muito reais, que nos faltam recursos para pagar um plano de saúde.
Em vez de declarações genéricas sobre princípios republicanos, geralmente desprezados no mundo real, preferia que um ministro, uma autoridade dessas, perguntasse como é que a gente faz pra viver. De que forma vivemos o problema de não poder ir ao dentista quando um dente dói. Quando e como compramos um par de óculos novos porque o nosso quebrou ou ficou defasado. Se temos acesso ao lazer e, se ele, como às demais pessoas, faz falta.
De minha parte quero deixar bem claro que não serei grato a nenhuma autoridade, pois ao virem com uma solução para o Aerus, depois de tantos anos sabendo o que essa demora acarretou, não vão pensar por certo naqueles aos quais ela não alcançou. Serei grato apenas a Deus e aos colegas que realmente se empenharam desde o começo para reparar um injustiça histórica. Às autoridades concederei apenas os cumprimentos por terem afinal enxergado a luz da razão.
A caminho do sexto Natal sem o nosso dinheiro, esperamos que essa luz ilumine essas autoridades dissipando as trevas da hipocrisia. E se mais este Natal for como os últimos cinco, quando passamos vergonha por não podermos estar como pessoas normais, vamos lembrar que é a vergonha dos outros que faltou se mostrar. A vergonha alheia

Desabafo verdadeiro de um comissário da Varig aposentado


José Carlos Bolognese,

domingo, 16 de outubro de 2011

ENFORCANDO-ME POR PRAZER






        Sempre ouvi a comparação de que casar é o mesmo que se enforcar e se considerar neste parâmetro vou me enforcar pela segunda vez e nas duas, por prazer.
        Quase me enforco cedo demais, ainda aos vinte e cinco anos e por uma mulher que amei loucamente dentro da forma alucinada de amar dos jovens, aquela primeira que é mais paixão do que amor de verdade. Roí a corda e escapei ao descobrir que não estava pronto para tal responsabilidade. Sempre gostei de ser sozinho e posso confessar ainda hoje que em nenhuma  ocasião dessa chamada forca fiz ou o farei por medo da solidão ou desejar companheira. Meu primeiro casamento aconteceu por enjoar de não ter maior compromisso com a vida do que dormir, acordar, trabalhar, me divertir e repetir tudo a cada dia. Um dia encontrei uma mulher, achei que poderia com ela deixar os velhos hábitos e costumes e meti a corda no pescoço, subi no cadafalso do altar e puxando o laço fui casado por vinte anos, e fui feliz, muito feliz. Não havia ali amor, paixão, desejo, ou qualquer sentimento maior que me ligasse a minha “carrasca” (coisa que ela nunca foi) do que à vontade de ser chefe de família, provar do compromisso, poder dar a alguém coisas que esse alguém nunca teve ou conseguiria sozinha, provar de ser chamado de marido, pai, chefe de família, e deu certo, mais do que certo e se voltei a tirar a tal corda do pescoço foi involuntário e Deus quem quis, levando minha mulher.
        Passei dois para três anos sozinho e livre como sempre fui, solto na vida, na pista, como hoje se fala, para o que desse e viesse sem cadafalsos ou cordas por perto. E lá estava eu novamente caminhando ao encontro da corda por vontade própria, sem sentir falta de companheira, acordar com alguém, ser dono de alguém, pertencer a alguém e tudo isso que dizem ser alicercere de casamento, e nem amor, o maior dos pilares. Uma nova “carrasca” se fez na pessoa de uma mulher, parou comigo, apostou em mim e comigo está a dez anos e doze dias nesse momento que dedilho este teclado.
        E novamente lá vou eu pra forca, botar a corda no pescoço e puxar o laço, fazendo isso por vontade própria e querendo, sem medo do amanhã ou dos contras na idade em que me encontro, setenta anos. Também, pelo que me informam os cartórios, ou puxo o laço agora ou jamais puxarei depois que completar setenta e um anos de vida porque ficarei impossibilitado pela idade. e lá vou eu na decisão do sim.
        Novamente não vejo no enlace a necessidade de uma companheira, mas como da outra desejo dar para essa que também merece, o que ainda posso dar e ela não pode ter, não sem mim ou sem homem melhor, quero fazer alguém feliz, dar segurança e isso me basta.
        Há que talvez dizer os filósofos que penso ser assim esse compromisso, mas que sempre existiu o amor por detrás, mas se assim foi ou é, então desconheço o que é sentimento de amor e este será diferente do amor que conheço pela vida, pelos bichos, pelos meus semelhantes bons, pelo planeta e suas coisas vivas.
        O certo é que vou me enforcar pela segunda vez e como da primeira, por prazer, puro prazer de sentir a corda no pescoço e isso me basta
        Curvello vai novamente se casar.


