quarta-feira, 9 de novembro de 2011

LAÇOS DE FAMÍLIA

                            


        “Muita das vezes a falta de sentimento de laço de família se camufla na falta de outros empecilhos para se conviver com alguém”.





                                       FAMILIA

        O que deve ser julgado uma família, um pai, uma mãe, filhos e depois netos e por conseguinte todos os que descendam do mesmo sangue? Assim nos ensinaram a considerar o que é família e sendo parentes, os descendentes ou ascendentes dessa família em suas diversas ramificações.
        Muitos consideram seus parentes, seus próprios dentes e muitos têm razão. Por vezes, amigos não parentes são mais parentes do que os de sangue ou descendência são.
        Mas há os que têm família de verdade onde existe união, ajuda, compreensão e socorro a qualquer hora ou por qualquer motivo sem julgamento, isso porque o amor exige. Há os que sentem ser família somente pela metade assim considerando a sua, a de casa, e os demais apenas parentes e com o qual não se tem dever de obrigações. E há os que nem assim sentem, os desunidos cujo parentesco é somente o nome que recebe ou o laço de sangue.
        Mas todos os três tipos se dizem ser família, se julga família, mente sentir a todos como família.
        Uma coisa eu observei ao longo de minha vida familiar, a de que parentes são mesmo os dentes, ou amigos que nada têm conosco a mais do que amizade, sentindo mais nossas dificuldades do que os que assim deveriam e que para dar ajuda primeiro fazem julgamentos nem sempre acertados. Eu, enquanto tive dinheiro, fui elogiado, bem tratado e muito procurado, minha casa sendo centro de diversões e reuniões, festas e prazeres que se estendiam para a rua em jantares, bares, discotecas, passeios e festas do alheio ou dos conhecidos, enfim todos mos lugares onde se gastava dinheiro em nome  da alegria.
        Eu tinha para gastar e provava isso não poupando, pagando contas sozinho ou garantindo festas em casa sem me importar com rachas ou ajuda de custo. E nos rachas, quando havia por necessidade de eu não haver convidado e sim sugerido de reuniões no meu lar, tinha que pagar a parte que me cabia ao número divisor, sem que ninguém perguntasse de quanto ficava despesas de gás, luz ou limpeza porque o que entrava na conta era a comida e a bebida. E não é preciso falar que eu saia no prejuízo.
        Minha casa vivia sempre cheia, com amigos me visitando para almoço ou final de semana, meus garotos namorando traziam suas namoradas que praticamente moravam em minha casa nos dias de sábado e domingo, e toma de eu pagando todas as contas sem pedir racha a ninguém. Mas bastou porém que eu exigisse mais contribuição nas despesas para todos irem desaparecendo, sumindo, dando desculpas esfarrapadas e aos poucos deixando eu e minha companheira sozinhos e que se quiséssemos ver alguém, tínhamos que procurar.  E assim testei no meu primeiro casamento ou primeira família e agora na segunda vivendo com outra mulher.
        Hoje vivo a sombra do que fui ou pude ser, sendo um João ninguém pois o destino assim quis, somente tendo para comer e pagar contas. E aonde então foram parar meus amigos e a minha família?  O que mais escuto se pergunto, é que não há tempo para visitas, não há dinheiro para ofertas, não há possibilidade de ajuda, enfim que a vida está difícil e agora é cada um por si.  E pensar que deveria ter previsto e me preocupado e poupado mais enquanto esbanjei em nome  de minha família.
        Mas ao contrário do que possa parecer em meu desabafo, não culpo ninguém E não cobro a ninguém tanto afastamento, procuro compreender que o que falta não é a possibilidade financeira ou tempo ou à vontade de algum sacrifício, mas sim o amor de família, sentimento de família, aquele que me refiro na primeira instância de minha filosofia, a família de verdade porque falta o laço.
        Recentemente visitei uma dessas famílias de primeira instância, gente que conheço a bom par de anos e é sempre igual, formada e vivendo em um mesmo terreno sob estreitas partilhas de espaço, pais, filhos, primos, tios, netos, todos se reunindo por qualquer motivo, seja domingo, sábado ou dia da missa, todos juntos se confraternizando e se divertindo sem pensar em valores, dinheiro, prejuízos, isso porque vale para eles o momento, o riso, a alegria e a felicidade no lugar de futuras preocupações. Ali uma mão sempre lava a outra e ninguém deixa de estudar, trabalhar, comer e viver como qualquer um mesmo se com pouco ou nada porque se um tem, todos tem. E lá, naquele ambiente humilde quase favela eu provei a alegria de me sentir querido de fato, estimado de fato, ambicionado de fato porque de todos eu era o menos capaz de poder ajudar até com um real, mas tinha a honra de ser oferecido da melhor parte do pão à mesa como se fosse um rei sempre desejado da presença. Ali eu vivi o sentimento familiar, o que acho deve ser o verdadeiro laço, o LAÇO DE FAMÍLIA.

        E ao retornar de um fim de semana glorioso me pergunto. E a minha família, onde anda depois que fiquei pobre como aqueles que acabava de deixar?


Por Jorge Curvello

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