quinta-feira, 7 de novembro de 2013

QUANDO FICAMOS VELHOS.

 
Há, criado pela sociedade dos homens a separação pela idade em que vivemos, assim sendo, bebê, criança, adolescente, adulto.  E quando nos tornamos adultos seguimos para, maduros, idade do lobo (as) e inexoravelmente, a terceira idade que quer dizer em tradução da gentil frase, velho. E então começa o drama do ser humano, velho, onde tudo começa a terminar, lembranças começam a se apagar, atos começam a deteriorar, mudar, transformar, capacidades começam a diminuir, falhar, e então somente quem está lá, dependendo de como o cérebro está, poderá avaliar o que vale, valeu ou valerá esta triste existência humana de tão poucos anos se considerado pelo infinito.  É onde se começa a pensar e é necessário julgar para poder continuar, velho,  mas sendo feliz.
Quando velhos se com cabeça boa, começamos a achar a vida uma porcaria, algo que está sem data para terminar e sempre sentindo que pode ser agora, daqui a pouco, amanhã, no mês que vem, ou ano, e sabe-se lá quando vai terminar. E então, se com cabeça boa, acho chegada à hora de nos libertarmos dos grilhões impostos ao longo de toda a existência, o tal do pode e não pode, é bonito ou feio, digno ou indigno, certo ou errado.  Dali pra frente valerá o que acharmos ser o certo porque atrás de nós sempre prevalecerão as condenações.
 Há os velhos que reclamam da vida, das pessoas, dos parentes, amigos, netos, filhos, todos que nos abandonam, esquecem, ou evitam, há os que não se conformam e isso é ruim. Mas se ele parar para pensar que quando novo foi igual isso suaviza. Mas também há os que aceitam em uma boa, conseguem sobrepujar essa agonia e continuar seguindo, deixando de lado julgamentos e críticas, aturando desentendimentos e incompreensões, mas esses felizes velhos vivos são muito pouco.
 A verdade é que coisa velha, sempre ao longo da nossa vida sempre as jogamos fora, guardamos ao desuso, seguramos como lembrança apenas do que foi e não é mais. Foram roupas, calçados, objetos vários, foram amigos, parentes, vizinhos e correlativos, todos deixados para trás ao bel prazer de nossa concepção do válido para continuar. E isso foi por toda a vida.
Quando novos, achávamos o velho uma coisa sem valor, fora da importância, descartável, mas agora enquanto velhos ou mais envelhecendo a cada segundo, minuto, hora, dia, mês e anos, começamos achar que somos desprezados, abandonados, deixados para depois, esquecidos de que isso fizemos com tudo e com todos ao longo da mesma vida que os novos hoje vivem para envelhecer depois.
 A velhice é triste, é fato, mas é seguimento da vida e então que seja lúcida, devendo ser improvisada sem queixas, com abnegação, suporte e aceitação para melhor ser vivida e aproveitada. Que os novos fiquem lá com seus valores, que nós os velhos fiquemos cá com nossas lembranças, nostalgias, saudades, vida limitada, bronquites, tosse, peidos, catarros, cheiros, mas a nossa vida, vida real, ainda pungente mesmo se amarelada, capaz de ainda nos dar prazer se nos sentirmos jovens. Vida capaz ainda de nos deixar ver e entender que somos aquilo que não prestava mais e jogamos fora no passado, aquilo que não interessa mais a outros, mas muito a nós mesmos, ao que somos pelo que fomos, ao que seremos pela alegria de continuar vivendo mesmo assim.  Lá se foram os anéis, mas ficaram os dedos, se foram os que amamos, mas ficou esse amor, se foi o sonho, mas ficou a realização de muitos, mesmo que hoje com mais nada.  Lá se vão os anos, mas continuamos sendo nós aqui e agora, velhos sim, mas inteligentes para assim ser e ainda poder ensinar. 
Nada de cantar “Tristeza, não tem fim”, mas sim mostrar aos velhos de amanhã o exemplo do que é saber viver, envelhecer e ser um velho, e este sou eu, que fui novo, que sou velho agora e que enquanto vivo espero ser até morrer.

 Por Curvello




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