sexta-feira, 24 de junho de 2011

APOSENTADORIA

Aposentei-me pela Varig aos vinte e sete anos de vôo sob condicional no Instituto Aérus de Aposentadoria Privada, o órgão ao mesmo tempo meu benfeitor, como somente feitor que ela arranjou para nós. Passei o primeiro ano matando velhas saudades do tempo de vagabundo e logo depois sem agüentar o tédio me profissionalizei como ator, estando até os dias de hoje na ativa. Foram anos de assistido corretamente pelo Aérus o Instituto de Aposentadoria Complementar criado pela Varig, recebendo um benefício igualado ao meu salário da ativa que me deixava confortável para seguir minha velhice podendo viver de hobby e assim como eu perto de mais de oito mil assistidos.
Mas infelizmente a própria Varig que isso nos deu isso nos tirou enveredando por má gestão que a foi levando a uma proposital destruição porque muito de nós, os verdadeiros prejudicados em toda a história, não acreditamos que uma multinacional do seu porte e com tanta credibilidade no mercado fosse a bancarrota assim tão depressa e sem defesa. Não, isso não poderia acontecer e se aconteceu deve te sido um golpe, um sujo e monstruoso golpe desumano para enriquecer alguns em nome da destruição de milhares.
Casos semelhantes aconteceram com a Pan American Airways, com a Trans World, Swissair e com outras grandes empresas do porte da Varig, mas sabemos que por trás de todas existe a mão da ganância e da falência proposital para aluem lucrar. Uma empresa fecha e com ela morrem suas dívidas, mas seus condutores sobrevivem e bem de vida. Qual então a explicação?
No caso da Varig algo foi bem mais planejado certamente. Porque primeiro o Aérus foi criado e a Varig foi sua gestora, depois veio à obrigação de a ele pertencer ou não se trabalhava na Varig, e com isso começaram os vultosos descontos em folha para serem repassados para o Aérus que, por sua vez, foi permitido de existir pelo governo federal, natural fiscal das aposentadorias complementares e que a ele se assinou como fiscal. Depois começaram as inconseqüências avassaladoras, as compras de modernos aviões insustentáveis pelo preço dos combustíveis e a nossa conhecida Varig antes tão avaliadora deixou de fazer isso. Mas em nome do quê? Promessas de um governo que ela mais do que ninguém sabia não honrar com palavras? Afinal ela derrubou assim a Panair do Brasil, usando o governo.
E a ciranda do mal avançava inexorável a cada dia, a cada mês e a cada ano, aumentando as dívidas da empresa fazendo gastos desnecessários de compras desnecessárias, visto a frota de aviões que a empresa possuía e hoje é sucata espalhada por quatro cantos, visto as belas louças do serviço de bordo que a Varig sempre usou e a tornou dona do prestígio obtido, vistos os uniformes sendo trocados sem necessidade, enfim diversas coisas desnecessárias e sempre idéias de diretores, gente que aos poucos fez diminuir o padrão Varig. Mas ainda assim ela era ainda a melhor, a mais procurada, a mais elogiada em todo o mundo, nem somente no Brasil e seus aviões voando sempre lotados.
. E agora a Varig surgia completamente endividada com seus credores, mais principalmente com a Boeing que ameaçava tirar-lhe os aviões, escondendo a verdade recorrendo ao governo que não era bobo e lhe disse não, mesmo devendo para ela fortunas de uma combinação que nunca cumpriu, o repasse tarifário das passagens vendidas no Brasil, uma quantia que daria para amortizar a dívida dos repasses que ela tinha com o Aérus um outro que incompreensivelmente passou a lhe ajudar com empréstimos seguidos e tudo feito em maracutaias de papel, contratos sem valor jurídico. Mas porque fez isso, porque ajudava a inadimplente e a quem lhe prejudicava, por medo da Varig afundar? Ora, ela não era mais sua única credora e a resposta está onde se vê, o Aérus continuando de vento em popa apesar de jurar que não.
E o que foi feito com o dinheiro da venda dos hotéis da rede Tropical antes pertencentes à Varig? E a Fundação Rubem Berta, criada e antes pertencente à Varig onde entra nesta sujeira toda? Diretorias demais talvez.
Notícias de quebra, notícias de prejuízos, notícia de fragmentação para ajudar. Mas ajudar a quem? A Varig ou aos seus gestores? E o nosso Sindicato, onde andava, porque não fez nada?
E o pior aconteceu, A Varig, ou o que restou dela, foi finalmente quebrada, uma parte dela vendida, a outra endividada escondida sob um novo nome, Flex, e a essa o governo disse não mais uma vez acabando por enterrá-la, assim como disse não ao ser cobrado na justiça das responsabilidades que tinha sobre nós, os aposentados e prejudicados do Aérus, o Aérus que diante disso tudo parou de nos assistir e ha cinco anos vem somente pagando o que chama de reposições no valor de 6% do que nos deve pagar. E com todos eles passando bem e sorrindo também, mais de dezessete mil funcionários choram dinheiro perdido, outros oito mil já aposentados amargam a miséria e a vergonha, a perda da dignidade ao ter que ser socorrido por amigos e familiares com grande quantia de uma carteira de aposentadoria presa no Aérus que, sabiamente o governo interditou.
E onde anda nosso Sindicato lutando com rosas em confrontos cavalheirescos com o governo onde deveria usar espada, antes do pior acontecer, saber e nos avisar, ou se já depois instigar a luta de verdade, do berro e da força? Este. È o mais sujo e escandaloso golpe acontecido no Brasil, um conluio de três falsos prejudicados, Aérus, Varig e governo federal, unidos contra os velhos e futuros velhos do nosso país porque nessa tragédia toda somente nós, funcionários da Varig e aposentados da Varig, saímos perdedores. Uma empresa acabou, mas não quem a enterrou e esses todos nós sabemos estarem em boa situação.

