quarta-feira, 5 de outubro de 2011

ATORES OU MONSTROS? FINA ESTAMPA








        A palavra monstro antes entendida como algo abominável, feio,  atemorizante e mau, hoje possui conotação diferente servindo também para expressar o supremo de alguém no que faz ou o que é. Para tal classifico assim alguns atores hoje brilhando nas telenovelas da Globo, tais como Cássia Kiss, Cristiane Torlone, Marcelo Serrado e Lilia Cabral, destacando-se soberbos acima de outros que também deles se aproximam quando lhes entregam papéis condizentes. Não posso esquecer também, como comediantes em uma série as duas atrizes, Fernanda Torres e Andréa Beltrão, que dão um show nos personagens de Fátima e Suely, duas vendedoras de loja em Copacabana, mas moradoras de subúrbio com costumes de zona sul que se diferenciam dos demais colegas nas tramas em série de Tapas e Beijos como duas amigas enroladas com seus namorados que transmitem muito mais, transmitem naturalidade e perfeição de duas desmioladas. As duas assumem os papéis com tanta naturalidade que parecem estar brincando uma com a outra.
        Cássia Kiss, sempre excelente atriz se supera ao máximo e em todos os capítulos no personagem de uma mãe rústica da novela das seis que abandonada pelo marido ainda jovem e com um filho, cria este filho com esforços e é por ele humilhada, depois dando o perdão de mãe e enfrentando tudo que vem com coragem e abnegação e muita força. A falta de maquiagem,  as expressões, a interpretação do texto, tudo nela é grande, monstruosamente tocante e decididamente antes desse personagem ela jamais interpretou dessa forma papel algum.
        Cristiane Torlone, velha conhecida e bela atriz nos traz em Fina Estampa, novela global que vai ao ar as vinte e uma horas nos mostra uma quase esquizofrênica granfina, impiedosa e mandona, mas capaz de amar e sofrer como todo mundo e nas duas facetas desse personagem, a má e a humana, ela arrasa. Dignos dela são os apelidos dados pelo seu mordomo Clô, personagem de Marcelo Serrado, tais como Pitonisa do Nilo, Rainha Núbia, Esfinge faraônica e outros ligados a personagens da história citados como impiedosos e poderosos, assim  como também, belos. Cristiane passa de um para outro em segundos e suas expressões faciais comovem tanto quanto podem irritar, sem falar na tonalidade de voz adquirida e na pronúncia das palavras..
        Lilia Cabral é a rainha, ou monstro de interpretar na mesma telenovela, uma mãe criticada por um filho que era seu preferido, humilhada por ele e por Cristiane Torlone,  uma mulher sem vaidade que se metamorfoseia de homem por força da profissão adotada se autodenominando de Pereirão. Grizelda, seu nome de batismo, é quase um homem sem ser, que usa macacão e faz serviços masculinos, que sabe ser mãe como ninguém e sofre por isso. As expressões faciais dessa atriz e sua forma de interpretar os textos nos levam a tirar o chapéu de tão presos a ela e emocionados que ficamos a cada impasse
        Marcelo serrado, pela primeira vez, assim eu acho, é visto interpretando um homossexual que completa com um visual trabalhado e uma perfeição incrível a bicha servil que agrada enquanto esnoba a gregos e troianos somente para viver momentos de um mundo que  não é o seu, boneca que adora sem poder pertencer o status do high society, esquecendo até de si em nome de estar dentro dele. Não é estereotipado, é único, desde o topete dos cabelos até a forma de andar e vestir, e nos traz a imagem perfeita em tudo desde a fala ao visual de uma boneca adulta, inteligente, mas submissa, que ama enquanto odeia, um parasita de quem pode lhe dar o status que fora da society não conseguiria viver. Ele é um capacho, é um covarde, é um humilhado e servil, mas o ator é um monstro na forma de interpretar tudo isto.
        O diretor Wolf Maya atuando como marido do personagem Zambezy, personagem de Totia Meireles também está magnífico na naturalidade como interpreta tal personagem, fugindo ao estereotipo de outros que interpretou.

        Mas tudo isto, eu penso, no caso de Fina Estampa, se deve ao brilho do autor Silvio de Abreu e dos diretores também, o autor criando uma novela com diversas menções da humanidade real, com  textos modernos e bem trabalhados, ricos, e bastante capazes de dar ao ator a chance de criar expressões faciais, uma obrigação de quem escreve. Porém o brilho e louvor maior fica mesmo com os atores, na novela muitos sendo merecedores de elogios, mas estes que citei superando, mostrando ser verdadeiros monstros na arte de atuar se a palavra permite.
        A atriz Eva Wilma também entrou na novela e vamos ver como se destaca uma vez que sempre foi também um monstro de interpretação.

Por Jorge Curvello


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