segunda-feira, 19 de novembro de 2012

DIREITOS HUMANOS... MAS PARA QUEM?


Sou contra matança seja ela de humanos ou animais desde que não para efeito justificável., mas concordo com o protesto do vídeo desse autor e suas perguntas.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


ALGUMAS MULHERES DETESTAM  O CARDÁPIO E PROCEDEM ASSIM.... QUE PENA!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

          MINHA AMADA E SAUDOSA
            SERVIÇOS AÉREOS
             CRUZEIRO DO SUL

                  Ainda menino eu a via passar voando em seus aviões sobre o teto de minha casa, depois mais crescido  via seus anúncios pelo jornal convidando a jovens a ser  aeromoços (as).  E então um belo dia lá estava eu, sentado em um escritório de advocacia trabalhando como escriturário nas manhãs vendo passar pela janela do escritório no céu descortinado do centro da cidade do Rio de Janeiro os seus lindos aviões Convair e YS-11 na pintura antiga, imaginando de como seria estar tripulando um deles algum tempo depois porque já fazia um cursinho para comissários na Urca na parte da tarde. E como foi divertido aquele tempo que passei no meio de moças e rapazes da nova geração coca-cola, das moças de saias curtas, cabelos cortados sem regras nos cortes, língua solta, fumando e falando palavrão. E como foram instrutivas as aulas dos meus instrutores Gonçalves e Poty, tão sacanas como nós.
         Foi tempo de noitadas depois das aulas gastas em boates com aquela gente alegre e permissiva, ou finais de semana sempre no apartamento de uma das garotas dando uma festa privada.  Ali começava nosso sonho de voar, o nosso paraíso.
         Foi um caso de amor, de paixão, de dedicação extrema e muita vontade de vencer, suplantar, me tornar como me tornei, o melhor dos melhores na consideração de toda uma chefia, e nas palavras de seu próprio presidente embora eu fosse somente um comissário auxiliar. Eu seria, naquele tempo e por amor, capaz de voar sem pagamento, não  almejava ou pensava nas folgas que eram muitas, mas sim nos dias em que estaria dentro de um de seus aviões tripulando,  trabalhando, servindo passageiros que me encantavam enquanto também eu os encantava. Eu sentia um prazer imenso em vestir àquele uniforme azul marinho, pegar aquela mala que nem era exigida de padrão e ir para o aeroporto, entrar naquele novo mundo especial que a aviação me abriu as portas, esquecer que era Jorge, para ser apenas, Curvello. Aquele era o tempo do glamour de se voar, tempo de bons salários, boa comida a bordo, bons pernoites com tempo para descansar e divertir, boas amizades porque na Cruzeiro do Sul formávamos uma família de verdade, sem ser italiana, mas bem brasileira, família que sacaneava unida e permanecia unida.
         Na Cruzeiro em que voei não havia escalão, éramos todos iguais, chefes, patrões, subalternos, o importante era fazer um bom serviço, deixar passageiros satisfeitos e nada mais era cobrado, nem feira, nem muamba, nem vida particular pecaminosa ou agitada nos pernoites. E não havia fiscais de bordo e nem eram necessários, havia sim sempre à vontade de trabalhar porque trabalhar ali, era bem divertido. Nossa chefia se preocupava mais com os lucros, ou se fazia isso eu não sei, mas nunca interferiam em nossas vidas, e os subchefes eram mais amigos do que patrões. O importante para a empresa era ter a bordo o número certo de tripulante, avião funcionando, e o mais possível dentro do horário, e muita, mas muita simpatia, e descontração, quer nossa, ou do usuário.  Tanto nos YS-11 onde comecei a trabalhar como depois nos jatos Caravelle,  ou ainda como tinha notícia n era o trabalho dentro dos últimos Douglas DC-3 e aviões anfíbios Catalinas voando na região norte, o ambiente era o mesmo Todos os comandantes na maioria eram simpáticos e amigos, faziam questão da presença total do  grupo nos jantares, farras e até nos quartos de hotel porque lá, nos hotéis se todos hospedados no mesmo andar, não ficava uma só porta de comunicação entre os quartos fechada, o ninho era uma enorme e animada suíte. E isso não significava libidinagem, mas sim muito respeito entre todos.
         Eu jamais esquecerei de meus colegas, alguns comissários como eu, outros co-pilotos, rádios operadores, comandantes e até gente da Sata, empresa de carregamento e limpeza de aviões,. Eu jamais esquecerei de despachantes de vôo dos aeroportos onde pousávamos, gente da gerência sempre amiga e compreensiva e a bordo falo de gente como Marlene caixa d´água, Esterlina, Gonçalves, Marta Maria, Poty, Márcia, Vera Seta (hoje atriz), Zeneide, Alzira Tâmara, Edísio,  Lourdes fenemê, Carmem Arara, Ratinho, Ribeirão o grosso, Gilmar, Nilzinha (falecida no desastre de São Luiz do Maranhão), Nilton, Macedo, Édio, Alvarez, Therezinha cauda baixa, Maneco, esses e tantos outros que hoje me falha o nome na memória, gente que sabia voar, trabalhar e divertir conjunto, ter responsabilidade e não ter medo, confiante em seu valor para a empresa e respeito mútuo.
         Meu primeiro vôo foi desastroso na companhia de um instrutor enamorado de uma colega também sendo checada, uma diaba de saia que somente entrou para o vôo para transar (e ela  fez isso em três meses a mais do que muitas em anos de aviação), porém as demais foram viagens ao paraíso a bordo de aviões hoje obsoletos, mas que dominaram os céus daqueles anos. E assim voei por mais de três anos naquela delícia de Cia que até hoje relembro com saudade porque foi ali que aprendi a voar, ser profissional sem deslumbre, um verdadeiro comissário de bordo.
         Era mais do que gostoso acordar pela madrugada, me aprontar e ir para o aeroporto ainda antes do primeiro clarão do dia e lá sentir o cheiro de gasolina  exalando dos aviões, sentir o cheiro do café sendo coado a bordo,  depois em vôo acima das nuvens ver o sol brilhar. Era gostoso retornar para casa carregado de frutas, bugigangas compradas nos pernoites, feira de bordo ou que fosse até muamba porque lá aprendi a me virar como todo bom aeronauta,  Era delicioso ser comissário de bordo dos Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul.
         Para ser justo, foi a Varig que me deu tudo o que tive depois, e até parte de uma aposentadoria justa  antes de o Aérus nos deixar de pagar. Na Varig eu aprendi muito mais do que na Cruzeiro do Sul, mas ali era aluno ou serviçal sempre e não me sentia em casa porque normas e deveres impediam, Foi na Varig que voei mais tempo, que aprendi o verdadeiro serviço de bordo quer de nossa parte como da empresa, lugar onde fiz novos amigos e os conservo, mas não posso dizer que amei a Varig, não como amei e continuo amando na recordação a minha Cruzeiro do Sul.