Porém se conseguiram apagar a empresa Varig, jamais conseguirão apagar o nome dessa Companhia aérea que foi e será sempre o maior orgulho do país, não apagarão o amor que muitos dos seus prejudicados ainda assim sentem por ela, não apagarão sua história até onde ela existiu como orgulho, nem o orgulho de um dia muitos de nós termos ajudado na sua ascensão e construção, isso ninguém. conseguira

Eu nunca amei a Varig, e se amei alguma empresa aérea ela foi à chamada Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul onde comecei a voar. Da Varig sempre entendi seu mecanismo apesar de não concordar, mas devo a Varig tudo o que fui e que consegui, mesmo que agora nesse destino triste de ser um dos seus aposentados, mas coisa que suplanto porque enquanto verdadeira Varig, ela soube me honrar e retribuir toda a admiração sentida.


Fim

.Retirado do livro de Jorge Curvello:
Varig – O ocaso da estrela
Brevemente a venda no site da Amazon

domingo, 19 de junho de 2011

O DILEMA DE UM VELHO

Aqui estou eu novamente sentado diante de um computador, meu amigo e companheiro de horas de solidão, me divertindo. E aqui estou eu, emborrachado depois de uma noite passada em um bar, bebendo todas sem medo ou complexo, mas sem perder o juízo. E então penso:
Quem estará mais certos nesta vida, os médicos ou o cidadão? Pobre cidadão com quem me relaciono neste meu ocaso de setenta anos vividos, gente velha como eu que, meio inculta e por distração me pega conversando com eles por não ter mais com quem, porque não gosto muito de velhos para me relacionar preferindo os jovens porque jovem é sonho, alegria, invenção e divertimento, enquanto velhos significam nostalgia de coisas que jamais tornarão a ser como foram mesmo se voltarmos a viver tais lembranças e porque os velhos não sonham mais porque a experiência da vida mata o dom do sonho artificial. Mas escuto o que eles dizem a respeito de nós, os velhos.
Se vou ao médico ele me diz para não fumar porque isso mata, não beber porque isso acaba com a gente, não dormir tarde porque precisamos de oito horas de sono, não comer disso ou daquilo e até se trepar, tomar Viagra. Se eu ouço a esses velhos eles me dizem que se não beber, se morre do mesmo jeito, se não fumar, acaba-se morrendo da mesma maneira, se dormir muito a vida passa e se não se comer o que se gosta, ficamos na saudade e, quanto a Viagra, poucos deles conhecem a droga afrodisíaca por aqui.. Que dilema!
A verdade é que os dois têm razão, são sábios cada um da sua maneira, um por estudo que não garante a veracidade porque eles mesmo adoecem e morem sem saber quando isso acontece, o outro pelo que a vida lhes mostra na impossibilidade de estudar e saber, ou pensar que sabe, pouco a vida então vindo a lhes ser cara, e sem lhes garantir a longevidade. E em cima do muro, estou eu sem saber para que lado pular.
O que penso nestas horas silenciosas da madrugada é que o melhor a fazer e mesmo fazer de tudo um pouco, não fumar, mas fumar controlado, não beber, mas tomar algumas, dormir cedo em dia de semana e tarde nos finais. E assim sou jovem outra vez, desafiando a vida, e assim sou velho tendo prudência, e acho que esse sou eu, apesar do dilema que continua porque, sinceramente, se não sabemos quando, onde e vamos morrer, não adianta mesmo tentar evitar a morte e o melhor e com ela não se preocupar.

