segunda-feira, 19 de novembro de 2012

DIREITOS HUMANOS... MAS PARA QUEM?


Sou contra matança seja ela de humanos ou animais desde que não para efeito justificável., mas concordo com o protesto do vídeo desse autor e suas perguntas.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


ALGUMAS MULHERES DETESTAM  O CARDÁPIO E PROCEDEM ASSIM.... QUE PENA!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

          MINHA AMADA E SAUDOSA
            SERVIÇOS AÉREOS
             CRUZEIRO DO SUL

                  Ainda menino eu a via passar voando em seus aviões sobre o teto de minha casa, depois mais crescido  via seus anúncios pelo jornal convidando a jovens a ser  aeromoços (as).  E então um belo dia lá estava eu, sentado em um escritório de advocacia trabalhando como escriturário nas manhãs vendo passar pela janela do escritório no céu descortinado do centro da cidade do Rio de Janeiro os seus lindos aviões Convair e YS-11 na pintura antiga, imaginando de como seria estar tripulando um deles algum tempo depois porque já fazia um cursinho para comissários na Urca na parte da tarde. E como foi divertido aquele tempo que passei no meio de moças e rapazes da nova geração coca-cola, das moças de saias curtas, cabelos cortados sem regras nos cortes, língua solta, fumando e falando palavrão. E como foram instrutivas as aulas dos meus instrutores Gonçalves e Poty, tão sacanas como nós.
         Foi tempo de noitadas depois das aulas gastas em boates com aquela gente alegre e permissiva, ou finais de semana sempre no apartamento de uma das garotas dando uma festa privada.  Ali começava nosso sonho de voar, o nosso paraíso.
         Foi um caso de amor, de paixão, de dedicação extrema e muita vontade de vencer, suplantar, me tornar como me tornei, o melhor dos melhores na consideração de toda uma chefia, e nas palavras de seu próprio presidente embora eu fosse somente um comissário auxiliar. Eu seria, naquele tempo e por amor, capaz de voar sem pagamento, não  almejava ou pensava nas folgas que eram muitas, mas sim nos dias em que estaria dentro de um de seus aviões tripulando,  trabalhando, servindo passageiros que me encantavam enquanto também eu os encantava. Eu sentia um prazer imenso em vestir àquele uniforme azul marinho, pegar aquela mala que nem era exigida de padrão e ir para o aeroporto, entrar naquele novo mundo especial que a aviação me abriu as portas, esquecer que era Jorge, para ser apenas, Curvello. Aquele era o tempo do glamour de se voar, tempo de bons salários, boa comida a bordo, bons pernoites com tempo para descansar e divertir, boas amizades porque na Cruzeiro do Sul formávamos uma família de verdade, sem ser italiana, mas bem brasileira, família que sacaneava unida e permanecia unida.
         Na Cruzeiro em que voei não havia escalão, éramos todos iguais, chefes, patrões, subalternos, o importante era fazer um bom serviço, deixar passageiros satisfeitos e nada mais era cobrado, nem feira, nem muamba, nem vida particular pecaminosa ou agitada nos pernoites. E não havia fiscais de bordo e nem eram necessários, havia sim sempre à vontade de trabalhar porque trabalhar ali, era bem divertido. Nossa chefia se preocupava mais com os lucros, ou se fazia isso eu não sei, mas nunca interferiam em nossas vidas, e os subchefes eram mais amigos do que patrões. O importante para a empresa era ter a bordo o número certo de tripulante, avião funcionando, e o mais possível dentro do horário, e muita, mas muita simpatia, e descontração, quer nossa, ou do usuário.  Tanto nos YS-11 onde comecei a trabalhar como depois nos jatos Caravelle,  ou ainda como tinha notícia n era o trabalho dentro dos últimos Douglas DC-3 e aviões anfíbios Catalinas voando na região norte, o ambiente era o mesmo Todos os comandantes na maioria eram simpáticos e amigos, faziam questão da presença total do  grupo nos jantares, farras e até nos quartos de hotel porque lá, nos hotéis se todos hospedados no mesmo andar, não ficava uma só porta de comunicação entre os quartos fechada, o ninho era uma enorme e animada suíte. E isso não significava libidinagem, mas sim muito respeito entre todos.
         Eu jamais esquecerei de meus colegas, alguns comissários como eu, outros co-pilotos, rádios operadores, comandantes e até gente da Sata, empresa de carregamento e limpeza de aviões,. Eu jamais esquecerei de despachantes de vôo dos aeroportos onde pousávamos, gente da gerência sempre amiga e compreensiva e a bordo falo de gente como Marlene caixa d´água, Esterlina, Gonçalves, Marta Maria, Poty, Márcia, Vera Seta (hoje atriz), Zeneide, Alzira Tâmara, Edísio,  Lourdes fenemê, Carmem Arara, Ratinho, Ribeirão o grosso, Gilmar, Nilzinha (falecida no desastre de São Luiz do Maranhão), Nilton, Macedo, Édio, Alvarez, Therezinha cauda baixa, Maneco, esses e tantos outros que hoje me falha o nome na memória, gente que sabia voar, trabalhar e divertir conjunto, ter responsabilidade e não ter medo, confiante em seu valor para a empresa e respeito mútuo.
         Meu primeiro vôo foi desastroso na companhia de um instrutor enamorado de uma colega também sendo checada, uma diaba de saia que somente entrou para o vôo para transar (e ela  fez isso em três meses a mais do que muitas em anos de aviação), porém as demais foram viagens ao paraíso a bordo de aviões hoje obsoletos, mas que dominaram os céus daqueles anos. E assim voei por mais de três anos naquela delícia de Cia que até hoje relembro com saudade porque foi ali que aprendi a voar, ser profissional sem deslumbre, um verdadeiro comissário de bordo.
         Era mais do que gostoso acordar pela madrugada, me aprontar e ir para o aeroporto ainda antes do primeiro clarão do dia e lá sentir o cheiro de gasolina  exalando dos aviões, sentir o cheiro do café sendo coado a bordo,  depois em vôo acima das nuvens ver o sol brilhar. Era gostoso retornar para casa carregado de frutas, bugigangas compradas nos pernoites, feira de bordo ou que fosse até muamba porque lá aprendi a me virar como todo bom aeronauta,  Era delicioso ser comissário de bordo dos Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul.
         Para ser justo, foi a Varig que me deu tudo o que tive depois, e até parte de uma aposentadoria justa  antes de o Aérus nos deixar de pagar. Na Varig eu aprendi muito mais do que na Cruzeiro do Sul, mas ali era aluno ou serviçal sempre e não me sentia em casa porque normas e deveres impediam, Foi na Varig que voei mais tempo, que aprendi o verdadeiro serviço de bordo quer de nossa parte como da empresa, lugar onde fiz novos amigos e os conservo, mas não posso dizer que amei a Varig, não como amei e continuo amando na recordação a minha Cruzeiro do Sul.

Cmro Curvello: N.A.B. - Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul - Varig