Cmro Curvello: N.A.B. - Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul - Varig

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

APOSENTADOS DA VARIG - O GRANDE ERRO








Sempre fui pelo lado do terrorismo quando se trata de resolver assuntos com mais poderosos aonde a diplomacia e  a educação, não funciona. desde 12 de abril de 2006 sempre achei que nosso alvo era o Aérus, acolhedor de nosso dinheiro e que o tinha em cofres porque era e continua sendo um órgão carteira, ativo e sobrevivente. Sempre achei que o melhor a fazer não era discutir judicialmente, mas tomar pela força o que nos roubavam, ou seja, invadir a entidade, acampar, bater lata, queimar pneus, fazer o Governo OBRIGAR ao Aérus a devolução correta e imediata da carteira dos aposentados, embora a dos da ativa fosse outra questão devido às acusações da Varig deixar de depositar. Mas esse não era ou é nosso caso, pagamos por mais de dez anos e dinheiro não derrete. Sempre achei ser melhor acampar nos aeroportos, invadir as pistas de decolagem parando o local, dar e receber porrada se preciso  baseado na lei de proteção aos idosos, no caso de força policial tentando nos tirar de lá. Sempre achei melhor forçar pelo troco e força, ao governador da cidade tomar nossa defesa a fim de evitar o caos. Mas o que foi que fizeram? Entraram na justiça por si só e propositalmente morosa, usaram luvas de pelica, mantiveram aquela educação inválida quando se briga contra cafajestes e o Aérus acabou interditado, tornando-se intocável e continuando a usufruir a nossa grana, mentindo que desapareceu.
E depois a AGU, a União Federal dos corruptos, órgão por si só difícil de recâmbio e desafiador até de leis, garantido por espertos advogados que não brincam em serviço enquanto o lado defensor, pensa em cautela e diplomacia. E deu no que deu.
Agora já se fala em ficar pelado, mas de cuecas por vergonha de mostrar as partes baixas ao público, vexatório eu sei, e que acho já não comoverá a mais ninguém e somente nos tornará palhaços em exibição pornô. E mesmo assim, dos falados 10.000 aposentados, cujo sempre menos de 500 compareceram as manifestações, irá ter a coragem de se despir em público? Inútil fazer isso.
O que temos mesmo é que voltar ao passado, fechar aeroportos, pistas de pouso, acampar em lobby, causar prejuízo à nação, até incomodar o bastante para sermos justiçados do que é nosso e tentam calotear. Mas é preciso organizar, combinar, aglomerar participantes (e as mulheres têm papel importante nisso) fazer esquema, nunca avisar antes de acontecer, enfim, invadir e ficar mesmo debaixo de fogo cerrado, mostrar que velhos também tem sangue e que não é, como temos demonstrado, de barata. É preciso deixar bem claro que somente arredamos pé ao ver transferido do Aérus aos moldes da VEM os nosso planos I e II para a Petrobrás ou outro órgão mais honesto qualquer. E mesmo assim opino que ainda teremos dificuldades. No atual impasse, é preciso exigir do governo, das forças de ordem e segurança deste país (forças armadas), o cumprimento da ordem judicial e o retorno imediato do que é nosso por direito e ganho nos tribunais.

Mas aí eu pergunto: Quem está de acordo comigo totalmente, quantos de nós vamos abraçar esta causa, dar o sangue por ela? Ora, sem hipocrisias sabemos que diariamente nós aposentados falamos em solidariedade, ajudar ao cachorro, ao gato, a borboleta, mas qual de nós verdadeiramente sai atrás de ver entre nós os mais necessitados para dividir o seu?
A Varig sempre se disse uma grande família e lá já havia essa hipocrisia do faz de conta e a ela devemos o que hoje estamos passando.
Desculpe-me se feri alguém, mas estava no gogó e, se resolverem partir para a ignorância, contem comigo.



Comissário Curvello Ex da Varig, aposentado, mas guerreiro de verdade.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A GRANDE VERDADE SOBRE APOSENTADOS DA VARIG E PORQUE NEM TODOS SE ESFORÇAM PARA REAVER O QUE LHES FOI ROUBADO