Por Jorge Curvello

domingo, 12 de junho de 2011

MEU SONHO RUIM

Ontem jantei e me sentei para ver o Jornal Nacional, acomodando-me em minha velha poltrona da sala de estar olhando no écran a figura patética da nossa Presidenta com aquele seu rosto indecifrável de mulher ou tenente falando para o Brasil em uma daquelas mentirosas propagandas de seu governo. Logo a seguir entrou a do Ministro Temer complementando a baboseira com seu rosto gaviônico e emendando na defesa do povo uma outra onde políticos da oposição atacavam os dois diretamente querendo alertar o povo, mas não pelo Brasil, mas sim por suas candidaturas que sabemos tentam continuar sendo o mesmo balde somente mudando a merda. De barriga cheia acabei adormecendo e sonhei, melhor dizendo, tive um sonho mau que logo virou pesadelo.
No meu sonho aparecia agora o Palácio do Congresso Nacional em Brasília, em dia de “festa”, com todos os políticos a que tinha direito e deveria ou não estar ali porque aquela reunião se tratava de uma mega decisão governamental e era preciso apoio imediato e sem votação, de todos os seus partidários e da oposição também. E lá fora, em uma visão de flash no sonho, todos aqueles enormes e brilhantes carros negros de marca importada e muita guarda federal tomando conta. Porém, a presença em massa parecia estar ali para nada, todos sentados em um falatório e risos enquanto serviçais desfilavam canapés e caviar regados pelo mais fino wisky. De certa forma, naquele “descanso” de “trabalho”, todos pareciam à espera de alguém e esse alguém era a nossa Presidenta..

E ela chegou pomposa em sua roupa simples de gosto indefinido, os cabelos arrumados como se no velho tempo do laquê/lake, sorrindo com aquele sorriso de ariranha faminta, acenando como se estivesse em dia de parada e então o meu sonho transformou-se em pesadelo.

Moral da história: todos aqueles mentirosos estavam ali comemorando uma grande vitória, algo jamais pensado de um dia ser conquistado, a completa independência do Brasil, de seu terrível e pernicioso inimigo, o povo. Á gargalhadas um senador com copo a meio na mão alardeava para outro segurando um canapé de salmão.

--- Finalmente amigo velho, nós conseguimos.

O outro, sem saber se mordia o canapé ou falava, no vai e vem da mão respondeu.

--- Uma grande vitória... Agora temos todo esse território somente para nós, sem aqueles miseráveis sempre querendo aumento, exigindo isso ou aquilo, precisando disso ou daquilo e nos fazendo suar a camisa para satisfazer.

Um terceiro chegando sorrateiro perguntou.

---- Mas e agora, quem vai nos servir, pagar imposto?

O do canapé riu, enfiou a iguaria na boca e de boca cheia respondeu.

