sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NOITE DE PAZ, NOITE FELIZ


        Um desejo humano que vem ultrapassando gerações, mas que infelizmente se resume a mentiras, ilusões e na maior das vezes gastos desnecessários com presentes, comida e bebida para depois estragar ou ser jogada fora. Esse é o natal dos brasileiros de hoje. A televisão e seus comerciais em notícias atiçam, as famílias planejam, fazem, e o que resta no dia vinte e cinco, é desilusão. Foi fulano e beltrano que não veio ou não pode vir, que bebeu demais e estragou a comemoração, foi o silêncio e sono dos presentes desanimados, foi aquele brado de feliz Natal que sabemos ser rotulado.É o natal dos brasileiros, o meu natal. e sei lá de quantos iludidos de cada novo ano.
        No passado não foi assim e o que presenciei era festa em todos os lares, da mais sossegada a mais agitada, gente trocando de casas no meio da noite, visitando vizinhos para aquele copo de vinho e conversa boa, comendo da mesa, depois indo para outra casa fazer o mesmo. Era o baile que no final das visitas se abria em uma das casas, e a de minha mãe era a escolhida (êta mulherzinha alegre e festeira), rolando solto em pares na sala de jantar desfeita das mobílias para dar espaço a todos, era música, aturar bêbados sorrindo, era confraternização de abraços mais sinceros e quentes, não os frios votos de hoje mandados em E-mails porque cartão de natal já não é usado.  E lá íamos nós, velhos, novos e crianças na ciranda do efeito de Noite Feliz, satisfeitos ou não com os presentes que um sapato na janela garantia,  sapato que hoje já não se coloca mais ou pode até ser roubado.
        Relembro aqueles anos com saudade e choro, revejo meu pai e minha mãe dançando, maxixe, valsa, tango, bolero,  orquestras e muito samba no final porque o carnaval estava se aproximando. Revejo a mesa farta, fosse com peru ou galinha, pernil ou pedaço de bacalhau ensopado com batata, arroz, e o prêmio dos coquinhos de natal, garrafas enfeitando a mesa e abertas no canto, copos sujos ou se enchendo, porres, amores desabrochando, abraços, perdões, votos, felicidade, felicidade de rico ou pobre.
        O Papai Noel nunca era visto, apenas apareciam na ilusão e deixavam presentes, desaparecendo sem que o víssemos, hoje grassa pelas lojas e portas, aperta mãos recolhe crianças nos braços, crianças que sonham hoje e irão encontrar esse mesmo Natal ou pior, no amanhã. O peru anda caro e vem em galo chamado Chester mesmo, a comida rareou e a bebida é cerveja mais do que o  bom vinho ou licores, as mesas se ainda fartas não tem gosto porque é comida pronta e sem amor. E na cara de todos o cansaço porque muitos trabalham nesta noite até tarde, saem para aproveitar e morrem de sono. Cadê o Natal, cadê a Noite Feliz?
        Alguns como eu não mais viveram essas noites, ou pelo trabalho ou pelo abandono dos seus que somente sabem usar linha telefônica ou e-mail para desejar feliz natal. Ah como isso dói.
        E os anos se sucedem e a mesma ilusão começa a acontecer desde os primórdios da datas, muita propaganda, incentivo a gastar nas lojas, mentiras que ninguém mais sente porque o Natal mesmo, ficou na saudade, desapareceu do coração dos brasileiros e se teima ainda em ficar, é para sofrer desilusão.
        Este ano vou gozar meu Natal com os maiores amigos dos homem, os animais e minhas cadelas vão ser as mais abraçadas e homenageadas, duas fofas malucas, duas gostosuras quem me lembram a ilusão do antigo Natal.

        Ainda assim... Feliz Natal para você!

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