                                       

Por
Jorge Curvello















quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A GRANDE MENTIRA DO HINO NACIONAL

http://www.youtube.com/watch?v=10RHz7jpuhA

Antes símbolo dos que lutaram para conquistar o Brasil das mãos de estrangeiros e usurpadores, hoje o deboche do mesmo Brasil sendo aviltado, desmerecido, roubado pelos próprios brasileiros, seus filhos que se comprometeram a edificá-lo e fazer orgulho, perdidos no poder da cobiça, do descaso, e da pouca vergonha. De seus filhos o Brasil somente pode esperar funk, tráfico, crack, assaltos, toma lá e não da cá, roubo dos cofres nacionais, fome, miséria, desgraça, e pouca ventura tem o brasileiro ainda honesto vivendo no país. Hoje eleitos e donos da verdade os partidos roubam, mentem, enganam, desviam e nada lhes acontece porque afinal, nós o povo, somos todos BRASILEIROS.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BISSEXUAL, O HOMEM PERFEITO?

Existem em opção sexual três classificações para humanos a saber:
Heterossexual – Aquele que segue a norma ditada pela religião e sociedade, gosta do sexo oposto.
Homossexual, O desvirtuado, o que paga o preço por gosta do mesmo sexo.
Bissexual: Aquele ser dito incerto de seus desejos, gostando dos dois sexos para se relacionar sexualmente.
Polissexual ou que nome se daria? 
Uma classificação justa para aquele que é capaz sexualmente de se relacionar com tudo, animado ou inanimado
E todos são humanos e filhos do mesmo Deus que criou a humanidade e eu pergunto.. .Porque?        Porém, dos quatro, é o ser  bissexual, homem ou mulher, o que mais chama a atenção por poder viver duas existências em uma só, a gay e a hetero, tendo de um e de outro sentimentos, desejos e práticas. Porque então não o classificar de homem (ou mulher) perfeito(a)?        Porém é desse também o maior sofrimento, por se sentir incapaz de ser fiel a somente um dos desejos e se ver constantemente ameaçado por uma traição, mesmo que seja forte para resistir ou assim se tenha destinado a não mais cometer tal injustiça com o seu (sua) parceiro (ra), o que pouco acontece entre os afetados por desvario hormonal que o leva a ser assim. E serão os hormônios os culpados?  Entre os homens, mais do que com as mulheres, a pratica do sexo inicial é duvidosa, muitos heteros cometendo a ação bissexual até mesmo sem entender que comete. è o tempo de menino solto e fora de vigilâncias, é o tempo do serviço militar, é o tempo das influências dos colegas e amigos. E qual é o hetero que pode afirmar de cabeça erguida nunca haver cometido tal pecado, sé é que é pecado? Acho que uma minoria e em todos os pecadores machos, haverá aquela desculpa acompanhando sempre. A sedução acontece às vezes espontânea, pode vir àquela amizade forte com o amigo ou amiga que aproxima e abre intimidades para o toque em partes que uma vez tocadas reagem e leva a cabeça a criar fantasia que logo pode se transformar em realidade. Acontece influenciada pela visão que pode ser de um filme, de uma cena explicita, de qualquer coisa que excite a ponto do não tem tu, vai tu mesmo. E lá vem o chororó e nojo depois. E também pode acontecer porque latente e no fundo de um ser, o ser carrega o que a sociedade chama maldição, o homossexualismo que pode aflorar em qualquer idade e quanto mais for contido mais faz infeliz a quem o leva. Há velhos que depois de velhos abrem seus “armários” e descambam para o que desejaram (e não foram) a vida toda, há homens  que mesmo casados deixam suas mulheres para viver com outro homem e vice e versa, há jovens que descobrem a tempo seu engano e consertam se abrindo, e é pena quando abrem demais, ou seja ficam caricatas de si mesmo quando poderiam ser apenas normais. E se o homossexualismo em alguns anda acompanhado da semiloucura, esses viram bonecas desvairadas, querem ser o que jamais vão poder ser mesmo se transformando, e ficam aquilo que se vê e dá pena. Mas existem os transexuais que podem por levar duas naturezas orgânicas e órgãos em si, escolher com qual ficar,  e não os compare com os travestis atuais, que crescem peitos, mudam formas físicas e fala, e se tornam verdadeiros monstros mesmo que belos,  E assim gira a roda do inusitado mundo gay.       
Alguns afirmam existir o homossexualismo completado em algumas espécies de animais, outros confundem a natural ação dos cães de cheirar um ao outro e querer montar no outro como sendo homossexualismo quando é apenas uma forma de mostrar superioridade aonde o de baixo consente até onde deve e pode, reagindo depois como quem diz --- Queres se superior eu deixo, mas aviltar-me, jamais.        Nada há de errado em ser ou não ser, o errado está na cabeça de cada um até onde sua compreensão permite e a nenhum se dá o direito de brutalizar por isso, Hetero ou homo os homens são homens e as mulheres,  mulheres,  e devem ser respeitados.