A Varig foi uma empresa aérea super seletiva na contratação de sua mão de obra, exigente e ponderada, falando-se nos áureos tempos em que se destinava ao ponto aonde chegou. Diferente das demais companhias aéreas existentes ela selecionava mais por capacidade de desenvolvimento do que por apadrinhamentos e simpatia, conseguindo assim um time de profissionais de verdade que ia desde os empregados em sua cozinha, algo bastante imprescindível com quem lidava em um mercado onde se prendia cliente pela boca, até ao estafeta carregador de mensagens. No campo burocrático ela cuidava de manter gente inteligente e sempre bem preparada, seguidora de seus princípios e normas e deveres, gente que sabia trabalhar, dialogar, convencer e gerenciar cada setor com maestria, a quem preparava com cursos seguidos de aperfeiçoamento. No setor de vôo ela conquistava os melhores, gente sempre super preparada para exercer sua profissão e assim a tornar a empresa que se tornou sendo seu verdadeiro cartão de visitas. Mas a Varig não era somente aviação, era também industria, hotelaria, proteção ao empregado (através da conhecida Fundação Rubem Berta  fundada por seu patrono do mesmo nome), faculdade de aviação através de seu colégio que não somente servia a ela como a congêneres interessadas em aprimorar seus profissionais, e assim neste interesse empregava diversos tipos de trabalhadores, se tornando quase uma multinacional.  E me perdoem se isso ela foi e eu não soube considerar.
Porém sua tragédia tinha data marcada e começou a ocorrer nos final dos anos oitenta, com o avanço tecnológico dos aviões que trouxe para ela os de grande porte, a fazendo necessária pela pressa de manter seu quadro profissional em desprezar seus antigos valores e também inovar em novos conceitos de  aceitação, o que veio a levar toda a Cia a uma catástrofe,  o seu fechamento.
A Varig, antes acreditada de querer para o futuro de seus empregados o melhor e garantido, fundou com a Cruzeiro do Sul e a uma outra empresa o Aérus, destinado a uma aposentadoria complementar para o malfadado e injusto sistema governamental, o atual INSS,  conhecido pelo encurtamento dos benefícios e cálculos injustos. Mas o futuro desse empreendimento veio a deixar pela interdição desse órgão pelo governo, uma dúvida quanto a sua verdadeira intenção. Quer por estar afundada em dívidas, quer por estar sendo lesada pelo governo em outras responsabilidades, quer por estar então sendo dirigida por incompetentes, o fato é que ela deixou de repassar para o Aérus o que justamente iría garantir para sempre o pagamento dos seus aposentados, o desconto em folha que realizava, mensalmente, de todos os seus empregados da ativa para esse fim, a contribuição futura de sua segurança e manutenção dos já retirados. Tais descontos a princípio sujeitos a adesão, logo se transformaram em obrigatórios de todos que recebiam seus contracheques e essa grande fortuna era o que garantia e garantiria as aposentadorias para sempre. Com o estancamento dos depósitos mensais e não cumprimento dos acordos o Aérus acabou por deixar de pagar, ser interditado e, de um dia para outro, lançou no desespero mais de dez mil aposentados da Varig e perto de dezessete mil funcionários ainda na ativa que nele possuíam uma fortuna depositada. O resultado foi o pedido de intervenção, uma cruel batalha judicial que já dura mais de seis anos e que nem uma vitória conseguida e sacramentada consegue reaver dos prejuízos porque o órgão incumbido de se responsabilizar pelo retorno vem a pertencer ao governo nacional, que nada fez para fiscalizar o Aérus, a Varig ou lhe ajudar quando dele ela precisou e não bastasse o lado burocrático ainda se soma a isto opiniões pessoais e ódio de alguns por quem conseguiu por mais de setenta anos,  se projetar aqui e no exterior como a melhor Companhia aérea do Brasil e quiçás entre as melhores do mundo.
Na esteira dos prejudicados encontraram-se pois chefes de família de ambos os sexos e diversos outros pretendentes a um futuro de carreira bem remunerado porque a Varig sempre pagou melhor do que a maioria das empresas contratantes no Brasil, gente que de uma noite para o dia se viu sem segurança futura de aposentadoria e sem emprego, alguns com idade perigosa de conseguir nova contratação em outro lugar. Aposentados em idade avançada começaram a sofrer a decepção e adiantaram o final de sues dias, outros adoecem e a maioria se vê incapacitada de continuar gozando do mesmo e conquistado padrão de vida de antigamente e este é o drama dos funcionários e aposentados da Varig.
Neste grupo de prejudicados pelo fechamento do Aérus os tripulantes da Varig são os que mais buscam a solução, procedendo a manifestações e lutando bravamente para que a vitória conquistada a duras penas seja cumprida. Mas note-se entretanto que entre eles não está o grande montante dos maiores afetados por  esta tragédia e sim aqueles que, em escalas, pertencendo a outros setores da Varig e percebendo por mês menores salários, menos descontavam por essa aposentadoria complementar e sendo assim , se já aposentado também , certamente percebendo menos do que os tripulantes que sempre foram afamados de melhores posses e oportunidades. Como estará esta gente vivendo agora e  com quanto quando essa tragédia levou o Aérus a criar um sistema de devolução que paga apenas do devido, menos de 9% do real salário? Certamente que pior do que os tripulantes, mas talvez mais aclimatados por nunca terem possuído mais, como estes.
Entre os tripulantes também nem todos foram assim mortalmente prejudicados, é certo que deixaram todos de contar com a complementação salarial, uma grande verdade, mas muitos cuidaram  por ter oportunidades na ativa, de ter seu pé de meia, criando assim entre eles mesmos, uma grande diferença de prejudicados. Muitas das mulheres são casadas com homens de fora da aviação, homens que, aposentados ou ainda na ativa, garantem para elas uma vida melhor, outras herdaram montepios de pais e mães  que somados ao INSS e o parco recebimento do Aérus não as deixa no desespero, e parte disso também acontece para os homens casados com mulheres de fora da aviação e na mesma situação, gente que mesmo prejudicada ainda consegue viver com mais facilidade e conforto do que aqueles que somente contavam com a complementação salarial do Aérus. E acho que é por isso que a grande maioria não comparece às manifestações,  apóia e incentiva, mas não dá ás caras.
A grande verdade dos aposentados da Varig é que nem todos estão em extrema dificuldade, vivem sim em um desconsolo de perda, tiveram talvez que reduzir um antigo padrão de vida, mas continuam sobrevivendo e ainda se dando ao luxo de antigos prazeres como viajar, ter carros, morar melhor, enquanto outros e de verdade, morrem a mingua de socorro e possibilidades, assim como devem estar morrendo todos aqueles que tinham padrão aquisitivo menor do que eles.
Mas então porque toda essa gente, todos esses mais de dez mil aposentados se ainda vivos não se unem, se juntam, vão a luta de braços dados e boca gritante e somente menos de mil aparecem nas manchetes ou vídeos de manifestos ? Acho que é porque em primeiro lugar falta solidariedade, depois por que muitos já estavam acostumado ao pouco ter e para esses ganhar mais ou ficar com menos dói em menor proporção e, finalmente, porque somos todos brasileiros e nossa raça é conhecida como acomodada, pacífica, acostumada ao me engana que eu gosto e a espera de milagres, sem luta, sem suor, apenas preferindo a expectativa, isso para não dizer, encostada. Por não ser completamente e como devia solidária ela faz dos necessitados força menor, por estar acostumada ao pão com banana, se acomoda, e por ser brasileira, acha que viver é samba, futebol e cerveja.
Esta é a nossa triste realidade, a realidade dos sofridos aposentados  da Varig.


Por um deles.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

AVENIDA BRASIL - NOVELA DE SUSPENSE


                                  Tessália revelação

        Eu que assisto posso dizer que essa novela pecou em alongamento e exageros de costumes e de personagens, criou situações impossíveis, abusou da crítica em sátira e rotulou tipos e caráter, mas  é um bom trabalho do autor abusado que vai terminando e deu aos atores que nela trabalham chances incríveis de interpretação.
        Citemos o personagem Carminha, Carmem Lucia, uma mulher psicopata,  capaz de ir além do amor sentido pela obsessão, fria e calculista, dona de uma mente diabólica e rápida que muda de acordo com a situação, criativa nas mentiras e engodos, um  alguém perigosíssimo a quem não se pode dar tempo de raciocinar ou vira a mesa. Dona de cinismo super exagerado ela é capaz de convencer o Papa de que Jesus foi um blefe.       Encarnando a diaba, a atriz Adriana Steves (acho que é esse o nome da moça) suplantou, consagrou-se talvez entre as tantas, como a mulher mais malvada e ardilosa existente nas novelas até então escrita. Na trama, esposa de um jogador de futebol aposentado chamado Tufão, ela usa e abusa da imbecilidade dele e da família, causando tremendo estrago.


        Falemos do Tufão, o jogador de futebol que sofre um chifre de galhos enormes na mão de sua esposa Carminha, que o trai com um cunhado de nome Max, seu parceiro no crime e nos golpes. Escrito para ser um personagem com bons sentimentos ao extremo Tufão em cena foi levado para a imbecilidade dos traídos que se negam a ver para não comprovar a traição, um personagem muito bem defendido pelo Murilo Benício, que até a postura imita um boi, ou touro.
        Falemos do Max, uma revelação do ator Marcelo Novaes   que passa de vilão a vítima em segundos conforme o texto de fala se apresenta, uma revelação depois de tantas outras que esse ator já interpretou. Max na novela ficou sendo o produto da violência e o abandono, a mais do que um bandido
        Falemos da Nina ou Rita, personagem da menina atirada no lixão, quando criança vivida por uma revelação infantil da Rede Globo,  e que depois de adulta na pele de Débora Falabela se revelou um ícone capaz de passar da candura a maldade em segundos, excelente atriz a menina.
E falemos de dois personagens que cresceram e se revelaram na novela toda, a Tessália, moça ingênua que acredita em amor verdadeiro e Darkson, moleque suburbano feito para amar antes do que viver. Ela, lindíssima, atriz e modelo chamada Débora Nascimento é outra revelação, ele, cujo nome do ator me foge agora, bonito e charmoso, perfeito em nuances e  tiradas, além de dramático quando o papel pede.

