domingo, 19 de junho de 2011

O DILEMA DE UM VELHO

Aqui estou eu novamente sentado diante de um computador, meu amigo e companheiro de horas de solidão, me divertindo. E aqui estou eu, emborrachado depois de uma noite passada em um bar, bebendo todas sem medo ou complexo, mas sem perder o juízo. E então penso:
Quem estará mais certos nesta vida, os médicos ou o cidadão? Pobre cidadão com quem me relaciono neste meu ocaso de setenta anos vividos, gente velha como eu que, meio inculta e por distração me pega conversando com eles por não ter mais com quem, porque não gosto muito de velhos para me relacionar preferindo os jovens porque jovem é sonho, alegria, invenção e divertimento, enquanto velhos significam nostalgia de coisas que jamais tornarão a ser como foram mesmo se voltarmos a viver tais lembranças e porque os velhos não sonham mais porque a experiência da vida mata o dom do sonho artificial. Mas escuto o que eles dizem a respeito de nós, os velhos.
Se vou ao médico ele me diz para não fumar porque isso mata, não beber porque isso acaba com a gente, não dormir tarde porque precisamos de oito horas de sono, não comer disso ou daquilo e até se trepar, tomar Viagra. Se eu ouço a esses velhos eles me dizem que se não beber, se morre do mesmo jeito, se não fumar, acaba-se morrendo da mesma maneira, se dormir muito a vida passa e se não se comer o que se gosta, ficamos na saudade e, quanto a Viagra, poucos deles conhecem a droga afrodisíaca por aqui.. Que dilema!
A verdade é que os dois têm razão, são sábios cada um da sua maneira, um por estudo que não garante a veracidade porque eles mesmo adoecem e morem sem saber quando isso acontece, o outro pelo que a vida lhes mostra na impossibilidade de estudar e saber, ou pensar que sabe, pouco a vida então vindo a lhes ser cara, e sem lhes garantir a longevidade. E em cima do muro, estou eu sem saber para que lado pular.
O que penso nestas horas silenciosas da madrugada é que o melhor a fazer e mesmo fazer de tudo um pouco, não fumar, mas fumar controlado, não beber, mas tomar algumas, dormir cedo em dia de semana e tarde nos finais. E assim sou jovem outra vez, desafiando a vida, e assim sou velho tendo prudência, e acho que esse sou eu, apesar do dilema que continua porque, sinceramente, se não sabemos quando, onde e vamos morrer, não adianta mesmo tentar evitar a morte e o melhor e com ela não se preocupar.

Por Jorge Curvello

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