domingo, 8 de janeiro de 2012

HOJE ESTÁ TUDO RUIM, MAS AMANHÃ MELHORA. AFINAL, EU SOU BRASILEIRO.



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            Hoje acordei com a macaca, com desilusões, angústia, previsões más, enfim tudo para estragar meu lindo domingo. Começou ontem, ou melhor há dias atrás com a mulher de bico sem saber o que quer da vida, se eu, a casa, a vida que leva, as filhas, netos, nada, uma porra só. À noite, depois de lhe ver largar o couro na casa, tentei diverti-la a levando a um boteco do lugar, a única coisa possível nessa minha situação financeira atual e prisioneiro do bairro do nada. Sentamos no boteco pedi uma cerveja para ela  e eis que surge uma boneca morena safada, daquelas que chegam e sentam no colo de homem, juventude louca sem bandeiras ou fronteira, mas apenas minha conhecida e dela também, diferente de nós velhos ou ela velha já que eu me considero moderno e acompanho gerações. Bastou à menina dizer alô para mim e o bico dela cresceu, emburrou, acusou sorrateiramente a garota de abusada, disse que era falta de respeito a ela ali comigo, enfim criou um caso quando não haia motivo. Voltamos para casa e fui dormir.
            Hoje acordei com a macaca, tentei ouvir música e acabei chorando sem motivo pela emoção das melodias (simples músicas do musical Hair), besteira de organismo fragilizado, pensei na vida e vi esta merda que vivo depois que fiquei pobre sem o que paguei para gozar na velhice, minha aposentadoria complementar surrupiada pelos ladrões, o órgão pagador e nossos governantes. Recordei tudo então que vivemos atualmente, a nossa televisão de merda sempre com má notícia em destaque, má programação, mau comportamento informativo (diz que vai chover e faz sol, diz que vai fazer sol e chove), pensei no custo de vida arrepiante aos  de pouca renda, na violência que reina na terra, no desamor ao próximo, no clima diferenciando do que fui acostumado a ter, no futuro sem esperança a não ser de viver a vida que Deus deixar, e foi aquele horror, me fazendo desligar a música e ir chorar mamando pau de rato (bebida misturada) em um botequim de quinta. E a tal chuva de enchente e ventos ameaçada pela meteorologia começou a cair, pingos soltos que nem vingavam no asfalto.
            Voltei pra casa, entortado, driblando o caminho em passos cambaleantes sob efeito do Rum com coca cola, o saco de plástico com a mamadeira fatal vazia, a carteira sem vintém, e eis que passo por minha mulher, linda e cheirosa dizendo-me que ia sair. Fiz um aceno com a mão e em casa sozinho caí na cama e dormi.
           Acordei e o domingo maldito ainda não acabou,  Sinceramente, depois de despertar com o juízo no lugar fiquei achando melhor ela ir e se divertir, achar um negão que é o que diz gostar em homem (eu sou branco e velho) e quem sabe  o gajo dar a ela a liberdade que busca e a minha de volta, os dois partidários de anos juntos que valeram enquanto durou e que hoje mais parece feijão com arroz envelhecido e prestes a azedar. Porém tenho certeza de que não será assim, ela não vai arranjar negão algum, vai votar e começamos amanha tudo de novo, pra minha angústia porque da vida o que mais prezo é felicidade, música, diversão e carinho, e o resto não importa.
            É, mas o ano é 2012 e dizem os velhos Astecas mumificados em sepulturas escondidas que é o ano do fim. Mas que fim, o da angustia ou do mundo? E será uma nova semana de esperança nesse nosso Brasil pérfido e mentiroso, corrupto e ladrão, de angustias mil e tristezas,  e só me resta como bom brasileiro esperar a banda passar e levar pro brejo tudo de ruim, me trazendo a paz que me roubaram ou perdi e já nem sei onde anda afinal, mesmo dissimulada.

            HOJE ESTÁ TUDO RUIM, MAS AMANHÃ MELHORA. AFINAL, EU SOU BRASILEIRO.




Por Jorge Curvello

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