-- E pra que tudo isso agora mano velho. Somos excelentes mediadores e temos tanta riqueza para vender que imposto vai virar gorjeta. Basta importar mão de obra para tudo e pagar barato. Somos dono desse gigantesco “condomínio” e tudo agora é nosso, sem aquela gentalha pra impedir. O nosso deus é justo e acabou com todos, ou melhor... E nós ajudamos né?

E ele riu soprando fagulhas do canapé para fora da boca sujando o terno de puro linho do amigo.

No pódio a Presidenta chegando acompanhada do velho nosso conhecido Lula interrompeu aquela conversa começando seu discurso sob aplauso geral, E na explicação daquela cerimônia confirmava a prévia da conversa dos ladrões.


--- Meus amigos, bravos guerreiros brasileiros que sempre souberam ao que viemos e porque aqui estamos. Estamos aqui nesta data tão importante e comemorativa para brindar ao sucesso de ter finalmente conquistado somente pa nós e nossos entes queridos esse grande condomínio, o nosso amado Brasil. Agora não há mais seu povo ameaçando de sujar tanta beleza, destruir tanto patrimônio, aviltar tanta pureza e no lugar dele somente nós para gozar toda essa maravilha uma vez que expurgamos a grande praga. Com todas as riquezas que acumulamos e as que temos neste país nos será fácil importar mão de obra para tudo, mas gente de fora que venha e se vá, sem pedir nada, sujar nada, destruir nada ou ter direito a mais do que um salário e baixo, porque sabemos como economizar. Ora velhos companheiros de batalha... Meus ouvidos não agüentavam mais tantas lamúrias e chatices, tanta churumela e reclamação pô.

E um coro de palmas explodiu, com ela continuando.

---- E todos os presentes nessa casa merecem elogios, pelo tanto que souberam ser teatral em enganar miseráveis e pretensiosos, gente pobre e gente rica que pretendia também lucrar e pouco se importava com o futuro desse país, um país livre da praga de habitantes que, senão controlada sempre estraga. Agora aqui só nós, só os ricos, os herdeiros de Ali Baba, os donos do mundo, e sem precisar ouvir mais nada ou prestar conta de mais nada porque não há mais quem venha nos pedir, nada. Bolas companheiros... Não era isso que sempre quisemos? Valeu tanto sacrifício, tanta luta, tanta espera, mas afinal e finalmente,... ESTE BRASIL É SÓ NOSSO!

Então acordei num salto, suado e vendo que já acabava a novela das oito, molhado não pelo medo que o sonho se realizasse, mas sim por saber que eu sempre soube que era isso que aqueles sacanas desejavam sempre, ano após anos, ser donos do Brasil, do meu e do seu Brasil, que no sonho meu deus, já era deles. Ironicamente logo os créditos da novela sumiram e entrou uma propaganda sobre a manifestação dos bombeiros e da pequena vitória conseguida com a soltura dos aprisionados. Então pude engoli o nó que se formava em minha garganta, esperançado naquele movimento que talvez, quem sabe, foi o primeiro de muitos que virão para impedir que uma corja de safados no momento com faca e queijo na mão, tome posse e nos expulsem de nosso país.

Por Jormallo

sábado, 11 de junho de 2011

RETORNO AO BAR DO NADA

RETORNO AO BAR DO NADA


Parece sina, mas é necessidade e, sem ter para onde ir neste fim de mundo voltei hoje ao bar do nada. Voltei pra encontrar mais um ambiente bizarro e cheio de gente que nada tinha a ver comigo como vou contar.
Cheguei, pedi minha notória coca cola de seiscentos ml, um maço de cigarros e fósforos, coloquei ao lado sobre uma mesa minha garrafinha com Rum e, degustando biscoitinhos da Piraquê sabor quijinho comecei a olhar o movimento ouvindo musica barata saída do junk Box. Logo um berro foi ouvido e sem voltar à cabeça eu sabia partir de um velho bêbado bebendo no outro balcão, um sujeito bizarro usando uma peruca meio chanel pra esconder a careca. E ele não cansava de berrar par outros passantes

--- ESCUUUTAAA, Não me viu? Vai seu jagunço de chuteira.


