sexta-feira, 22 de junho de 2012

UM CRIME SEM CULPA, MAS QUE DOI MUITO EM QUEM PRATICOU.



            As coisas aqui em casa andam tensas, falta de grana, de resolver certos problemas financeiros, coisas deteriorando sem conserto, em fim vida de pobre  de quem já foi rico. O padrão de vida encolhido pede encolher despesas e estas incluem acabar com bichos de estimação, no caso cachorros e, para ficar com algum foram escolhidas duas pinsher que comem pouco e não sujam nada, já a outra, uma cadela maior de raça vira latas e comilona, arteira, e porca (vive destruindo coisas e sujando o quintal além de implicar com as miniaturas  de cão ambulantes).

            “Aqui tento fazer rir para não chorar, mas é como estou me sentindo, chorando por dentro por um crime praticado sem querer.”

            Insatisfeito com a tal cadela e de há muito, venho tentando fazer doação, mas ninguém quer e não agüentando mais ter que todos os dias limpar merda, varrer canil e de tudo isso o pior, ver o bicho enjaulado em espaço pequeno porque o terreno fica para as duas pinshers, indefesas diante da brutalidade da peralta., decido-me por abandoná-la na rua, escolhendo assim lugar livre de carros e perigos a maior do que outros cães vagabundos. Em ultima tentativa avanço para uma rua com muitos donos de cães que vivem soltos, vira latas como ela e tento a deixar entre seis deles pertencentes a um homem. Todos vivem soltos de correntes e em liberdade total. Ela finge aceitar, mas quando venho embora, lá vem o bicho correndo atrás de mim e, penalizado, volto com ela para casa, prometendo a eu mesmo não mais abandoná-la. Como resultado do arrependimento me decido por deixá-la livre junto com as pinsher e eis que o imprevisto acontece, ela persegue uma delas e a pobrezinha sempre amedrontada, acaba deslocando uma das patas, com fratura, me cortando o coração. Eu, o único ser consciente ali me sinto o culpado, choro, pego a  o animal e nem adianta pensar em procurar veterinário porque não tenho um puto no bolso, tendo que, para mitigar a dor do animal entalar eu mesmo a pata danificada. Isto acabou com meu dia já tão castigado, me fez arrepender de um dia ter conseguido esses cães, ter confiado no puto do Aérus na tal complementação de aposentadoria e quem me jogou nesta miséria, sem dinheiro até para ter um cão e cuidar dele como merece. E meu castigo promete perdurar enquanto esse bichinho que, fatalmente vai ficar aleijado, viver, vendo desde que acordar a todos os dias o resultado de minha irresponsabilidade em confiar que a vira latas fosse mais caridosa e não assustasse a menor. Chore muito tentando ser enfermeiro , mas o choro não adiantou, ficou a dor, a dor de me saber um velho incapaz até de dar socorro a um cão.

Comissário de bordo da Varig
Curvello

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A FELICIDAE NÃO SIGNIFICA DINHEIRO NO BOLSO



Final de semana começando sábado de sol, temperatura agradável, tudo para ser feliz, mas faltava dinheiro. Saí de casa amargando em minha carteira 14m00 reais, dinheiro para imprevisto já que as passagens ou condução eu não precisaria pagar. Meu destino era Coelho da Rocha, um subúrbio da baixada fluminense onde pouca gente parece ser classe média e para a casa de um parente de minha mulher, uma tia mãe de filhos que divide com eles em suas casas humildes o pequeno terreno que faz a residência toda parecer um pedaço de favela com construções não acabadas e faltando muito, janelas, portas, cômodos melhores, mas muita, muita alegria e felicidade desde que se pisa naquele terreiro.
Um almoço regado à cerveja estava sendo preparado, e não somente um prato ou o tradicional e mais barato churrasco de pobre onde a carne comparece no servir, em tiras mal passada ou sangrando. Não, havia muito mais, havia  dois panelões de feijão carregado (toucinho de porco fresco, lombo, batata picada, muito tempero, bucho de boi, lingüiça, uma delícia), outro grande com arroz branco, outro com farofa batizada,  mais um de caldo verde e outro de sopa de ervilha seca. A cerveja estava ali, geladinha e farta, produto de racha entre os filhos da dona da casa e para mim, de presente, uma garrafa de rum carta ouro. No som de pobre, meio chiado, a música do momento, pagode, funk e forró e no rosto daquela gente toda somente sorrisos e sorrisos, agrados, histórias alegres e sem fofocas. Ali se contava no dedo os brancos de pele, eu e mais dois, os demais de cor negra, alegres e confiantes no dia do hoje sem se importar com o amanhã porque, como sempre dizem por lá, amanhã o sol nasce e é para todos. e aquela gente não tem conta bancária, talão de cheque, cartões, apenas tem a grana que recebe dosa salários minguados e que ajuntou para a fartura da festa.
Eu chego e logo me recebem com alegria, abraços, muita festa, e a matriarca avisa que vai sair um empadão de galinha logo logo  e que será levado ao forno, e em minha homenagem. mas como sabe por minha mulher que de há muito sinto vontade de comer empadinhas, na surpresa cria algumas, asa e esconde no quarto, para me presentear na hora de vir embora, no dia seguinte porque dormirei por lá.
 A tarde cai, as barrigas estão cheias e a cabeça alegre da bebida e tudo e canto, brincadeiras, risos e muita alegria. è aniversário da filha mais velha da dona da casa e aparece um enorme bolo, salgadinhos, bandejas arrumadas com ovos de codorna e molho rosê e outras iguarias costumeiras. E toma de gente chegando e considerações, risos e abraços, alegria alegria.
 Mais tarde, porém antes da festa acabar procuro o canto para me deitar porque quero dormir e um dos pequenos quartos foi reservado só para mim e minha mulher porque os demais que dormirem por lá vão se espremer aonde a casa suportar. e eu durmo no meio de toda aquela algazarra, sem me importar.
Na manhã seguinte lá vem o café gostoso, pão na manteiga, mais sorrisos e alegrias e chega à hora do almoço onde um churrasco improvisado acompanha o que sobrou da véspera. E toma de rum e cerveja, risos e alegrias.
Saio de lá por volta das sete da noite e com o coração apertado porque, decididamente ali não há lugar para tristeza, pensar na vida, chorar a vida, lamentar o não ter ou dificuldades, ali é só felicidade a alegria e ao chegar em minha casa por volta das vinte e duas horas e  estou sorrindo ainda, de alma lavada e corpo feliz.  Aqui voltam as dívidas, as faltas, os contratempos, mas t trago comigo a lição de que para se ser feliz ,basta um momento e ele vai valer pela vida afora. Realmente vejo que para o pobre de verdade, aquele que se orgulha de assim ser e gosta, A FELICIDAE NÃO SIGNIFICA DINHEIRO NO BOLSO


Por Curvello