        Os demais personagens, a família do chifrudo Tufão, o núcleo de um salão de beleza e sua empresária, o outro núcleo de um imaginário trígamo, um bonitão capaz de engabelar três mulheres como esposas sem ser casado com nenhuma,  o núcleo de um pai de jogador de futebol bissexual e uma prostituta feita garota de programa Maria chuteira, os velhos (Vera Holtz, José de Abreu e Carlos Vereza nos papeis de Lucinda, Nilo e o pai da Carminha), todos   estão magníficos nas interpretações, mas sem exceder o que se espera do elenco da Globo.
        O que posso dizer como telespectador é que a novela andou entediando, repetindo, enervando nas impossibilidades se comparadas as da vida real, mas que vai chegando ao final prometendo algumas belas surpresas, o que somente não esperamos e como virou moda, o vilão saindo vencedor. Avenida Brasil agradou e ficará na história até o vale a pena ver de novo.
        Como também ator deixo aqui meus elogios e reverências para Adriana Steves como a Carminha, Débora Falabela, como a Nina/Rita, para o Murilo Benício e para Marcelo Novaes, que se destacaram dos demais nas interpretações. dramáticas, o grande sentido das interpretações em dramaturgia,
                       Marcelo Novaes na pele de Max

De
Arlindo Duplo


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

E POR FALAR EM DEUS, E NO MUNDO EM QUE VIVEMOS







Quando eu era bem menino ainda, ouvindo se falar sobre Deus e seus poderes eu ficava querendo saber como ele se parecia. Não conseguia vislumbrar e algo como duas taboas de soalho apareciam em minha mente como se toldando uma visão.
Quando cresci mais e comecei a estudar para o catecismo na religião católica que era a dos meus pais, ali também nunca consegui saber como era a face de Deus, embora a de seu filho Jesus Cristo fosse a mim apresentada e a dos santos também. E se tentava fazer conjecturas a respeito, lá vinha à mesma imagem das duas taboas.
Ainda menino aceitei facilmente os ensinamentos religiosos e onde diziam ter Deus a semelhança de todos nós e logo surgiu um questionamento vendo diante de mim brancos, mulatos e negros. Seria Deus capaz de mudar de cor na pele qual um camaleão, eu me perguntava. Mas se por ventura tentava eu mesmo descobrir essa verdade, lá vinham as duas taboas novamente e assim, me conformei dizendo para mim mesmo:

--- Pronto, Deus é Deus e isso me basta.

Hoje crescido e mais informado em religião, não vejo mais as duas taboas, desapareceram como se por trás delas estivesse a grande verdade que hoje sou por isso obrigado a acreditar.  Deus existe em nós, no que vemos de sua criação, tocamos, usamos ou respiramos, e não importa mais a sua imagem.
Afirma-se  que o homem é a semelhança de Deus na imagem, e agora entendo o branco, o amarelo, o vermelho e o negro sendo assim também à Sua imagem porque isso é necessário a Lhe poder ver, se assim desejarmos, uma forma física para sustentar a nossa fé, se isso for preciso. As tábuas foram retiradas.
Mas então, entendendo mais dos meus semelhantes e todos como acreditamos criados por Deus, vem outra incógnita, não em tábuas, mas em procedimento. Porque tantos nomes para Ele, tais como, Deus (o nosso e abstrato) Tupan, Buda (esses com formas físicas ilustrativas) e tantos outros que até não conheço, todos uma divindade maior, suprema e criador do mundo e do universo? E a resposta me vem mais uma vez como, Ele existe e tudo sabe e tudo vê, porque faz parte de nós e mesmo se não o merecermos por nossos atos, estará ali, vigilante e pronto para o que chamamos castigo e nada mais é do que, ensinamento.

Mas nessa babel de opiniões a esse respeito o homem se confunde, tenta modificar, explicar, fazer crer e a cada religião isso agrava o saber de quem é Deus. E o conflito se instala, alguns de nós O temem mais que outros, obedece a ensinamentos mais que outros, segue a cartilha que aprendeu mais que outros, e outros fogem a nossa compreensão querendo nos explicar outras formas desse Deus, de ser esse Deus,  indo do ilógico, à blasfêmia e ao desafio. E até aqui, ninguém consegue explicar com certeza absoluta, quem é Deus e como é ele..
E me volto olhando esse mundo onde um homem para obter fama e dinheiro cria um filme polêmico sobre religião, ofendendo aos que creem e desafiando aos incrédulos, e agora mesmo aqui no Brasil, na ânsia de virar celebridade um medíocre mero ator comediante pretende mudar a história do filho de Deus, Jesus Cristo, ele Renato Aragão, um comprovado aliado de Satanás pelo que mostra em sua vida de artista.
E o mundo a cada dia se perde mais na violência, no abuso, na descrença, na infâmia e nos pecados sem que a maioria dos seres  racionais viventes com isso se preocupe deveras ou se importe. Os sete pecados capitais a muito deixaram de ser temidos, alastraram-se e ramificaram-se em tentáculos e mutações. os demais pecados do mundo que tanto nos disseram ser quando em criança, parecem hoje apenas parte da vida e coisa necessária porque nos entendemos, humanos. Hoje é considerado normal de acontecer o incesto, mesmo que a alguns ainda choque, o gesto de Caím se tornou banal, homossexualismo, bigamia, sodomia, e até os padres, pais de santo ou pastores fazem parte dos pecadores. Os mais sábios entre nós ainda se ajoelham diante da Suprema Soberania, outros apenas a ignoram e uma grande esmagadora maioria a desafia
As religiões continuam se fazendo presente, mas os conceitos dentro de cada uma diferem e até entre elas mesmas, algumas são mais lavagem cerebral do que ensinamentos e seus pregadores são mais pessoais do que servos. No catolicismos as mudanças surpreendem e chegam a ser, se considerada pelos antigos, sacrilégios,  no espiritismo o fanatismo leva mais ao medo do que a certeza de uma proteção, no evangelho o que mais parece importar são as doações do que propriamente os fieis, uma babel, um caos.
Fala-se no fim dos tempos, nisso eu acredito porque já houveram outros se estudarmos as histórias dos povos do mundo, fala-se em Apocalipse e nisso eu desacredito porque as datas marcadas nunca até então realizaram algum, fala-se em profecias e elas contém coisas que não podemos entender ou confirmar, mas não se fala nunca no Juízo final, no grande segredo que pode mudar toda a humanidade e que a meu ver existe sim, mas dentro de nós, do nosso coração.
Eu acredito que um final se aproxima e quem o trás é o cada vez mais acelerado desrespeito a esse Deus em que eu creio, isso porque uma vez incapaz de temer alguma coisa o bicho homem será cada vez mais bicho e como os bichos vai proceder, com a grande diferença do verdadeiro bicho ele não ser e não sendo eles, do mundo não saber entender. Maremotos diluvianos serão possíveis se continuarem os abusos à natureza, vendavais destruidores, fogo da terra vindo dos vulcões, enfim tudo que o homem ainda respeita e teme, mesmo se achando para isso, preparado e assim sendo será o próprio homem quem levará ao final o que somente um deles começou, o acreditado Adão que ao receber o dom de pensar, não soube resistir à fraqueza e se perdeu com Eva.  Mas até isso hoje a maioria dos homens já não acredita mais.
O que eu sei e nisso não há duas tábuas me impedindo de vislumbrar, é que finais estão próximos, mas não do mundo, porém de castas da humanidade porque Deus não é feito de ódio, de desamor, de maldade, e o que hoje o homem se torna foge ser à Sua semelhança, o que se traduz em nosso final, os seres dotados de inteligência, algo que a nós somente serve para desafiar o poder Divino.