        Por Aquino da Silva.

 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

ATORES OU MONSTROS? FINA ESTAMPA








        A palavra monstro antes entendida como algo abominável, feio,  atemorizante e mau, hoje possui conotação diferente servindo também para expressar o supremo de alguém no que faz ou o que é. Para tal classifico assim alguns atores hoje brilhando nas telenovelas da Globo, tais como Cássia Kiss, Cristiane Torlone, Marcelo Serrado e Lilia Cabral, destacando-se soberbos acima de outros que também deles se aproximam quando lhes entregam papéis condizentes. Não posso esquecer também, como comediantes em uma série as duas atrizes, Fernanda Torres e Andréa Beltrão, que dão um show nos personagens de Fátima e Suely, duas vendedoras de loja em Copacabana, mas moradoras de subúrbio com costumes de zona sul que se diferenciam dos demais colegas nas tramas em série de Tapas e Beijos como duas amigas enroladas com seus namorados que transmitem muito mais, transmitem naturalidade e perfeição de duas desmioladas. As duas assumem os papéis com tanta naturalidade que parecem estar brincando uma com a outra.
        Cássia Kiss, sempre excelente atriz se supera ao máximo e em todos os capítulos no personagem de uma mãe rústica da novela das seis que abandonada pelo marido ainda jovem e com um filho, cria este filho com esforços e é por ele humilhada, depois dando o perdão de mãe e enfrentando tudo que vem com coragem e abnegação e muita força. A falta de maquiagem,  as expressões, a interpretação do texto, tudo nela é grande, monstruosamente tocante e decididamente antes desse personagem ela jamais interpretou dessa forma papel algum.
        Cristiane Torlone, velha conhecida e bela atriz nos traz em Fina Estampa, novela global que vai ao ar as vinte e uma horas nos mostra uma quase esquizofrênica granfina, impiedosa e mandona, mas capaz de amar e sofrer como todo mundo e nas duas facetas desse personagem, a má e a humana, ela arrasa. Dignos dela são os apelidos dados pelo seu mordomo Clô, personagem de Marcelo Serrado, tais como Pitonisa do Nilo, Rainha Núbia, Esfinge faraônica e outros ligados a personagens da história citados como impiedosos e poderosos, assim  como também, belos. Cristiane passa de um para outro em segundos e suas expressões faciais comovem tanto quanto podem irritar, sem falar na tonalidade de voz adquirida e na pronúncia das palavras..
        Lilia Cabral é a rainha, ou monstro de interpretar na mesma telenovela, uma mãe criticada por um filho que era seu preferido, humilhada por ele e por Cristiane Torlone,  uma mulher sem vaidade que se metamorfoseia de homem por força da profissão adotada se autodenominando de Pereirão. Grizelda, seu nome de batismo, é quase um homem sem ser, que usa macacão e faz serviços masculinos, que sabe ser mãe como ninguém e sofre por isso. As expressões faciais dessa atriz e sua forma de interpretar os textos nos levam a tirar o chapéu de tão presos a ela e emocionados que ficamos a cada impasse
        Marcelo serrado, pela primeira vez, assim eu acho, é visto interpretando um homossexual que completa com um visual trabalhado e uma perfeição incrível a bicha servil que agrada enquanto esnoba a gregos e troianos somente para viver momentos de um mundo que  não é o seu, boneca que adora sem poder pertencer o status do high society, esquecendo até de si em nome de estar dentro dele. Não é estereotipado, é único, desde o topete dos cabelos até a forma de andar e vestir, e nos traz a imagem perfeita em tudo desde a fala ao visual de uma boneca adulta, inteligente, mas submissa, que ama enquanto odeia, um parasita de quem pode lhe dar o status que fora da society não conseguiria viver. Ele é um capacho, é um covarde, é um humilhado e servil, mas o ator é um monstro na forma de interpretar tudo isto.
        O diretor Wolf Maya atuando como marido do personagem Zambezy, personagem de Totia Meireles também está magnífico na naturalidade como interpreta tal personagem, fugindo ao estereotipo de outros que interpretou.

        Mas tudo isto, eu penso, no caso de Fina Estampa, se deve ao brilho do autor Silvio de Abreu e dos diretores também, o autor criando uma novela com diversas menções da humanidade real, com  textos modernos e bem trabalhados, ricos, e bastante capazes de dar ao ator a chance de criar expressões faciais, uma obrigação de quem escreve. Porém o brilho e louvor maior fica mesmo com os atores, na novela muitos sendo merecedores de elogios, mas estes que citei superando, mostrando ser verdadeiros monstros na arte de atuar se a palavra permite.
        A atriz Eva Wilma também entrou na novela e vamos ver como se destaca uma vez que sempre foi também um monstro de interpretação.

Por Jorge Curvello