Jagunço de chuteira... E fiquei imaginando como seria um jagunço jogando futebol. E ele não ficou naquela, berrava e berrava, atrapalhando a música.
Depois foi o homem sentado na mesa a minha frente, puxando assunto para logo depois cortar, um matuto trabalhando em algum lugar no bairro e aprisionado, como eu, no lugar do nada. E logo chega um vizinho envergando camisa do Vasco, eufórico um dia depois ou dois, não sei, do time ser campeão. E ele me vê e diz.

---- Aí seu Jorge, é hora de suar a camisa.

E suar a camisa significava o que se eu sentia frio usando uma normal, encapotado com uma jaqueta?

No junk Box a música paga continuava entoando e eu tentando, sem poder, me divertir com ela entre um gole da bebida, meus acompanhantes biscoitos da Piraquê e cigarros.
E em outra mesa mais afastada duas coroas gordas, comiam torresmos com palito, as duas entornando cervejas que já somavam duas garrafas vazias. Amigas se distraindo, pensei... Mas seriam?
Eis que da rua surge Robson, o pé de cana que basta se entrar em um botequim do lugar e aparece, sempre cambaleando e a procura de quem lhe pague uma cachaça. Eu até procurei dar uma de presente, mesmo sabendo colaborar com sua propensa cirrose, mas custava caro, um real, e achei muito por um veneno e desisti.
No junk Box entra um grupo de pagode e o cantor canta Fugidinha com você. Ah se eu tivesse alguém porá fugir comigo daquele lugar? E na calçado um dos diversos cães, vadios, de mau humor se atraca com outro provocando espanto da freguesia que começa a opinar falando abobrinhas. Ah quanta cultura meu Deus!

Chega um casal acompanhado de um garoto e um rapazola e o rapazola, pinta de garoto normal sai do armário ao receber sua bebida, num uuiiii que assusta de tão fresco. Não tem nada não, tudo vale neste lugar do nada.
Alguém fala alto e escuto notícia que à noite o bar da frente vai ferver de gente e alguém ao lado complementa. Eu sei... Mas tomara que a porrada não coma como em todos os sábados. E eu, sem me atrever a olhar os donos das vozes penso comigo... É só pagar pra ver.
Meu relógio me mostra que já são quatorze horas e acho que é hora de voltar para casa. Afinal saí só pra comprar algo no mercadinho do lugar. Olho mais uma vez ao redor e nada acontece ou tudo acontece e eu não vejo, não entendo o que fazia ali, sozinho, sem ter com quem conversar com medo de ofender por não acompanhar a cultura local, pensando de como estaria melhor comprando e indo embora, ficando em casa e mesmo que só para ficar sentado na frente de um computador. Bolas, mas eu ainda estou vivo, não tenho culpa se confiei em uma entidade pagando por aposentadoria especial e ela me enganou, não tenho culpa se Deus me reservou este destino mesmo quando paguei caro para ter uma velhice melhor, não tenho culpa de me esquecer de ser igual, camaleônico, poder ser, sentir e viver como os que agora me cercam, viver a vida que esqueci que existia quando um dia fui comissário de bordo, homem culto e refinado, da também fracassada Varig.
E retorno para casa depois de pagar a conta, sozinho, mas consolado de saber que entre os quase dezesseis mil fracassados do Aérus, nem todos precisam freqüentar o bar do Nada.

Por Jorge Curvello

quinta-feira, 9 de junho de 2011

ONDE ANDAM NOSSOS VALORES?