Porque será que os animais e os vegetais continuam por todos os séculos de vida sobre o planeta Terra procedendo sempre igual, mesmo com mutações devido ao que o homem modificou de seus costumes e habitat? “



Por Jorge Curvello


sábado, 29 de setembro de 2012

A REVELAÇÃO DO PERNOITE

                               


O avião era um Douglas DC-6B e o vôo para Manaus. A bordo quatro comissários, um deles chefe da equipe e os demais seus auxiliares.  Já na sala da apresentação dos tripulantes o chefe da equipe, olhando uma folha de assinatura falou para o colega que trabalhava na galley da traseira.

--- Hmmm, carne nova no pedaço... Quem é esse aqui chamado Cipó?

O outro olhou por sobre os ombros dele a folha estendida mais adiante nas mãos do chefe.

--- Sei não, é novato.

O chefe voltou a comentar, parecendo chateado.

--- E tem a Zoila também... Êta mulher zinha chapéu.

O outro, dando nova espiada.

---- É, essa aí se sente à gostosa, na certa vai dar em cima do novato.

O chefe largou a folha que caiu sobre o balcão, fazendo cara e boca.

--- Tá... deixa comigo.

O avião decolou, foram horas dentro da jaca servindo passageiros que desciam e subiam nas escalas e durante todo tempo a bordo o novato trabalhou sério, posudo no corpo de atleta, arrancando suspiros de Zoila e da mulherada dentro do avião. Na traseira. disfarçando entre um serviço e outro o chefe olhava o novato trabalhar e comentava.

--- Hmmm, até que o garoto sabe trabalhar. Veja só como segura uma bandeja, como serve a bebida, como pega um travesseiro, como...

O da galley cortou zombando.

---- Nossa meu chefe, rasgando seda? Nunca vi você tão bonzinho assim.

O chefe devolveu o copinho com cafezinho.

--- Aaahh, larga de ser chato e vê esquenta mais esta porra, tá chafé e frio.







 Lá pela tardinha depois de tantos sobe e desce o quadrimotor pousou resfolegando em Manaus, todos os passageiros desembarcaram e os tripulantes depois desceram, seguindo em uma condução a caminho do hotel para um pernoite. Na condução, bem baixinho quase no ouvido do chefe, o galley da traseira falou.

--- E aí chefia, vai dormir com quem... Somos quatro e um de nós vai ter que dividir quarto.

O chefe, ajeitando os ombros para não perder a pose, respondeu.

--- Eu fico com o novato... Vai ser bom pra você ficar sozinho não é? Tem rachada aqui em Manaus que eu sei.

O outro deu uma pancadinha no ombro dele que retraiu sentido com frescura.


--- Chefe batuta esse...  Hmmm, vai pegar o Selvagem da  motocicleta....  Viu lá em Sampa a moto com que ele chegou no aeroporto?

O chefe se empertigou olhando para fora a paisagem feia da estrada.

--- Mas respeito comigo serviçal, ou taco a caneta.

No hotel o novato não gostou nada de saber que teria que dividir quarto com um chefe de equipe, mas calou por medo de perder o emprego logo no primeiro vÔo solo e seguiu de cabeça baixa, mala de vôo na mão e outra murcha entre as pernas para o quarto.  Lá dentro, depois de deixarem a bagagem nos porta malas ele perguntou para o colega enquanto começava a tirar o uniforme..

--- É minha primeira vez em Manaus. Tem muita zorra por aqui?

O chefe, de olho mais nos músculos dele do que no espelho a sua frente, respondeu.

--- Deixa comigo que vou lhe mostrar. Sei de lugares quentíssimos.

O novato respondeu, começando a puxar o zipper da calça para baixo mostrando um umbigo de fazer inveja na barriga tanquinho e aqueles pelos, ah, aquele pelos...

--- Quentíssimo? Mas aqui já faz muito calor.

O chefe de olhos presos no que faltava para ser mostrado, vendo parte da sunga branca de algodão fino aparecendo naquele monumento, respondeu meio engolindo saliva.

--- E quanto mais quente melhor, você vai ver....

O rapaz deu de costa e mostrou uma silhueta de bunda de fazer mulher enfartar.

--- Tá certo... Quer ver que vou gostar...  Mas antes, um banho né? Quem vai primeiro, o senhor?

--- Senhor tá no céu garoto, aqui sou você, nada de cerimônias.  --- ele respondeu --- Pode ir na frente, eu vou depois

--- Ta certo, tá certo... Legal....

O novato se adiantou, deixou a calça escorregar para os pés, mostrando coxas musculosas e levemente cobertas de pelos macios, depois, chutou a peça pra cima da cama, passou a mão em uma sacola de plástico tirada da mala, e de sunga foi para o banheiro, entrando e não trancando a porta,

O chefe engolindo mais do que lagartixa tentando engolir aranha  viu tudo aquilo se enfiando no boxe e pelo vidro embaçado o vulto ficando nu, depois se ensaboando, depois se enxaguando e não  se agüentando mais, fechou, ele mesmo a porta do toalete.
Minutos depois de silêncio total no quarto onde o único ruído era o do coração do chefe palpitando sem freio, a porta do toalete se abriu e lá de dentro saiu uma coisa surpreendente, um musculoso rapaz envolto da cintura para baixo em uma toalha molhada, com um brinco de cigano em uma orelha, uma outra toalha enrolada a Carmem Miranda na cabeça e batom nos lábios, discreto, mas batom.

Olhando para o espelho sem ver a cara do chefe, ajeitando a toalha da cabeça na parte da orelha direita ele falou e a voz já era outra também.

--- Pronto chefinho, o banheiro é todo seu e deixei arrumadinho...  Ah que sorte a minha pernoitar com uma colega logo no meu primeiro vôo solo. Morri de medo de ter que ficar com aquela mona ou então com o feioso do galley ou com o velho rádio operador.  E aí... Tou preparada pro fervo?

O chefe murchou, engoliu mais e desta vez o amargo da decepção, mas nada podia falar, afinal ele também era uma mancha, mas só que não enganava ninguém.

Fim

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

12 DE DEZEMBRO DE 2012




Profetas e falsos profetas atestam o fim do mundo para 2012.
Profecias Maya escritas em sinais atestam o grande final para o ano de 2012
Modificações climáticas contundentes no planeta revelam estranhos presságios.
Nunca revelada uma parte das estranhas profecias dos Mayas fala de sobrevivência ao apocalipse, citando que sobreviverá aquele que tiver o coração puro e que amar a natureza, mesmo tendo que lutar dentro dela, virgem e incalculável, pela  continuação da vida humana no novo começo.



Não sei porque acordei com o sonho insistindo em ser relembrado em minha cabeça e vendo todos os dias diversos noticiários sobre como anda nosso mundo atual, isso me preocupa. Sente-se claramente a falta de calor humano entre os povos, a cada dia algo acontece desastroso no mundo, o clima do planeta parece modificar a cada estação e as consequências surgem aleatórias, terremotos destruindo vidas e paisagens, maremotos, vendavais, furacões, geadas, neve onde antes nunca existiu, enchentes destruindo lares e vidas, entre tantos desastres e no meio desse caos intercalado, o homem a cada dia mais desprovido de atenção, amor ao próximo, solidariedade, justiça e outros pecados, envolvido em ganância e amor pelo poder e pelo dinheiro, repetindo o que sabemos das histórias antigas de grandes civilizações.
Esta emana os noticiários são críticos e apontam para fenômenos surreais acontecendo mundo afora. Na áfrica, sem explicação bandos de animais estão migrando para regiões mais altas, deixando seu normal habitat para outros nunca procurados, tentando galgar alturas como se lá estivesse uma salvação. Em várias régios do mundo bandos de pássaros e aves estão deixando seus normais territórios em busca de lugares onde nunca freqüentaram, e em todo o mundo animal, esses seres menos coincidentes, começou uma espécie de êxodo.
Hoje o dia está lindo, mas faz muito calor e não há vento ou brisa, mas tudo parece normal. De minha casa posso ver ao longe as montanhas de Itatiaia e lembrando do que tenho visto ou sabido nas notícias diárias, me pergunto se em caso de um dilúvio como mostrou o filme 2012 , para nós do Rio de Janeiro elas não seriam a arca de Noé.  Porém logo sorrio de minha alucinação e balanço a cabeça pensando... O fim do mundo, é para quem morre.
Uma notícia importante parece invadir os canais de televisão e eles, quase simultâneo anunciam um deslocamento gigantesco nas geleiras da Antártica e outras no Pólo Norte, um fenômeno comum que desta vez vem exagerado na proporção e prometendo inundações.  Volto-me para o céu e vejo que os pássaros de meu quintal não apareceram, não voam à vista, que há um estranho silêncio em tudo a minha volta, afora o barulho normal provocado pela presença humana. E música continua tocando nos rádios, e tudo parece normal.


E de minha casa posso ver o Cristo Redentor, que no filmo 2012 não foi totalmente submerso e penso. Se para lá fugisse o homem no desespero da sobrevivência, quantos lá permaneceriam  em tão pequeno espaço para uma população e resistiria a natural selvageria do salve-se quem puder?  Tremo só de pensar em ter que fugir para lá.
Mas porque esta opressão, este temor, este sexto sentido que acordei sentindo?
Brincando chamo minha mulher e pergunto para ela:

--- Caso o Rio de Janeiro afundasse em água do mar, você fugiria para o Cristo redentor ou uma montanha qualquer que não submergisse?

E ela me responde, para meu espanto porque sempre desejou viver e teme a morte.

--- Não sei... Não quero morrer, mas como seria sobreviver em um mundo novo semi destruído e sem os confortos a que estou acostumada. Seria isto válido? Detesto o cheiro da morte e se sobrevivesse a essa catástrofe, como seria depois antes do que tudo voltasse a ser limpo outra vez? E a batalha pela sobrevivência depois em um mundo com tão pouco para dar, como seria, inferno ou paraíso?

Fico parado, pensando, e também não sei se seria válido ser um dos sobreviventes, conseguir me escondendo em algum lugar alto e a salvo dos desesperados humanos tentando um lugar de salvação, depois o silêncio total a que não estou acostumado, a falta de tudo que conheci enquanto até hoje vivi,  me ver sozinho ou com poucos sobreviventes em um meio de mato, vendo água a todo o redor, corpos apodrecendo, sentindo fome por não poder comer carne crua, sendo um novo Robson Cruzoé.

São apenas dez horas da manhã do dia e sem querer olho o calendário e vejo a data 12 de dezembro de 2012. e recordo então da profecia e sinto medo, um medo anormal nunca sentido antes.

Pego o telefone e ligo para minha irmã que tem oitenta e quatro anos e quando ela atende, pergunto a ela se caso o mundo fosse acabar e ela tivesse chances de sair de casa e ir para um lugar mais alto, se faria isso. E ela rindo diz que não, que já viveu o bastante e que lutar pela vida agora era idiotice. Completa dizendo calma e desacreditada.

--- Se o mundo fosse acabar hoje, esperaria aqui em meu lar, pelo meu fim.

Desligo o telefone e olho ao redor, há muita estranhes ao meu redor, olho para minha mulher e ela continua fazendo o almoço do dia, lá fora um caro passa e há musica saindo de seu interior, tudo está completamente normal para uma manhã sem vento, de forte calor e nenhum ruído de pássaro... Mas porque este medo enorme ainda continua?

Hoje, dia 12 de dezembro de 2012, uma bela manhã que acordei com medo, o dia anunciado para o fim do mundo.

Por Jorge Curvello

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ALIBABA E OS QUARENTA LADRÕES

      