Acabo de receber um vídeo onde astros e estrelas da vida artística se revoltam contra e o atual impasse envolvendo os bombeiros. E estou com eles porque, sinceramente em todos esses meus setenta anos de vida nunca vi nada desmoralizando essa magnífica instituição que forma homens que a honram, não se corrompem quando usando suas fardas, nem jamais foram flagrados com elas em situação corrupta. E então, vendo as recentes notícias e conhecendo os motivos que as fazem existir pergunto: Onde andam nossos valores e o que está acontecendo com nosso poder judiciário?
Hoje ser gay baderneiro é lutar pelo reconhecimento dos direitos, ser policial corrupto é moda, ser político de ficha suja, é ibope, ser honesto, virou crime e assim vai. Não entendo os seres cultos de hoje em dia presos a tal desordem, buscando defesa para quem não tem e tirando a de quem tem se busca melhores dias para si e sua família. De a muito estamos mudando nossos hábitos, antes libertos na confiança da justiça e do policiamento, hoje ao inverso vivendo atrás de grades sem sermos prisioneiros. E onde anda nossa segurança?
Não são poucas as provas e as notícias, de que quem é pago para nos proteger trapaceia, ilude e até mata, de quem é pago para nos julgar vai mais pelas aparências ou até possibilidades de lucro, de quem é posto em comandos para nos organizar, governar e dirigir, de nós se esquece atrás de cortinas duvidáveis, a nós mente forjado em honestidade, e a ciranda aumenta.
Hoje em dia parece ser o criminoso um injustiçado e o inocente um meliante, pessoas de bem são motivo de suspeita enquanto bandidos são motivos de fama e ovações. Não temos mais uma boa imprensa, uma boa televisão, a boa polícia, o bom a serviço médico responsável ou uma boa escola, nem um sistema que garanta a volta de tudo isso, existimos empurrados em opiniões que divergem pelas notícias recebidas e pelo analfabetismo da maioria que não passa do ensino básico. A comida é podre, a água e doente, o ar é contaminado, e não bastasse tudo isso, ainda temos que agüentar essa troca de valores, essa imposição que nos diz que honesto bom é honesto morto e que temos que assim agüentar sem reclamar. E viva a nossa democracia.
Não somente os bombeiros, mas todas as classes merecedoras de bons salários ficam preteridas a espera de intermináveis soluções quando tais soluções podem e devem ser urgentes. Não somente bombeiros, mas todas as classes trabalhistas que nos serve para ensinar, proteger, curar e salvar se encontram com salários defasados em nome de simples políticos que nada fazem e merecem aumentos alarmantes e nessa hora não falta verba nos estados ou na união federal.
Hoje longevidade de idoso é crime contra o estado, é prejuízo ao cofre nacional como se viver mais custasse dinheiro, crianças devem ter pais ou então são esquecidas porque órfão dá prejuízo ao país, doente devem morrer porque vivo, mas adoecido, custa caro às entidades públicas existentes para lhes proteger. Hoje um cartão de visita do país é mais importante do que uma vida. Onde anda o valor humano dos bons costumes e da honestidade e os demais, onde andam?

Por Jorge Curvello

terça-feira, 7 de junho de 2011

SODOMA E GOMORRA ESTARÁ RETORNANDO?