       Ah se tudo por que hoje eu passo fosse acontecido em tempos de minha juventude onde ainda tinha forças para lutar, não essa de espera e resignação, mas a da revolta e mão às armas?
Quando criança e adolescente cruzei épocas nebulosos onde a política do país já causava danos, enfrentei fome, mau serviços, dificuldades de me estabelecer em um sistema exclusivista e  impiedoso. Mas cresci, enfrentei as crises, solucei as perdas, mas acabei vencendo e conseguindo mesmo a duras penas, ser alguém.
Naquele tampo já havia os safados, os ocultos, os fomentadores e todos a fim de se dar bem, quer no poder ou nas posses, mas eram tempos de mais mercês, de mais solidariedade, de mais humanidade e mais decoro, onde a verdadeira face do mal se ocultava atrás da do anjo, era tempo de se temer a polícia, os juízes, a lei em todo o seu poder do certo ou errado. Nada era como hoje, assim como acontece e sofremos nós, os excluídos, os miseráveis na concepção dos que nos governam e somente vê em nós, impostos, taxas e lucros.
Ah se eu tivesse a força daqueles anos e certamente estaria hoje comandando ou orientando novos Alibabas, ou não era assim que o ficticionado elemento  das histórias em quadrinhos tornadas filme, se impunha contra o poder dos maiorais?
Alibaba um oposicionista traído e revoltado, clama por justiça fazendo exatamente o que os inimigos faziam, roubando. Porém ele e seus comandados, ladrões procurados e desprezados pela sociedade, não roubava o pobre, mas sim o ladrão do pobre, o usurpador e dono da verdade que se chamava mentira. Com sua adaga sempre pronta a defender os humildes ele cavalgava seu cavalo branco excitando ´as massas, ganhando adeptos e conseguindo desbaratar a quadrilha dos certinhos, deuses e juízes das cidades  daquela Arábia de papel, de celulóide, de diversão para domingos da garotada.
E lá estaria eu, não agora com  uma espada, mas talvez AR-15 ou arma mais moderna, não na frente da batalha para ser destruído, mas nas sombras dos desertos da piedade ao pobre, comandando um bando de traficantes, os novos ladrões do antigo Alibaba, estes pobres coitados que talvez tenham se tornado o que são por um dia sonharem em ser alguém sem conseguir. E diga-se de passagem que deve haver mais honra no coração de um traficante, de que há no de nossos usurpadores sádicos e mentirosos.
E nessa Arábia chamada Brasil eu, nas sombras e fomentando, atiçando as massas, o novo Alibaba, ou alguém mais capaz, cavalgaria em minha sombra, atacando aqui, enfraquecendo ali, destruindo acolá, roubando o que é roubado para devolver a quem merece, sendo justo na partilha com meu séqüito, não pedras preciosas e ouro, mas capacidade de comer, beber, morar e divertir, tranqüilamente. Ah se eu ainda tivesse forças...
Toda a maldade será castigada, diz o provérbio, mas nem toda será reconhecida, fala meu coração.
Hoje, após anos de programação para um futuro mais feliz e sossegado, vivendo com os míseros e roubados R$1.337,00 que a planejada aposentadoria brasileira ladra me paga cada mês, vendo  meu livro de despesas acima dessa quantia e os saldos devedores a saldar sob cobrança de aumento em juros, vendo o que antes foi dispensa e hoje é somente armário, vazio, de arroz, feijão, temperos, e dentro dele apenas o salvo para não deixar de comer amanhã, a eterna e mensal divisão do quilo por grama, vendo a geladeira gastar energia por nada em sua escassez  de alimentos, com apenas água que custa barato, R$6,00 o garrafão, algumas frutas vindas de regalo da fruteira do vizinho,  e gelo seco no congelador, vendo meu guarda roupa falido, roto, onde o tecido já não agüenta mais a lavagem e descolore, murcha e fica hostil, vendo minha cadelinha morrer por falta de socorro e grana para um veterinário que não faz juramento e não atende de graça, temendo pelo meu dia de amanhã na seqüência de promessas de voltar a ser gente que nunca se cumpre, é que lamento o meu Alibaba envelhecido, incapaz até de chorar no escuro do seu deserto de lágrimas.


Eu Alibaba murcho
              Jorge Curvello

terça-feira, 28 de agosto de 2012

DE AMORES, ILUSÕES E PAIXÕES



De minha vida controvérsia recordo-me sem nunca esquecer, dos amores, ilusões e paixões que tive ao longo dessa carreira interminável enquanto dura,  que é viver. Acho que comecei cedo, ainda aos doze anos de idade e vivendo uma existência meio infantil, apaixonando-me por uma menina da qual somente sabia o nome e via a formosura, Vilma, sem jamais falar com ela. Linda ela me parecia em sua tez morena de índia, cabelos negros e olhos também, doce perfume nunca sentido, mas imaginado quando ao vê-la por mim passar. Um ano, dois? Não me recordo.
Depois apareceu Bilú, apelido de outra que nem sabia o nome verdadeiro, também morena tipo Dirá Paes, a atriz, menina bonita e namoradeira, que não comigo, mas por quem me apaixonei. Quanto tempo durou, não sei ao certo, mas foi longo o tempo, tempo de sofrimento de ver minha paixão passar sem me olhar ou se quer querer me conhecer. 
Anos e anos depois já crescido e mais dirigido dentro do que desejava para mim, apareceu Vera, linda, a cópia quase exata da garota propaganda Neide Aparecida.. sucesso nos anos sessenta (a garota propaganda), e essa eu peguei na mão dentro de um ônibus indo para o trabalho, marquei encontro para depois, aconteceu e a dominei a ponto de ser  serviu mais do que devia, louca que era ao me seguir, um perfeito transviado.  E no final de quase cinco anos me vi amando, não apaixonado, mas amando loucamente a quem era proibida para mim sem  eu saber, não por ela, mas por mim próprio em minha incertezas do que queria de meus sentimentos, de meu futuro, de minha vida no amanhã dos tantos amanhãs esperados. Mas como um doce que provamos em pequenas colherinhas, um dia o pote esvaziou e ela acordou, eu acordei, e a deixei por um futuro duvidável, ignorante de quem era ou queria ser, mas um lugar onde jamais morava a felicidade,  um futuro de liberdade perigosa e confusa, de pecados, sujeiras e descobertas.
Mas nunca do que fiz me arrependi, acabar com ela sentindo aquela dor no peito, devolver os retratos e cartas de amor, evitar seus caminhos, para melhor lhe esquecer.  E para ela, que também me amava, mas aceitou  o fim, a sorte não ajudou, se casou com um velho namorado, um drogado, teve um filho dele, um especial que no parto a fez doente, para sempre, herança de genes da mãe cujo parto também subiu à cabeça, ficou meio maluca, vadia, permissiva e desacreditada.
Após a Vera, não houve mais lugar em meu coração para o amor por longos dez anos, mas a paixão ilusória um dia me pegou e sofri por todos os tempos que nunca sofri me relacionando com alguém, apaixonado por um amor impossível de dar certo, coisa que ainda eu também não sabia.  Paixão suja foi aquela e doeu como fogo em meu coração até que acordando vi que eu não merecia tal sentimento me dominando, eu não era aquele que eu pensava ser, não queria aquilo para mim e consegui me curar, e a paixão doentia.
E foi assim que o destino para me castigar me fez encontrar com o meu primeiro amor e não primeira paixão quase vinte anos depois, onde eu já estava amando outra, alguém que acabou me levando para um altar. Nada senti por aquela moça feita mulher, a Vera que não era mais uma cópia da Neide Aparecida, ou de seu triste destino, mas me achei de certa forma um pouco culpado sim. Se eu tivesse continuado com ela, será que estaria como ficou?
Casado aos quarenta anos amei e fui amado no que de bom se amar merece, pude provar do doce desse sentimento como chupando a outra metade da minha laranja, uma mulher e tanto, uma companheira e tanto, uma criatura com todos os defeitos, mas que me compreendia, perdoava, ensinava e correspondia, uma mulher que Deus levou prematura, de mim e da vida, inesquecível,  mulher inesquecível a Valdete.
Hoje, casado novamente não sei se ainda amo, mas gosto muito de quem me aceitou como marido, e acho que a amei um dia, mas tal amor foi afogado pelas diferenças, entre nós, entre o que gostei do amor, diferenças da vida cruel que nem sempre é parceira. Terminando meus dias não sei quando porque já passei dos setenta, entendo que tudo se torna tarde para amar, ou ficam as lembranças, ou morre a compreensão do bom que foi enquanto durou.
Porém não posso me queixar porque a mim foi dado a chance de nesta vida cheia de surpresas poder ter sentindo amor, ter tido ilusões, e provado da paixão.
E de tudo isso levo comigo o amor, o amor eterno que sentimos por Deus, por quem nos colocou neste mundo, nossos pais,  e os mais variados timbres de amor, pelas plantas, pelos bichos, por alguns seres humanos que passam por nossa vida, e me convenço que contra a paixão já estou vacinado. Agora, é somente AMOR.