Pouco sei das histórias da Bíblia sagrada porque nunca a procurei mesmo sendo católico devoto ou se quer a li ou preciso entender visto que esbarro sempre que tento em coisas que soam como já sabidas de ser ou existir. Mas assisti ao filme Sodoma e Gomorra e por ele me baseio nesta suposição de que a história se repete e estamos começando a repetir algo muito perigoso para a nossa continuidade, ou seja, a destruição de nossos valores e troca perigosa de conceitos e opiniões. Defronto-me a cada dia mais com permissividades absurdas, conceitos esdrúxulos e desnecessários e uma série de perniciosidade para o ser humano já tão inseguro de sua origem e destino sobre o mundo, que acredita saber o que não sabe de fato ou se sabe, sabe erradamente.
Vejamos o caso dos gays, seres injustiçados quando discriminados porque não escolheram essa posição na vida, porém também seres mal informados do que é ser homossexual na sua maioria e capazes de envergonhar uma nação com seu comportamento e opiniões da vida. Antes tão perseguidos em um passado não tão distante, foram aos pouco conquistando espaço e hoje proliferam absolutos na convicção de que todo hetero é gay por natureza e assim se tem que acreditar ou acreditar-se a si mesmo. Bolas, opção sexual provém de sentimentos, algo impossível de dominar, mas não exige comparações e provas de verdades porque tal verdade aí soa como mentira. Ser gay não é pecado, gostar do mesmo sexo sexualmente também não, mas é preciso que se reconheça que tais valores devem ser preservados entre quatro paredes ou pelo menos em ambientes propícios a essa pratica considerada justamente anormal quando dentro de uma sociedade que, mais velha, firmou leis que condena.
Na ajuda a tal afirmação foi criada e permitida pela democracia a parada gay, mas pergunto no que ela se transformou no Brasil? Uma multidão assumida ou tentando se assumir de homossexuais que saem ás ruas para mostrar aberrações, desrespeito e agressão aos costumes, nunca mostrar a existência de seres iguais a todos os demais. Agrupados e soltos, até protegidos por policiais, eles exageram em procedimentos promíscuos, urinam na rua, se relacionam sexualmente na frente de todos basta haver uma chance e ninguém ali parece disposto a verdadeiramente reivindicar direitos, mas antes mostrar revoltas e agressão moral.
Se deixado à revelia o gay de agora explora o sexo animal e não emocional, suja e contamina ambientes com dejetos oriundos de ejaculações e urina, pouco se preocupa com quem vê, se ainda incapaz de lhes compreender, crianças inocentes ou senhoras conservadoras, dando vazão ao instinto em nome de uma reivindicação absurda. Se proibido de relacionamento público grita por liberdade, quer se igualar a casal normal de homem e mulher, ter corpo feminino, ser pai sendo mãe ao mesmo tempo, e sempre preocupado na sua promiscuidade em satisfazer seu insaciável desejo sexual a procura da perdida emoção.
E certo que existem os que não, os que sentem a vergonha à frente da necessidade orgânica, que se protegem e protegem a quem lhes repudia, mas são tão poucos dentro de uma esfera que chega a ser incontável e nessa esfera se perdem por completo. E as vitórias acontecem tão vertiginosas que chegam a assustar, visto agora estar bailando até no poder púbico decisões de acerto que lhes permitam existir de igual para igual com casais normais, que lhes assegurem direitos de lei e até que seja o problema ensinado e discutido no ensino público.
Mas serão os gays culpados, os simpatizantes culpados? Ou tudo não é só o começo de uma nova Sodoma e Gomorra, que desta vez certamente não ouvirá a voz do Criador avisando aos não contaminados para não olhar para trás sob perigo de petrificar?
São tantas as mudanças no mundo acontecendo, diferente do que conta à história de Sodoma e Gomorra, uma cidade apenas entre tantas outras cidades da época, são tantas as modificações encontradas, os perigos acontecendo, violência, terremotos, desmatamento, degelo, poluição da atmosfera, tudo junto e chegando quase ao mesmo tempo com essa modificação sexual do homem e da mulher que hoje se consente experimentar o que sempre foi dito proibido, uma grande maioria abrindo seus armários.
Não que sempre não haja sido assim, que sempre não haja existido gays e simpatizantes, mas na história do mundo sempre a época acabou e não satisfatoriamente, como se nosso Criador deixasse acontecer para então renovar e voltar a fazer valer os conceitos que nos foram ensinados desde que nos conhecemos, coisa que se continuar como está não mais existirá para novas gerações, que virão a um mundo permissivo em completo, mas certamente afastado do amor, do respeito e da moralidade.
E então sem ouvir a voz do aviso, estaremos caminhando para a completa destruição.