Reflexões de Jorge Curvello

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O ÔNIBUS DAS EMPREGUETES.(Um conto para quem sabe o que é andar em coletivos)

           
         

A nova denominação surgiu com a atual novela da Rede Globo que mostra a vida de três empregadas domésticas chegando ao estrelato  artístico após se unirem para formar um grupo de cantoras e a moda pegou como sempre no macaquear das imitações.  Agora não é mais doméstica e sim empreguete aquela que se emprega na casa alheia para serviços braçais.  E nada melhor para se conhecer uma malta essas dignas  serviçais do que embarcar entre seis e oito horas da manhã em um ônibus da linha 537 da viação N.S. do Amparo que liga o centro de Niterói a Itaipu cortando por Tribobó, ponte de conexão com a populosa São Gonçalo, cidade vizinha. Ali dentro daquela caçamba balançante  acontece de tudo na mais completa ordem, do cômico ao trágico e não há os que não se divirtam à vontade enquanto sofrem a super lotação.
Do trecho de Tribobó até quase o ponto final na praia de Itaipu embarca uma malta de mulheres de todas as cores, tipos e idades diferentes, cada uma mostrando na fisionomia a profissão que exerce, até porque no percurso todo não há mais do que casas de família onde elas possam estar empregadas. Elas se vestem simples, sóbrio ou exagerado  na composição, ocupam quase que todo os lugares sentados do coletivo e de pé também e a algaravia que fazem conversando parece bando de periquitos em festa de  aroeira.  São diversos tons e timbres de vozes contando ou discutindo os mais estapafúrdios assuntos, que misturados chegam a fazer rir ou enervar.
Em um dia tendo que cumprir este itinerário indo a um posto médico, embarquei em um ônibus superlotado onde caminhar era impossível e o que resolvia era empurrar para se locomover em meio a tantos corpos de todos os calibres, cheiros de todos os tipos entre perfume e budum,  e logo deparei com acontecimentos divertidos e, mesmo viajando de pé os quase  trinta minutos, nem vi a distância ser comida pelo carro da alegria trágica.  Em um banco traseiro sentava-se uma mulher de cor escura vestida com uma blusa  da cor laranja forte, presilha verde com joaninhas no cabelo duro e o inevitável cordel do celular no ouvido mostrando que ouvia música MP- 3.
Em dado momento ela começou a cantar  a melodia que ouvia do celular, enervando alguns e divertindo outros dentro do ônibus com seu tom destoado e sem acompanhamento, a voz esganiçada e o pior, em tom bem alto como se ela estivesse em um chuveiro embaixo de um gostoso banho.  Os olhos fechados impediam que ela visse o ridículo sendo notado pelos vizinhos dos assentos e inclusive eu ali perto, de pé e as nossas caras de risos e desaprovo. Mas alguém então perguntando em voz alta que ela não podia ouvir por causa dos auriculares, perguntava se ela trabalharia assim na casa da madame, sendo imediatamente respondido por outra doméstica ao lado que se fosse assim na casa da patroa dela, era despedida na hora. Na oportunidade fazendo figa, aconselhou a outra a procurar um videokê de botequim.
 O silêncio se fez por segundos porque  logo alguém puxou sinal para parada em próximo ponto e um movimento de onda começou, empurra aqui, espreme ali, se mexe acolá e toma de sacolas e bolsas se espremendo ou  espremendo na multidão.
Uma voz feminina meio rouca gritou de onde não sei:

--- Hei motorista... Tão bolinando meu traseiro... Esvazia esta merda.

E logo uma voz masculina respondeu.

--- “Guenta” firme nega que assim vai chegar no serviço esmerilhada...Quem manda ser gostosa.

Ainda com o ônibus parado no ponto outra voz reclamou.

--- Não anda motorista, não anda... Não estou conseguindo me mover aqui.

Olhei e vi uma senhora gorda com sacolas na mão tentando se desvencilhar de um bolo de “empreguetes” espremido no caminho.

E no assento perto de mim de pé e também amassado até o talo, sentindo tudo de todos nas pernas, nádegas e até parte das costas (diga-se de passagem que o ônibus também leva peão), vejo a mulata bonita de peitos fartos e decote generoso, também com ouvidos ocupados por auriculares de celular, balançando sob a cadência talvez de um funk. E uma boca colada quase no meu ouvido direito, talvez com os olhos da cara vendo o que eu via, cochichou.

--- Aí coroa, num vai ter infarto do “miocádio”.  Tá vendo só que mamãos?

Alguém que não dava para se ver donde atende então um celular e a conversa esquisita começa:

--- Quem? Quem? Ah, è tu!  Não, não peguei, não, eu não vi, não, eu não sei...  O que, comprar o que? Tá maluco?   Ta legal, tá legal.... Tou no ônibus... Ah não sei... É mesmo? Foi?. (Silêncio longo de quem ouve história)   Ò, olha só... Disso não sei não. O que sei foi que ele pegou a “bicicreta” e disse que ia na padaria, mas não voltou pro café e ela saiu puta pro trabalho. Ah... Tá... Tá...  Quando eu chegar aí  eu vejo isso... Vou desligar que tou  chegando no ponto.

E logo mais adiante ou onde nem dava pra ver outra conversa começa e outra, e outra, como se todo mundo agora resolva manter contato telefônico sentado ou de pé dentro de condução.

De pé logo atrás de mim e dando pra sentir vento no cangote alguém começa a assoviar uma melodia, barata, desconhecida e enervante. E toma de mau hálito.

Antes de eu desembarcar, ainda ouvi uma mulher reclamando de alguém sarrando  nela e esse alguém mandando ela se catar respondia que quem gostava de pelanca era cachorro de botequim.  E a voz rouca do motorista gordo adiantou: 

---- Durma-se com um barulho desses....

O Meu destino chegou, puxei como deu para puxar o cordel do sinal, me espremi como pude deslizando por bundas, coxas, e pênis até uma porta e fui cuspido para a rua, sentindo o ar renovado e vendo a nave dos condenados a balburdia se afastar rumo ao ponto final.

E há quem diga que pobre não sofre, se diverte até com tragédia....  Será?




Por J. Curvello