Por Jorge Curvello

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O PEPINO DA MORTE

BACTÉRIA NO PEPINO


A cada dia surge no mundo uma nova ameaça e desta vez por um dos piores inimigos que temos, a bactéria, ser microscópico, mas com poderes de deuses, capazes de nos ajudar a viver como nos matar. Nada anormal se considerarmos ser ele o primeiro agente de nossa degradação física após a morte, e às vezes, ansiosa por completar seu trabalho, nos levando para ela.
Desta vez a ameaça surgiu na Europa, em países considerados cuidadosos quanto à saúde humana, e logo arranjado de culpa de alguém, no caso os espanhóis por serem exportadores do produto que o inimigo escolheu para proliferar e eu pergunto: Escolheu ou foi escolhido? Nada anormal se considerarmos a Espanha vítima de terroristas e terroristas capazes de terem biólogos em seu meio porque nessa luta vale o espírito de porco de cada um, culto ou inculto.
Pois bem... Quem garante não ter sido o micróbio inoculado em uma safra de pepinos vindos da Espanha só para culpá-la com objetivo duplo, prejudicar um inimigo enquanto acaba com outros? E lá se vai inocente pagando por almas que nem deveriam ter nascido.
A gripe Espanhola, uma que nunca foi provada de haver começado no país castelhano e sim exalou dos mil corpos mal enterrados ou abandonados depois de cruenta guerra, rápido se alastrou, cruzou ares e oceanos e atingiu o mundo, ceifando milhares de vidas em minutos bastava atingir o corpo humano, e não poupou nem o Brasil, terra longe e ainda despreparada para recebê-la. Minha mãe que sobreviveu sem ser inoculada pelo vírus, um outro de nossos queridos “amigos” ocultos, ela contava que a coisa era tão rápida e perigosamente contagiante que bastava um minuto de infecção para tombar a vítima em agonia pré-morte, levando-a antes de poder ser socorrida e que no caos que se formou pelo medo de quem socorria, ela era abatida ali mesmo onde caia por sadios, preocupados com a sobrevivência sua e do planeta. Enxadas para enterrar serviam para matar, caixotes serviam de transporte e caminhões eram os coches com coveiros que por vezes nem chegavam a enterrar ninguém, mas eram eles os enterrados.
Depois veio a Asiática, menos cruel ou poderosa e essa eu vi acontecer e a prostar pessoas com febre alta e calafrios por semanas, enfraquecendo os fortes e matando os fracos. E como minha mãe, eu não a peguei. Depois veio a do suíno, a do frango e agora surge o pepino, órgão curiosamente objeto de erotismo pela forma ousada que apresenta se assemelhando ao um invejado membro sexual servindo agora de cobaia. E o pepino começa a levar a culpa de estar matando os desprecavidos. Mas como precaver se o verde bonito e a testura gostosa dessa leguminosa convida a uma boa salada sem que possamos ver tais minúsculos seres grassando nele?
E preocupada em defender sua pátria uma espanhola na frente das câmeras morde, mastiga e engole um pedaço do pepino espanhol comendo aquilo que acusam de matar, mas permanecendo viva. E isso prova alguma coisa? Claro que não. Aquele pepino podia estar sadio, mas e os demais? Aquele pepino e seus irmãos espanhóes jamais continham a bactéria, mas e os de toda a Europa? Aquele pepino assim como todos os gostosos pepinos do planeta poderia ser inocentes, mas não indefeso quanto a injeções. E assim ficamos nós, assustados, com medo do pepino que na boca não machuca, é gostoso e faz bem. È assim vamos arrastando nossa impotência diante do mundo malvado que hoje em dia parece mais querer ver a caveira do alheio do que prevenir, da imprensa que busca o ibope nem que seja no sádico, da mentira porque ninguém sabe de onde vem essas maldições forjadas em desculpas de serem naturais porque não falam nossa língua e não podem nos falar a verdade nem apontar culpados. E assim caminha nossa triste e cruel humanidade que já foi sadia, que já foi boa, que um dia amou e cuidou, mas que hoje odeia sem saber que sente o ódio porque isso de ficar jogando má notícia e coisas sem comprovância em telas, vídeos ou periódico é coisa de quem amor não sente ou sequer a piedade.
Quanto a mim que não sou amante diário de um pepino, só do murcho que carrego em minha anatomia, não bailo na preocupação de meu amanhã que aos setenta anos pode ser daqui a pouco ou sei lá se séculos em um surgido milagre de longevidade, uma coisa que não espero porque só com essa idade já sinto o cansaço de aturar tanto terror.
Mas enquanto meu pepino envenenado não vem, nem o porco, nem a penosa, nem a bactéria seja ela de que nacionalidade ou periculosidade for, vou ajudando a ajudar ao meu vizinho a refletir, pensar, ver a diferença entre noticiar ou aterrorizar, e com isso se livrar das infecções oportunistas ajudando sua defesa imunológica com felicidade, despreocupação e amor.
Que venham as bactérias, que venhamos pepinos.

Por Jorge Curvello